Eduarda

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Eu não queria mais ter que cruzar olhares com aquela escrota da Nicole. Quando eu conheci ela, ela tinha sido um amor, uma fofa, pensei que a gente se daria super bem. Depois do episódio lá no quarto com o Rael ela tinha mudado muito comigo. Começou a me tratar diferente, com deboche, cheio de gracinha para mim e eu não estava mais aguentando tudo isso. Eu não aguentei mais aturar as gracinhas dela calada e agora vai ser na mesma moeda, se ela vir com piadinhas vai receber uma pior ainda.

Encontrei com o Marcelo e ele me deu um sorriso assim que me viu. — Tomei perdido.

Eu dei um sorriso de lado — Foi mal.

— Duda — ele me chamou e eu olhei rapidamente — Você me mandaria a real?

Esperei um pouco para tentar entender o que ele queria dizer. Dei um sorriso forçado — Sim, mandaria.

— Você tá com o Rael, não é?

— Depende de qual sentido você está me perguntando — dei uma risada e dei um gole na bebida. Desceu rasgando pela minha garganta.

— Só não quero ser um cuzão, Eduarda. Eu sei que você estava com ele há pouco tempo atrás quando tomei um chá de cadeira — ele respondeu com um certo humor — Só não quero ser um empata foda.

— Sim, eu estava com ele — fui sincera. Acho que o Marcelo merecia muito mais do que isso. — Desculpa.

— Relaxa — ele deu de ombros e terminou a cerveja dele — É bom que você jogou limpo comigo.

Eu dei um sorriso de lado — Eu vim nessa festa sem intenção de ficar com ele, mas...

— Eu entendo, na boa — ele respondeu e largou a cerveja dele por aí — A gente se esbarra.

Ele piscou e saiu andando me deixando ali sozinha. Olhei para a Isabela que estava com os olhos arregalados e um sorriso no rosto. — Você confessou que estava mesmo com o Rael? Sua chance com o gato foi pra zero, amiga.

— Não ligo — dei de ombros — Acho que o Marcelo estava com uma ideia errada de mim e foi bom não alimentar essa ilusão.

— Você só ia fazer o que eles fazem com a gente — Ela sussurrou e eu dei uma risada.

— Fica quieta, Isabela.

Rael desceu uns minutos depois e veio para perto da gente. Foi aí que aconteceu uma coisa que eu jurava que nunca ia acontecer em público, mas sei lá, algo dentro daquele banheiro fez com que mudasse minha relação ao meu ver com o Rael. Ele me puxou para o colo dele e eu arregalei os olhos, Isabela foi saindo de fininho e ele botou uma mão na minha perna. – Sabia que você tá muito gostosa hoje?

– Hm – eu grunhi e suspendi a sobrancelha – O que você quer de mim, Rael William?

– Ué, eu não quero nada – ele botou um sorriso sacana em seus lábios. – Não, até chegar em casa. Eu queria te perguntar uma outra parada também.

Ele passou o dedo na minha coxa e eu concordei com a cabeça – Aquela história do vídeo com seu ex já foi resolvida? – ele perguntou – Lembrei disso agora pouco, sei lá. Fiquei preocupado contigo...

– Não, Rael. Relaxa! Até onde eu fiquei sabendo a Taiane não é mais uma ameaça à minha saúde mental.

– Eu não queria acordar e ver um vídeo seu transando com seu ex namorado. – ele fez uma careta para mim — Na moral, aquele cara foi um otario com você.

– Já passou – joguei o cabelo pra trás dando fim ao assunto. Odiava ficar falando sobre meu ex namorado e o quanto aquele filho da puta desgraçou a minha vida. Eu jurei que ninguém mais ia me fazer de trouxa, até aparecer o Rael, mas sinceramente não via o Rael como ameaça. Não uma ameaça ruim. Na real, eu via o Rael uma ameaça para o meu ponto fraco mesmo.

– Hm – ele grunhiu – Fiquei preocupado contigo, né?

– Obrigada, William. Mas eu sei me virar com a Taiane – eu pisquei e a mão dele apertou minha coxa. Eu resmunguei. – Meu deus, Rael.

– Não me chama de William. Eu quis matar meu pai por causa desse apelido.

– Ah, seu pai é gente boa – eu comentei – Ele não fez por mal.

– Não ué, mas é brega – ele resmungou e eu dei uma risada.

Essa festa estava um saco. Aquela amiga do Rael que eu tinha até esquecido o nome estava tomando todas, super bebada, Giulia estava com uma cara de tédio enquanto o João parecia estar entretido em qualquer coisa lá que ele estava fazendo. Rael entrelaçou seus braços no meu pescoço e nos aproximamos. Giulia deu um sorrisinho em nossa direção. – Meu casal fav – ela veio até a gente e ficou do nosso lado. – Amiga, me livra daqui, por favor. Eu te imploro!

– O que houve? – eu perguntei sem entender.

– João é um sonso, essa amiga deles é forcada, não to afim de aturar a Nicole....

– Eu acho que vamos nessa – comentei alto e o João virou para a gente.

– Já? – ele perguntou.

Eu concordei com a cabeça e fui me despedindo de todos que eu conhecia por ali. Demos uma carona para a Giulia e entramos em casa. Eu saí tirando a minha bota e correndo pro banheiro tomar banho e tirar a maquiagem. Rael bateu na porta do meu quarto e eu abri.

– Tá tudo bem? – eu perguntei e ele concordou.

– Posso ficar aqui contigo? – ele pediu com aquela carinha de pidão e veio colando em mim. Cheirando meu pescoço e eu já fiquei toda derretida. Eu dei um sorrisinho de lado, porque eu não tinha força para resistir ao Rael hoje.

–  Hmmm, vou pensar no teu caso, chiclete. – eu dei um cheiro no pescoço dele e senti o cheiro de sabonete. Ele tinha acabado de tomar banho. – Deita aí.

Eu deitei na cama, Rael puxou a coberta, ligou o ar e fechou a porta. Nós dois não estávamos com vontade de dormir no momento, nem de transar, só de ficar agarradinha mesmo vendo alguma coisa na TV. Rael botou uma série para a gente assistir e eu capotei de sono.

Acordei por volta de umas duas da manhã. Meu coração estava acelerado. Escutava alguém me chamar. Não conseguia abrir os olhos com clareza. Rael estava capotado grudado em mim ao meu lado. – Rael. – sacudi ele que resmungou alguma coisa. – Rael, Rael acordar.

Ele abriu os olhos com dificuldade. E grudou mais ainda seu corpo no meu. Eu pulei da cama e isso fez com que ele acordasse também assustado. – O que foi, Duarda?

– Eu preciso que você me leve pra praia. Me leva pra praia.

– São duas da manhã, Eduarda.

– Você mora de frente pra praia, garoto. – eu pulei catando alguma roupa para vestir e ele resmungou em trinta línguas diferentes. – Eu sonhei com meu pai, eu só preciso que você me leve pra praia ou então eu desço e vou lá sozinha mesmo.

Ele abriu os olhos e puxou as cobertas de cima dele – Eu vou contigo.

Me encantou demaisOnde histórias criam vida. Descubra agora