Rael

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Eu estava puto. Nicole saiu se metendo e apontando o dedo na nossa cara como se ainda fôssemos adolescentes de quinze anos que vivem a função de sexo e putaria e não adultos que sabem muito bem dividir a emoção do tesão. Eu já era bem grandinho e bem vivido para aceitar que ela me apontasse o dedo. Ela pode ser ainda nova, mas eu, não. Eu fui para a parte externa da varanda do quarto que eu estava e puxei encontrei um maço de cigarro em cima da bancada, tinha tempos que eu não fumava mas acaba sendo uma válvula de escapa pra mim. Eu peguei o isqueiro que tinha ali e acendi um cigarro e fui fumar naquela varanda. Consegui ter a visão total do pessoal na piscina. Nicole falou alguma coisa com a Isabela e pegou as coisas dela.

– Qual foi, Nicole? Já vai embora de cara amarrada? – Isabela perguntou sem entender. – Fala logo, loira. O que aconteceu?

Ela bufou e depois soltou toda a tensão – Esse churrasco ficou pesado demais pra mim.

Eduarda estava ali perto, com a Giulia e eu saquei toda situação. Se eu não descesse e falasse umas verdades também o circo ia se armar e despencar na cabeça de quem não tinha culpa alguma. Eu desci até a parte da piscina e a Nicole evitou contato comigo. Isabela sacou na hora que era algo relacionado a mim.

– Nicole, se você quiser eu peço um Uber – Giulia comentou – Eu pago pra você se você não tiver dinheiro. Vai pra casa sozinha nesse estado não.

– Eu pego um ônibus, Giulia. Obrigada pela preocupação! – Nicole diz num tom tão ríspido que eu cheguei a pensar que era para ofender a Giulia. Talvez até fosse porque essas duas não estavam se bicando desde que se conhecerem. Giulia levantou a sobrancelha e deu alguns passos para trás em sinal de ofensa.

– João, leva a Nicole – Eduarda se prontificou e o João concordou com a cabeça, mas antes do João se preparar para levar a Nicole para casa ela mesmo olhou na direção da Eduarda.

– Não precisa! – ela respondeu ríspida também – Eu pego um ônibus e em vinte minutos eu estou em casa.

Eu já estava de saco cheio. Apaguei o cigarro que nem era meu com o pé e olhei para a casa da Nicole. Se ela estava fazendo draminha desnecessário que pelo menos tivesse alguma razão. – Ô gente, chega de show, né? Tão oferecendo Uber, carona, até levar ela na cabeça e a menina tá aí falando que quer ir sozinha. Deixa ela ir sozinha – respondi enquanto a Eduarda abaixou a cabeça e a Giulia suspendeu uma sobrancelha falando "caralho".

– Tá de boa pra ir, Nicole? – Isabela perguntou a Nicole que concordou com a cabeça e pegou as coisas dela. – Vou levar ela no ponto, beleza? – Isa apagou o cigarro com o pé e saiu andando com a Nicole.

– Eu hein. Eu tentei ajudar a garota e foi toda ignorante gratuitamente – Giulia resmungou e a Lia ficou quieta. Acho que ela era a mais amiga da Nicole mas notou que a Nicole tinha ficado áspera assim do nada mesmo e não concordou com ela. – Eu vou cair nessa piscina.

– Aí, eu vou contigo, amiga – Eduarda disse e as duas entraram na piscina. Ficaram conversando e a Eduarda mudou um pouco do humor ficando mais tranquila. Isabela voltou e apontou com a cabeça lá pra dentro, eu enrolei com o dedo mas ela insistiu. Eu bufei e fui lá para dentro e a Isabela veio logo atrás.

– Se vier me dar lição de moral por conta da Nicole nem vem – bufei – Ela que ficou trocando as ferraduras dela com quem só queria ajudar ela.

– Não é da Nicole, peste! – ela me deu um tapa no braço e riu abrindo uma cerveja pra nós dois – Quando você ia me contar que estava pegando a Eduarda?

– Acho que não ia contar – fui sincero – Negócio era mó na encolha, na maciota e do nada a Nicole pegou nós dois bem na hora do meu boquete. – dei um gole na cerveja e respirei fundo. — Depois desceu falando uma cambada de besteira e querendo alfinetar qualquer um.

– Não é pela Nicole, caralho. Sou tua amiga e fui a primeira amiga da Eduarda.... Até a Giulia sabe e eu não — ela espremeu os olhos – Pensei que vocês não se curtiam, tinham suas diferenças e tu queria logo que ela rapasse lá da tua casa.

– Ué, desde quando eu curto menina que se parece comigo? – perguntei e a Isabela deu um sorrisinho.

– Então tu tá curtindo a Duda pra valer, né? – Ela deu um sorrisinho malicioso e me deu um beliscão. Eu resmunguei e passei a mão no local. – Eu sabia que não ia durar muito tempo para essa tensão "nós não gostamos um do outro" acabar com os dois fudendo pela casa toda.

– Mas é só isso mesmo – respondi e a Isabela concordou com a cabeça. Eu larguei meu copo de cerveja ali e parti com a Isabela para fora novamente. Giulia estava saindo da piscina enquanto o Marcelo parecia se aproximar da Eduarda. Isabela cutucou meu braço e eu olhei pra ela.

– Tá dormindo no ponto, Rael? – ela me gastou – Vai acabar perdendo a mamata hein. Mamata vai acabar.

– Eu não tenho nada a perder, Isabela. Da um tempo! – eu dei uma risada e encostei ali na pilastra. Fiquei olhando o Marcelo jogar piadinha para a Eduarda e ela nem tinha notado que eu a olhava. Quando ela percebeu, trocamos olhares e eu umedeci os lábios. Ela deu um sorriso de lado e riu de alguma coisa que o Marcelo falou. Ele não tinha cara de ser tão engraçado para fazer a Eduarda rir tanto, ou ela estava afim de pegar ele ou então estava tentando mostrar pra mim que outro cara estava na jogada. Se foi a segunda opção, ela acertou em cheio, não pensei que fosse me sentir incomodado mas eu estava. Estava incomodado pra caralho.

Me encantou demaisOnde histórias criam vida. Descubra agora