Eduarda

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Rael me levou até o antigo quarto dele na casa dos pais. Tinham várias fotos reveladas pela casa de viagens, dos gêmeos quando bebês e algumas até engraçadas do Rael tentando tocar violão com o pai dele quando tinha uns treze anos. Ele tinha uma pegada meio surfista e me assustou saber que o Rael era loiro. Ele puxou a foto da minha mão e fez uma careta.

— Essa porra tem anos. Na época, era legal ser metido a surfista e meu pai me levava direto pra praia da Barra.

Eu dei uma risada — Eu nunca te imaginei surfista.

— Hm, o que tu imaginava de mim então, me fala? – ele suspendeu a sobrancelha e eu dei um sorrisinho de lado.

— Na primeira conversa não foi nada bom, né? Você disse que eu ia acabar com o seu namoro e na boa, nem precisei respirar para isso acontecer — continuei — Mas com o tempo comecei a reparar mais nas suas qualidades do que nos defeitos.

— Quais defeitos? — ele debochou — Eu não tenho defeitos.

Eu dei um tapa na sua perna e resmunguei — Isso que da elogiar macho. Ainda tomo deboche e egocentrismo na cara. Com quem você aprendeu a ser debochado e egocêntrico?

—  Isso é de nascença — ele respondeu, guardando as fotos na caixa. — Meus pais falaram pra cacete lá embaixo. Nem sei se você tava de boa...

— Não, sua família é super tranquila  — eu me ajeitei na cama — Eu nem sabia que a Letícia e a Jasmine não se falaram depois de tudo aquilo.

— Acho melhor nem falar. Conheço minha mãe — ele respondeu e guardou a caixa. — Tá afim de fazer o que hoje?

— Ver Netflix, pedir pizza e dormir as 10 da noite. Pode ser? — perguntei fazendo charme enquanto me jogava na cama dele. O cheiro do perfume dele grudava onde quer que ele passasse e mesmo ele não morando ali o cheiro dele estava nos cobertores.

— Tá velhona e chata, hein. — ele beliscou minha perna de leve e eu ameacei chutar. — Sério mesmo, eu não arrumei nada legal pra gente hoje.

— Qualquer coisa pra mim tá ótimo — eu respondi — Você sabia que o seu irmão tá com ciúmes da Giulia com o Éric?

João deu um riso frouxo e me olhou — Tá zoando?

— Não sei se é bem um ciúmes, mas ele veio me perguntar se eu sabia de alguma coisa. Se estava rolando algo entre eles.

— Teu irmão é pinta. Até eu pegava ele — Ele respondeu virado de costas para mim enquanto catava alguma camisa dentro do armário. Eu estava jogada em sua cama sem querer me mover.

— Eu shipparia. Como seria o nome? Raric?

— Pena que o cara é cunhado, né? — ele perguntou e eu abri a boca surpresa com que ele disse. Eu mordisquei o cantinho dos lábios e sorri irônica.

— Ele não é cunhado de ninguém – mostrei minha mão e o Rael analisou. — Não tenho aliança. Não sou comprometida.

Ele deu uma risada nasal — Tá certa, Maria Eduarda.

— Nunca estive errada, xuxu! — mandei um beijo no ar para ele e me estiquei até a outra ponta da cama para pegar meu celular. Eu tinha acabado de receber uma solicitação de seguidor no Instagram e piscou na tela no mesmo minuto. Rael me olhou e depois olhou para o celular.

— Teus contatinhos aí — ele respondeu com desdém — Bando de arroz.

Eu franzi a testa — Arroz?

— Gíria carioca para definir alguém que fica em cima até conseguir qualquer migalha de buceta. São teus seguidores aí — ele resmungou.

— Esse é da faculdade. Ele faz aula comigo.

Olhei seu Instagram e realmente ele era bem bonito. Muito calado, muito na dele, e também muito bonito. Rael inclinou o pescoço como se quisesse ver a foto do cara e eu virei o telefone em direção a ele.

— Ué, o que esse moleque quer contigo? — ele franziu a testa.

Eu amava provocar o Rael e ver um ciuminho rolando era melhor ainda. — Me seguir.

— Ele quer é render papo — estalou a língua — Fica dando moral para esses doidos da faculdade pra você vê onde vai parar.

— Sinceramente, se eu fosse seguir essa lógica nem pra você eu ia dar moral, Rael — respondi.

Ele estalou a língua mais uma vez e concordou com a cabeça antes de entrar no banheiro. — Você tá certa, Eduarda. Sempre certa.

— Eu sei, xuxu! Obrigada — dei um grito antes dele entrar no banheiro e fechar a porta. Rael se estressava por coisas tão minúsculas, mas eu confesso, que curtia vê-lo com ciúmes.

Caleb Sousa, 23 anos. Cursando psicologia.

 Cursando psicologia

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