Rael era filha da puta demais. Ele conseguia exatamente tudo que ele queria. Ele veio na intenção de me mexer com a minha cabeça, conseguiu, de me beijar, conseguiu e agora ainda quer me ganhar com aquele violão. Acha que assim me compraria fácil e eu que abriria as pernas e chamaria ele com os dedos. Desgraça.
— Rael — Eu segurei sua cabeça e afastei do meu rosto. — O que você veio catar no meu quarto hein? — perguntei um pouco baixo em caso do João aparecer por aqui. Sei lá, ficaria muito sem graça.
— Eu vim catar você, Duarda. — ele cheirou meu pescoço. Meu bendito e fudido ponto fraco. Eu me estremeci feito doida e ele deu um sorrisinho de lado de aproveitar.
— Conta outra, Rael. — eu comentei e tentei me afastar, mas ele segurou minha coxa e me impediu de levantar.
— Tô falando sério, Duda. — ele respondeu — Você não queria que eu estivesse aqui? Só falar que eu ralo.
— Hm — grunhi — Você sabe que você veio aqui justamente para me comprar, né? — perguntei e ele deu uma risadinha. — Eu não queria que você fosse embora logo agora.....
Ele se deitou na minha cama todo espalhado parecendo um rei e me olhou de lado. Em seguida, bateu ao seu lado na cama me chamando. Eu respirei fundo e mandei o dedo do meio pra ele — Ah, Duarda. Se faz de difícil não. Eu nem estou me fazendo.
— Você não está se fazendo de difícil porque foi você que invadiu meu quarto essa hora da noite — respondi; cruzando os braços na cintura e ele resmungou.
— Vem logo, porra.
Eu fui até a cama e me aconcheguei ali. Eu estava numa fase de carência até porque estava longe de casa, da minha mãe, dos meus antigos amigos e até do idiota do meu irmão. Quer dizer, desse eu estava mais distante do que nunca. Eu não estava falando de quilômetros. Ele cheirou meu pescoço e eu me arrepiei inteira, mas também estava tensa demais. Ele notou — Qual foi, Duarda? Tá tensa aí.
— Pensando numas coisas — eu fechei os olhos e tentei relaxar. Senti os braços do Rael na minha cintura e me puxou para perto dele. Foi a primeira vez que um gesto do Rael não foi malicioso. Não teve malícia alguma nisso. Pelo menos foi o que deu pra perceber.
— Não pensa não, cara — ele sussurou no meu ouvido — Tá pensando no teu irmão, né?
Eu não respondi nada e ele estalou a língua — Se ele não acredita em você o problema é dele. Não tem justificativa, é só bater o olho na mulher dele para sacar que não é boa coisa. Forçada demais.
— Acho que meu irmão se cegou na ideia de que transa é química. Transa é amor. Não é só isso, sabe? Um casal não pode levar anos e anos só a base de transa e química.
Ele suspirou no meu pescoço. Eu dei uma risada. Eu não duvidava nada que ele estava cansado pra caraca e daqui a mais duas palavras ele ia dormir. — Rael? — chamei.
— Hm.
— Você tá me ouvindo?
— Aham.
— Não está — eu me virei para ele no ato e nossos rostos ficaram de frente um para o outro. Ele abriu os olhos e quando me viu deu aquele sorrisinho torto.
— Virou só pra ficar me olhando, né duarda?
— Quem veio bater na porta do meu quarto, Rael William? — suspendi a sobrancelha — Você é muito espertinho.
— Você gostou né, Duda? — ele mexeu no meu cabelo e botou uma mecha do meu cabelo para trás. Se não fosse o Rael seria clichê. — Deita aí, fica relaxada.
— Não consigo. — respirei fundo — ás vezes me bate um desespero eu não consigo dormir. Fico acordada enrolando na cama até ser vencida pelo cansaço.
Ele riu — Quando for assim bate lá no quarto, gata. — ele sussurrou novamente, mas dessa vez foi por conta do sono. Ele estava sonolento quase dormindo na minha cama e com as mãos enrolados em mim. Eu me virei para ele e tirei alguns fios que caiam na sua testa.
— Com o tempo a gente vai pegando diferenças entre os gemeos. Não digo só no cabelo. — eu comentei e ele deu um sorrisinho.
— Eu sou mais bonito, né?
Eu revirei os olhos e dei um tapa em seu braço — Você tem uma cicatriz na testa. Onde arrumou isso?
— João me empurrou no parquinho, eu bati com a cabeça no escorrega e levei dois pontos — ele respondeu ainda de olhos fechados. — Nesse dia foi até engraçado porque minha mãe estava discutindo com a mãe de outra menininha nem sei por qual motivo. Minha mãe é doidona.
— Sua mãe é foda — comentei — Essa mulher já passou por cada sufoco, Rael. Você sabe...
— Ela é a mulher da minha vida. Só não é por inteiro porque meu pai chegou primeiro e fez dela a mulher da vida dele — ele comentou dando risada — Na moral, eu to com muito sono e já estou falando merda.
— Ué, prefere ser o Rael que fecha a cara sempre, que adora me provocar na cozinha e falar gracinha pra mim? — eu perguntei e ele riu.
— Eu prefiro ser o Rael que tá dormindo aqui na tua cama. Pode ser?
Eu segurei o sorrisinho e por sorte ele não estava acordado para me ver segurar o risinho. Ele passou a mão pela minha cintura e beijou a minha bochecha enquanto eu passava a mão em seu cabelo. — Você mudou bastante coisa desde que chegou.
Eu fiquei sem reação mas eu já aproveitar seu momento de sinceridade. — Ah é? Mudei em que sentido?
— Pra algo novo. Fez uma bagunça — ele respondeu enquanto bocejava. Tirei alguns fios do seu cabelo.
— Fiz bagunça? Eu arrumei sua bagunça.
— Arrumou a bagunça da minha casa e fez uma bagunça gostosa dentro de mim.
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Me encantou demais
FanfictionSEGUNDO LIVRO DA TRILOGIA ''OS ACKLERS'' + 16 || Nesta história, Eduarda busca um novo estilo de vida diferente do seu estilo pacato no interior de Minas Gerais. Uma menina criada com todos os conceitos de menina de cidade pequena, muda para o Rio d...