Se passaram dois meses depois do nascimento da minha irmã. Eduarda e eu continuávamos naquele mesmo dilema, transa quando é possível, as vezes eu dou minhas escapadas e fico com outras garotas e eu sei que ela fica com outros caras mesmo. Tem algo nela me deixando meio suspeito essa semana mas resolvi não perguntar nada. João e Giulia as vezes dão uma de desapegados mas eu sei que a Giulia tá amarradona não do meu irmão e ele na dela, mas sei que tem outra mulher no meio dessa parada aí. Só queria saber na real quem era. Minha mãe tinha viajado contra a vontade dela para um final de semana em São Paulo e como eu estava de férias na faculdade ela tinha deixado a Beatriz logo aqui em casa. Trouxe tudo da garota, chegou com uma bolsa, uma criança e deixou as paradas aqui. Eu ia ser responsável por uma criança no final de semana que eu tinha marcado um rolê com o Pedro e os moleques da faculdade. Beatriz começou a chorar e eu não sabia mais o que fazer, peguei o telefone e liguei para a minha mãe.
— Ela tá chorando, mãe!? Que porra eu faco? — Eu perguntei nervoso. Eu não gostava de escutar criança chorando e eu nem tinha muito jeito para criança.
— Já deu o remedinho de alergia dela? Mamadeira? Viu se era cólica? Deita ela de bruços.
— Que? — Eu perguntei com uma risada — Puta que pariu, João foi sair atrás de buceta e agora eu que tenho que tomar conta sozinho.
— Para de ser egoista, Rael. Chama a Eduarda e vê se ela pode te ajudar. Ela é mais esperta.
— Nossa, mãe. Obrigado, na moral. — respondi irônico.
Quando eu fui pegar a Beatriz no colo a porta da sala se abriu. Eu fui com ela no colo em direção a sala e encontrei a Eduarda acabando de voltar do trabalho, ela olhou pra mim, olhou para a Beatriz chorando e ficou sem entender.
— O que você fez para a garota, Rael? Ela não para de chorar — Eduarda se aproximou, pegou ela no colo, ninou uns segundinhos e o choro dela foi cessando.
— Pô, tentei acalmar a garota por duas horas e você em dois segundos acalmou? — perguntei irônico — Passou mel, foi?
— Ela tá sentindo falta da mãe, né? Primeira vez que ela fica longe da mãe e por isso tá sentindo falta — Eduarda comentou enquanto ninava a Bia que dava aqueles chorinhos fraquinhos mas nada perto do que ela estava dando comigo. — Faz um mamá para ela, Rael.
— Eu só faço mamá pra você — dei uma piscada e ela rolou os olhos.
— Faz a mamadeira dela.
— Como que faz isso? — eu olhei óbvio e com vontade de rir. Eu não conseguiria ser pai nem fudendo. Só de imaginar a probabilidade de limpar a frauda toda cagada eu já gostava de alimentar a ideia de usar camisinha e anticoncepcional. Ela foi comigo até a cozinha e foi apontando para as coisas.
— Pega o leite — ela comentou e eu abri a geladeira e peguei o leite que tinha lá.
Eu ia botar na panela e ela tirou da minha mão — Você tá doido? O que tu tá fazendo?
— Ué, to botando leite na panela, caralho! — respondi sem entender. — Não sei fazer mamadeira não, porra. Minha mãe ainda dispensou a babá dela.
— Você quer dar leite de vaca pra sua irmã de dois meses? — Eduarda segurou a risada e me olhou debochada.
— Vou dar leite de que, então? Tu tem leite na teta para dar para ela? Então, tem que ser leite de vaca mesmo.
— Para de ser ignorante, garoto! — ela riu e abriu as prateleiras e encontrou a lata do leite todo cheio dos nhenhenhe que criança nos primeiros meses de vida tem que tomar. Ela pediu para que eu segurasse a Beatriz e ficasse ninando e foi isso que eu fiz, peguei uns brinquedos e distrai um pouco ela enquanto a Eduarda voltava com o mamá dela. Eduarda que literalmente deu a mamadeira, botou para arrotar e em seguida ainda colocou para dormir. Eu estava na sala vendo uma programação qualquer na TV.
— Pode me agradecer porque se não fosse por mim você ainda estava com a garota chorando no teu colo e o prédio inteiro te denunciando — Ela se sentou do meu lado e puxou minha perna para poder se esparramar no sofá.
— Valeu! — respondi e olhei rapidamente para ela que suspendeu a sobrancelha.
— Só um valeu, é?
— Quer outra forma de agradecimento? Eu tenho, mas todas envolvem você na minha cama gemendo — eu respondi debochado e ela rolou os olhos.
— Você só pensa em fuder, fuder e fuder. Deveria me agradecer porque eu cancelei um rolê hoje por sua causa — ela comentou e ficou mexendo no celular, dei uma de João sem braço como quem não queria nada e me aproximei um pouco para ver o que ela estava fazendo. Ela estava conversando com um homem mas não dava para ver quem era. Ela notou e puxou o celular para ela. — Fofoqueiro do caralho.
— Ué, tinha marcado rolê com quem? Giulia saiu com meu irmão? Iriam fazer um sexo a três?
Ela fez careta e me olhou — Eu ia sair com o Marcelo.
Eu revirei os olhos e olhei para ela — Esse maluco ressurgiu das cinzas, foi?
— Não sei, mas pelo menos ele toma alguma atitude quando o assunto sou eu. — ela disse bem direta. Me acertou em cheio, mas eu não disse nada. Só me afastei do sofá e fiquei ali vendo televisao. Ela se levantou e me olhou. — Rael, vou deixar ela dormindo e vou dar uma saída, beleza?
Eu concordei — Beleza, não precisa se preocupar. Irmã é minha, de qualquer forma, é minha responsabilidade.
— Qualquer coisa me liga. — ela comentou e foi para o quarto. Só escutei o barulho da água caindo e eu tive uma ligeira impressão que ela ia sair com o Marcelo mas como eu não posso falar caralho nenhum fiquei na minha. Ela saiu com o um body, short e uma maquiagem meio neutra mas que tinha ficado boa nela. Estava gata. — Qualquer coisa manda mensagem.
— Você já disse isso — comentei e ela concordou com a cabeça.
— Então vou nessa. Beijos! — ela mandou um beijo no ar e saiu do apartamento. Eu bufei de tão puto que eu acabei ficando. Eu estava com a porra do ciúmes com vinte e dois anos de idade de uma menina que até segundo plano era só um pente e rala que eu tinha aqui em casa. Os conselhos dela eram bons, éramos amigos mas não poderia passar disso. Ela me ajudava, eu a ajudava e assim tinha que ser. Eu fui até o quarto da Beatriz para ver se estava tudo bem, dei uma ajeitada nela na caminha e voltei para o que eu estava fazendo. Meu celular vibrou com uma mensagem da Eduarda.
— Duarda (2 mensagens)
Duarda: Qualquer coisa que ela precisar. Eu estou aqui!
Duarda: Sério, me liga. Eu tenho até medo da criança sozinha com você 😂
Rael: e se eu precisar de você?.....
Rael: Eu ligo também?
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Me encantou demais
FanfictionSEGUNDO LIVRO DA TRILOGIA ''OS ACKLERS'' + 16 || Nesta história, Eduarda busca um novo estilo de vida diferente do seu estilo pacato no interior de Minas Gerais. Uma menina criada com todos os conceitos de menina de cidade pequena, muda para o Rio d...