Eu senti um bagulho muito estranho com a Duda ali na sala. Estávamos na maior paz, num carinho gostoso e o irmão dela nem parecia se ligar para o que estava rolando. Duda quase dormia no meu colo quando a Giulia e o Éric decidiram ir embora já eram quase uma da manhã, guardei as caixas com as pizzas e acordei a Eduarda de vagarzinho. Ela resmungou algo que não dava para entender, peguei ela no colo para facilitar o trabalho e levei até o meu quarto onde coloquei a mesma na cama. Eu não sei porque instintivamente eu a levei para o meu quarto e não para o dela. Quando ela deitou na cama ela resmungou alguma coisa e sua mão encontrou meu peitoral, eu dei uma risada.
— Vai dormir, Eduarda. Tá nem se aguentando em pé de tanto sono! — eu falei e ela resmungou.
— Fica aqui comigo.
— Eu fico. — Eu respondi e me deitei ao seu lado. Ela virou para o lado que eu estava e botou uma mão na minha nuca enquanto eu acariciava a cintura dela com o meu dedão. Ela foi fechando os olhos lentamente e foi se acomodando ali no meu colo.
— Porque você só é fofo quando a gente tá sozinho?
Eu engoli em seco. Porra, não era verdade. Eu estava passando por cima de todos os meus problemas pessoais com relacionamento só para deixar a Eduarda mais a vontade e ela falava que eu só era legal com ela quando a gente estava sozinhos. Pô, não era real. — Duda, você sabe que não é assim.
— Eu sei. Só to fazendo drama! — Ela fez um bico e eu ri.
— O que você tá querendo de mim, garota? — Eu perguntei.
— Sua atenção. — Ela respondeu — Quero que você seja só meu, infelizmente, eu não tenho esse poder de persuasão.
Eu dei uma risada. Seria bom ela não ter, mas infelizmente, ela tinha muito sobre mim.
— Fecha os olhos e dorme um pouco, Maria Eduarda. Tá falando demais já — Eu dei uma risada e ela resmungou.
— Até quando eu to sincera com você, desvia o assunto rapidamente — Ela reclamou.
— Não estou desviando o assunto. Só disse que está tarde e você não está falando mais nada com nada.
— Pode me perguntar as coisas e aproveita que eu to sincera hoje — Ela falou — Não é todo dia que eu to sem máscara de filtro.
— O que você queria que eu fizesse então? — Perguntei. Ela demorou um pouco para responder e eu cheguei até a pensar que ela estava dormindo, mas logo senti sua mão no meu peitoral e ela resmungou alguma coisa que não conseguia entender.
— Eu queria que você ficasse comigo aqui, e só comigo, que não existisse ninguém para você optar e que gostasse da minha companhia só porque gosta de mim e não porque gosta do sexo — Ela começou a resmungar igual criança e até pensei que ela chegou a chorar. — Porque eu me deixo levar por alguém que só quer transar comigo?
— Xiu, não fala isso — Eu comentei enquanto ela se acalmava — Como você pode falar isso assim? Eu não te procuro só porque eu quero transar.
— Eu tô com sono por isso to dramática.
— Você é toda dramática, Duarda.
Eu me deitei junto com ela e ela respirou fundo como se tivesse tirando alguma coisa de dentro dela. — Você sabia que eu gosto de você pra valer?
Eu dei um sorrisinho — Eu também.
— Não, você é um falso.
Eu ri — Para de graça, Eduarda.
–— Eu gosto de você de verdade. Como se eu tivesse apaixonada ou algo do tipo.
Eu fiquei um pouco em silêncio processando o que ela tinha me dito e eu acho que ela nem se deu conta porque o silêncio reinou no quarto e eu pensei que ela estivesse dormindo. Ela estava com os olhos fechados mas eu não tinha a certeza que ela dormia.
— Você tá apaixonada por mim?
— Não sei — ela respondeu — Ás vezes acho que sim, as vezes acho que você só me quer pra transar.
— Você acha isso por causa do seu antigo relacionamento, cara, se eu for parar pra pensar assim eu morreria de medo de ser corno de novo. Minha namorada de anos dava para o meu amigo de infância quase de baixo do meu nariz e eu não vi nada. Duda, não é só você que tem esses problemas e o melhor jeito de passar por cima disso é tacando uma borracha e seguindo em frente.
Ela suspirou. Eu fiquei um tempo em silêncio encarando o teto e olhei direito para ela. Ela estava de olhos fechados. — Você me entende, né? Pode ser papo de maluco, mas eu também não consigo me ver sem você. Não sei ha quanto tempo comecei a notar isso, mas sei lá, é como se você já fizesse parte da minha vida e que sem você a vida andaria incompleta, tá ligado? eu sei, é papo de maluco. Pode me zoar.
Ela não respondeu. Olhei para ela e ela dormir bem tranquilo. Eu respirei fundo e encarei o teto. — Dorme bem, Duarda. Você conseguiu, me encantou completamente.
Ela continuava dormindo e não abria os olhos por nada. Não sei se ela me ouviu quando eu disse: — É, e eu também estou me apaixonando ou talvez já esteja apaixonado por você.

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Me encantou demais
FanficSEGUNDO LIVRO DA TRILOGIA ''OS ACKLERS'' + 16 || Nesta história, Eduarda busca um novo estilo de vida diferente do seu estilo pacato no interior de Minas Gerais. Uma menina criada com todos os conceitos de menina de cidade pequena, muda para o Rio d...