Eduarda

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Depois disso ficou um clima horrível na sala. Lia ficou morrendo de vergonha e o João ficou com a maior cara de bunda que eu conheço. Giulia terminou o café dela e disse que tinha que ir para o consultório, saiu, cumprimentou o João e a Lia por alto e o clima pareceu ficar mais pesado ainda. Eu fui para o meu quarto e o Rael ainda estava jogado por ali. Me deitei ao seu lado e tirei alguns fios do seu rosto, o acordando na mesma hora. – Aí, desculpa.
Ele se remexeu na cama.
– Que horas são? – ele perguntou. – Ainda tá cedo.

– Que cedo, garoto? – dei uma risada – São quase dez horas da manhã.

– Madrugada ainda.

Ele levantou, foi fazer as higienes dele e tomar um café da manhã. O clima pareceu pesar e o Rael estranhou a Lia por ali e não a Giulia. Ele voltou para o quarto e eu estava assistindo qualquer coisa na televisão para me distrair.

– Meu irmão tá vindo pro Rio – eu comentei enquanto mexia no cabelo do Rael. Ele mumurrou. – Ele muito abusado, por sinal, disse que vai morar aqui comigo.

– Ué – ele me olhou – Ele dorme aqui contigo. – ele deu de ombros – Vai deixar teu irmão na merda?

– Não, Rael. – rolei os olhos – Meu irmão não sabe que eu moro com vocês dois, entendeu? Ele acha que eu moro com mulher e não com dois homens.

– Entendi – respondeu – O que você vai fazer? Vai falar que nós dois somos gays?

– Não, idiota – dei uma risada – Giulia vai dar uma moral pra mim e meu irmão vai ficar lá na casa dela por um tempo. Eu vou falar com ela que meu irmão vai ter que ajudar com as coisas da casa.

– Qual foi da Lia dormir aqui? – ele me perguntou e eu dei de ombros. – João não estava ficando com a Giulia?

– É, pelo o que eu sabia – dei de ombros – Aí, eu também não quero me meter nesse rolo não, Rael.

– Rolo já basta o nosso, né não? – ele chegou perto de mim e cheirou meu pescoço. Eu me arrepiei inteira e apertei os olhos dando um sorriso. – Bora sair hoje?

– Vamos. Pra onde? – me animei.

– Vamos sair pra jantar, curtir um pouco...

– O que você quer, Rael William? – Eu apertei os olhos e ele deu uma risada. – Você está querendo me comprar com comida, né?

– Mais ou menos – ele respondeu com um sorriso maroto – A gente janta, da uma volta pela cidade de boa.... fica tranquilo a noitinha – ele comentou baixinho comigo. Eu mordisquei os lábios. Era impossível negar o Rael quando ele fazia essa chantagem comigo.

– Vai ser ótimo! – eu comentei. Eu fiquei ali de grude com o Rael até o avô dele chamar ele e o João até o escritorio e eu ficar ali, jogada na cama, até resolvi dormir. Mas acordei com meu celular tocando, era o número do Eric.
— 📱 (Eric)
– Alô? – Eu atendi. – Já chegou?
– Sim, cheguei. – ele respondeu – Você pode me passar o endereço?
– Eu vou passar pelo WhatsApp. Tudo bem?
– Tá bom.
– Tá bom. Vou passar.
Desliguei a conversa com o Éric e entrei no WhatsApp e passei a localização do prédio. Ele disse que ia pedir um Uber até lá em casa. Eu vesti qualquer roupa e sai do apartamento. Giulia tinha deixado uma chave comigo porque eu sabia que o Éric ia chegar, a mãe dela não estava em casa. Arrumei algumas coisas até o interfone tocar e o porteiro liberar a entrada do Éric. Ele subiu e me encontrou no corredor.

– Desculpa por isso – ele me abraçou e eu concordei com a cabeça – Eu tenho uma notícia pra você. Não queria falar por telefone e por isso que não te disse nada.

– Entra – eu puxei ele para dentro do apartamento da Giulia e ele observou os detalhes.

– Porra, apartamento é massa mesmo, hein. – ele comentou enquanto olhava pela arrumação do apartamento da Giulia. – Sua amiga tá por aí? Ela não encrencou não? Você sabe que eu posso dividir o aluguel apartamento com vocês, uai.

Eu dei uma risada — Você pode ficar aqui por um tempo e ajudar a Giu com o aluguel, beleza? – ele concordou – Ela tá trabalhado, chega do consultório tarde e eu só te peço pra não bagunçar nada, por favor, ela já está te fazendo um favor enorme.

– Entendi – ele respondeu – Onde você dorme? Posso dormir contigo.

Eu respirei fundo e botei um sorriso no rosto. Sorriso de nervoso mesmo. – Eu nao moro com a Giulia.

Ele cerrou seus olhos azuis e me olhou como se eu fosse alguma doida. Deu uma risada. – Ué, você mora com quem?

– Eu moro na casa do lado com dois homens.

– Que? Desde quando isso? – ele perguntou sério.

– Desde que eu vim pro Rio. Eu sabia que minha mãe nunca ia me deixar vir para cá se eu contasse pra ela que eu moraria com um amigo e não uma amiga – suspirei – Deixa essa história baixa. Por favor. Eu juro, eu estou super segura lá.

– Entendi – ele comentou – Você tem certeza?

Eu concordei com a cabeça – Então tudo bem – ele disse. – Só fico chateado porque cê mentiu, né? — ele comentou.

– O que você tinha pra me contar? – cortei o assunto e ele me olhou.

– Eu consegui um emprego aqui no Rio – ele comentou e eu abri um sorriso. – Mandei meu currículo e eles me chamaram. Por isso que vim de mala para cá.

– Ah, que ótimo! – dei um sorriso – Cadê a Taiane?

– Sério que tu tá me perguntando disso, Maria Eduarda? – ele bufou e me olhou sério.

– Não está mais aqui quem falou – me rendi.

Fiquei ali um tempo conversando com o Éric e disse que a Giulia costumava a chegar por volta de dez da noite. Eu voltei para o meu apartamento porque eu ia sair com o Rael mais tarde e fui fazer uma hidratação no cabelo. Precisava estar pronta pois não sabia onde ele ia me levar hoje.

Me encantou demaisOnde histórias criam vida. Descubra agora