Passamos no mercado para ajudar o lerdão do Pedro a comprar as coisas pro churrasco. Tio Matheus veio com a gente para dar uma moral e a gente não comprar carne estragada ou coisa do tipo. Ele que cuidava do churrasco e nós éramos cem por cento nem aí. Só estávamos preocupados com a qualidade da cerveja e dos destilados porque de resto poderíamos até passar fome.
Eu andei com o carrinho na frente e fui botando os engradados de cerveja dentro do carrinho enquanto o Pedro estava com o Matheus comprando as carnes e eu, João e Caio vendo as bebidas. — Qual foi do desespero? — João gastou o Caio e deu um tapa nas costas dele.
— Ué, não entendi.
— Teu desespero curtindo as fotos da Eduarda, cara — João comentou.
— Ué, não fiz nada demais. Ela é gata, aceitou minha solicitação e eu não me aguentei.... Só tem foto de biquíni, toda gata.... — ele comentou e eu senti vergonha alheia. Parecia que tinha sido um comentário de um menino do primeiro ano do ensino médio, mas não, era de um cara barbudão e universitário. Parecia um punheteiro atrás de qualquer resquício de buceta.
Eu puxei um engradado e olhei para o João. Já estava andando pra caralho e mercado sempre me estressava. — Vai levar? — apontei para as cervejas e o João concordou rapidamente e continuou falando da Eduarda com o Caio.
— Pô, eu sei que vocês são amigos.... Mas tu nunca deu uma olhadas nela não. Nem que seja umas bizu até sem maldade — Caio comentou e o João ficou em silêncio — Claro que ficou, mano. Nem tem como.
— O problema é que eu e Duda somos amigos pra caralho. Temos uma amizade fortalecida de tempos e eu não vou largar isso por buceta nenhuma — João comentou e eu dei aquela risadinha irônica. Por sorte eu estava de costas.
Matheus apareceu com o Pedro e com as carnes, linguiça, coração, salsichão essas paradas de churrasco. — Porra, madame já mandou mensagem aqui falando que eu estou atrasado para buscar a Clara no ballet.
— Vai lá, irmão — Pedro deu um toque nas costas do Matheus. Eles eram irmãos. Tio Matheus se despediu de geral e foi até o estacionamento enquanto a gente levou as coisas para passar no caixa. Eu já não aguentava mais ouvir o Caio falando de buceta o tempo todo. Eu fui passando as compras com o Pedro e depois que pagamos tudo levamos para o carro do João. Fomos para a casa do Pedro e a Tia Marcia que estava lá arrumando as coisas para o churrasco. Eu dei um beijo nela e a minha madrinha também estava lá, com uma cara amarrada e a Clarinha enchendo seu saco querendo comer biscoito.
— Clara, minha filha, não da para comer biscoito antes de você jantar. Seu pai já não te disse? — Jaque bufou.
— Papai — Clara choramingou para o pai.
— Maria Clara escuta sua mãe. — Matheus retrucou — Jaqueline não deixa ela comer antes do tempo porque da última vez ela te enrolou até dizer chega.
Eu dei uma risada. Os dois eram engraçados pra caralho. Tinham que ser amigos de faculdade dos meus pais mesmo. Ainda tinha a Tia Malu que estava viajando o mundo. Tia Cami vez ou outra eu via. Tia Marcia passou por uns problemas de câncer e depois que se recuperou não deixou a vida abalar mais. Casou de novo e com isso veio o Pedro.
Eu deixei as coisas na geladeira e o João ficou lá jogando conversa fora com o Matheus. Aproveitei para dar um mergulho na piscina mas fiquei lá pouco tempo. Me despedi de todo mundo era duas da tarde e fui direto para casa.
Quando abri o apartamento encontrei a Eduarda com um balde de pipoca no colo e chorando horrores com algum filme na televisão. Eu me aproximei e vi que era aqueles bem clichês que passavam trinta mil vezes na sessão da tarde que nem minha mãe chora. Eu sentei do seu lado e peguei a pipoca dela. Ela puxou o baldinho e me olhou. — Abusado! Faz a sua pipoca.
Eu dei uma risada — Egoista pra caralho, Duarda.
— Duarda? — ela perguntou e eu suspendi a sobrancelha.
— O que foi?
— Só meu irmão me chamava assim.... — ela pareceu focada na televisão e não me olhou. Me senti até mal depois que ela me contou que o irmão dela tinha se afastado por causa da noiva que era amiga dela e depois deixou de ser. Mó treta.
— Foi mal, aí....
— Não — ela se adiantou — Eu gosto desse apelido. É original.
— Hmm — grunhi — Você tá no pique de ir nessa calourada?
Ela negou com a cabeça — Acho que não. Isabela estava super animada mas depois meio que desanimou. Lia e Nicole a mesma coisa.....
— Pensei que ia rebolar a raba pra faculdade toda ver hoje... — eu comentei com um sorrisinho de lado.
Ela largou o balde de pipoca e me olhou — Pra faculdade ver ou pra você ver?
— Eu? — ri — Tá metida pra caralho hein....
— Ué, você que tocou no assunto rebolar a bunda — ela comentou com aquele ar debochado. — Não preciso de festa de faculdade pra rebolar a raba.
— Você pode rebolar a raba na hora que quiser que eu também não vou me preocupar — eu comentei com aquele ar safado e ela revirou os olhos. Passou por mim para levar o balde de pipoca para a cozinha e eu notei sua bunda. Era impossível não notar nela.
— Vai babar? Eu pego um balde pra não ter que limpar o chão. — ela respondeu com um tom super abusadinho. Isso me deixava intrigado pra caralho. Adorava esse joguinho.
— Pega um pra mim e outro pra você. — respondi.
— Porque eu precisaria de um balde? Não babo por você, otario — ela passou por mim e bagunçou meu cabelo rindo depois. Eu ajeitei o mesmo e olhei pra ela.
— Não é isso que sua boquinha responde quando a gente tá num clima bem melhor que esse.... — eu botei pilha e ela se encolheu e botou a mão nos braços. Ela estava arrepiada pra caralho com o que eu tinha dito. Eu me aproximei e como eu não era trouxa e muito menos idiota sussurrei no ouvido dela.
— Já viu aquele ditado de quem come quieto... — ela me interrompeu.
— Quem come quieto almoça e janta — Ela respondeu.
— Aham, ainda bem que eu sou um come quieto. Diferente do seu queridinho que estava já todo afoitado pra te pegar na festa do Pedro — eu fui sincero com ela. Eu não estava perdendo nada. Caio era exibido pra caralho e adorava contar vantagem. Ver ele se fudendo na seca hoje vai massagear meu ego pra porra. O melhor, ainda ia ter a Eduarda livre pra dar uns pegas no escondido.
Maria Clara Algarve Carvalho, 7 anos.
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Me encantou demais
FanfictionSEGUNDO LIVRO DA TRILOGIA ''OS ACKLERS'' + 16 || Nesta história, Eduarda busca um novo estilo de vida diferente do seu estilo pacato no interior de Minas Gerais. Uma menina criada com todos os conceitos de menina de cidade pequena, muda para o Rio d...