Eduarda

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Rael era filha da puta demais. Ele conseguia exatamente tudo que ele queria. Ele veio na intenção de me mexer com a minha cabeça, conseguiu, de me beijar, conseguiu e agora ainda quer me ganhar com aquele violão. Acha que assim me compraria fácil e eu que abriria as pernas e chamaria ele com os dedos. Desgraça.

— Rael — Eu segurei sua cabeça e afastei do meu rosto. — O que você veio catar no meu quarto hein? — perguntei um pouco baixo em caso do João aparecer por aqui. Sei lá, ficaria muito sem graça.

— Eu vim catar você, Duarda. — ele cheirou meu pescoço. Meu bendito e fudido ponto fraco. Eu me estremeci feito doida e ele deu um sorrisinho de lado de aproveitar.

— Conta outra, Rael. — eu comentei e tentei me afastar, mas ele segurou minha coxa e me impediu de levantar.

— Tô falando sério, Duda. — ele respondeu — Você não queria que eu estivesse aqui? Só falar que eu ralo.

— Hm — grunhi — Você sabe que você veio aqui justamente para me comprar, né? — perguntei e ele deu uma risadinha. — Eu não queria que você fosse embora logo agora.....

Ele se deitou na minha cama todo espalhado parecendo um rei e me olhou de lado. Em seguida, bateu ao seu lado na cama me chamando. Eu respirei fundo e mandei o dedo do meio pra ele — Ah, Duarda. Se faz de difícil não. Eu nem estou me fazendo.

— Você não está se fazendo de difícil porque foi você que invadiu meu quarto essa hora da noite — respondi; cruzando os braços na cintura e ele resmungou.

— Vem logo, porra.

Eu fui até a cama e me aconcheguei ali. Eu estava numa fase de carência até porque estava longe de casa, da minha mãe, dos meus antigos amigos e até do idiota do meu irmão. Quer dizer, desse eu estava mais distante do que nunca. Eu não estava falando de quilômetros. Ele cheirou meu pescoço e eu me arrepiei inteira, mas também estava tensa demais. Ele notou — Qual foi, Duarda? Tá tensa aí.

— Pensando numas coisas — eu fechei os olhos e tentei relaxar. Senti os braços do Rael na minha cintura e me puxou para perto dele. Foi a primeira vez que um gesto do Rael não foi malicioso. Não teve malícia alguma nisso. Pelo menos foi o que deu pra perceber.

— Não pensa não, cara — ele sussurou no meu ouvido — Tá pensando no teu irmão, né?

Eu não respondi nada e ele estalou a língua — Se ele não acredita em você o problema é dele. Não tem justificativa, é só bater o olho na mulher dele para sacar que não é boa coisa. Forçada demais.

— Acho que meu irmão se cegou na ideia de que transa é química. Transa é amor. Não é só isso, sabe? Um casal não pode levar anos e anos só a base de transa e química.

Ele suspirou no meu pescoço. Eu dei uma risada. Eu não duvidava nada que ele estava cansado pra caraca e daqui a mais duas palavras ele ia dormir. — Rael? — chamei.

— Hm.

— Você tá me ouvindo?

— Aham.

— Não está — eu me virei para ele no ato e nossos rostos ficaram de frente um para o outro. Ele abriu os olhos e quando me viu deu aquele sorrisinho torto.

— Virou só pra ficar me olhando, né duarda?

— Quem veio bater na porta do meu quarto, Rael William? — suspendi a sobrancelha — Você é muito espertinho.

— Você gostou né, Duda? — ele mexeu no meu cabelo e botou uma mecha do meu cabelo para trás. Se não fosse o Rael seria clichê. — Deita aí, fica relaxada.

— Não consigo. — respirei fundo — ás vezes me bate um desespero eu não consigo dormir. Fico acordada enrolando na cama até ser vencida pelo cansaço.

Ele riu — Quando for assim bate lá no quarto, gata. — ele sussurrou novamente, mas dessa vez foi por conta do sono. Ele estava sonolento quase dormindo na minha cama e com as mãos enrolados em mim. Eu me virei para ele e tirei alguns fios que caiam na sua testa.

— Com o tempo a gente vai pegando diferenças entre os gemeos. Não digo só no cabelo. — eu comentei e ele deu um sorrisinho.

— Eu sou mais bonito, né?

Eu revirei os olhos e dei um tapa em seu braço — Você tem uma cicatriz na testa. Onde arrumou isso?

— João me empurrou no parquinho, eu bati com a cabeça no escorrega e levei dois pontos — ele respondeu ainda de olhos fechados. — Nesse dia foi até engraçado porque minha mãe estava discutindo com a mãe de outra menininha nem sei por qual motivo. Minha mãe é doidona.

— Sua mãe é foda — comentei — Essa mulher já passou por cada sufoco, Rael. Você sabe...

— Ela é a mulher da minha vida. Só não é por inteiro porque meu pai chegou primeiro e fez dela a mulher da vida dele — ele comentou dando risada — Na moral, eu to com muito sono e já estou falando merda.

— Ué, prefere ser o Rael que fecha a cara sempre, que adora me provocar na cozinha e falar gracinha pra mim? — eu perguntei e ele riu.

— Eu prefiro ser o Rael que tá dormindo aqui na tua cama. Pode ser?

Eu segurei o sorrisinho e por sorte ele não estava acordado para me ver segurar o risinho. Ele passou a mão pela minha cintura e beijou a minha bochecha enquanto eu passava a mão em seu cabelo. — Você mudou bastante coisa desde que chegou.

Eu fiquei sem reação mas eu já aproveitar seu momento de sinceridade. — Ah é? Mudei em que sentido?

— Pra algo novo. Fez uma bagunça — ele respondeu enquanto bocejava. Tirei alguns fios do seu cabelo.

— Fiz bagunça? Eu arrumei sua bagunça.

— Arrumou a bagunça da minha casa e fez uma bagunça gostosa dentro de mim.

Me encantou demaisOnde histórias criam vida. Descubra agora