João

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Eu cheguei em casa e não vi nem sinal do Rael e nem da Eduarda e se eu nem conhecia os dois, ou estavam brigando ou estavam fudendo. Prefiro acreditar que estavam fazendo exatamente as duas coisas. Eu tava cheio de fome e pedi alguma coisa pra comer no ifood mesmo e fiquei lá a noite toda de bobeira já que o Rael tinha me mandado uma mensagem falando que ele e a Eduarda não iriam dormir em casa. Botei uma camiseta e dei de maluco, sai do apartamento e bati no apartamento da Giulia. Ela atendeu com o cabelo bagunçado em um coque e de pijama, eu fiquei um pouco sem graça de atrasar a paz da menina mas eu não estava afim de ficar sozinho. — Foi mal, te acordei?

— Não — ela respondeu enquanto dava espaço para que eu pudesse entrar — Entra aí, João.

Eu entrei meio hesitante no apartamento dela e ela me deu passagem. O apartamento dela era tudo organizadinho, aquele tipo de apartamento que a gente vê na internet, tá ligado? Tudo limpinho, arrumado, casa com incenso e os caralhos. Bem a carinha dela. — Pô, tua casa parece aquelas casas de catálogo de revista.

Ela deu uma risada e desfez o coque, fazendo com que o cabelo dela caísse sobre os ombros dela — pô, quem me dera. Dou duro pra arrumar esse apartamento e tem vezes que eu peço até ajuda pra Cátia que da uma geral aqui em casa quando eu tenho dinheiro.

— Hmm — eu grunhi — Voltou agora do trabalho!?

Ela negou com a cabeça e passou para a cozinha e pegou um suco de laranja, me ofereceu e eu neguei. Ela encheu um copo e veio até a mim — Não, eu voltei com o Rael mas fui deixada de lado por ele e pela Duda que foram transar loucamente. Quase fizeram isso na minha frente.

— Pô, experimenta morar com eles — dei uma risada irônica — Papo de ter que dormir escutando música, né? Eu não falo pra não ser um cuzão, mas porra, Eduarda quer acordar o condomínio todo, ne?

Giulia foi rir e quase cuspiu o suco de laranja dela — Você não presta, João.

— Somos dois — eu dei um sorrisinho de lado e já me acomodei no sofá dela. Não podia me dar a mão que eu já queria o braço todo. Ela se sentou do meu lado com o pé no sofá. — O que tu tava fazendo antes de eu aparecer?

— Só vendo uma série no Netflix mesmo. — ela respondeu.

— Hm — eu comentei e olhei para a televisão. Ela estava vendo aquelas séries americanas meio sem sal e eu por minha vez não curtia muito não.

— E tu? Bateu tédio e tu bateu no ape da vizinha? — ela levantou a sobrancelha e eu dei uma risada de lado.

— Criar laços com os vizinhos, né? As vizinhas daqui, inclusive as velhas, não me suportam. Uma vez me mandaram botar uma camisa porque eu estava praticamente pelado.

Ela deu uma risada — Pô, se elas escutassem o que rola no teu apartamento então....

— e no teu? — eu joguei verde com a Giulia e ela me olhou sem entender.

— No meu o que?

— É agitado assim ou tu é quieta?

— Se manca, João. — ela me deu um tapa no braço e eu ri — Sou quietinha, né?

Eu concordei com a cabeça — as piores, pô.

— Me respeita, doido. — ela me mandou o dedo do meio e eu mandei uma piscadinha. O celular dela tocou e ela viu no visor ser a mãe dela. Eu dei uma espiada e vi também que era a mãe dela.

— Oi, mami. — ela atendeu, a voz da mãe dela era meio estridente porque dava para escutar mesmo com a Giulia com o celular no ouvido. — Ah, entendi. — ela suspendeu a sobrancelha e mexeu no forro do sofá. — Essa semana? Jura? Eu acho que não da. — Eu vou ver lá no consultório, tá bom? — Eu também te amo.

— Era a mamãe? — dei uma gastada e ela suspendeu a sobrancelha.

— Minha tia chegou da Inglaterra e ela quer fazer um jantar lá pra encher o bucho — ela comentou — Só que sei lá, não quero ir, entende?

— Hm — respondi. — Não se da bem com a sua tia, é?

— Não, não é isso. É que as vezes eu acho que a minha mãe exagera um pouco, sabe? — ela comentou e eu concordei.

— Não tenho o que falar da minha, pô. Melhor pessoa da minha vida, sou completamente apaixonado por ela.....

— Eu tenho uma relação tranquila com a minha, sabe? Ela sempre me deixou muito livre, fazer o que eu quero e tal. Meu pai me procura as vezes e te falar.... Só pra perguntar se eu preciso de dinheiro. Ele é ocupado pra caramba.

— Pô, outro ponto que não posso falar mal é do meu pai. Melhor pessoa do mundo também. Meu exemplo pra caralho — comentei e viajei em como eu sou grato aos meus pais por tudo. Meu avô não era a melhor pessoa do mundo e meus pais me defendiam pra caralho.

— Teu pai é o Dante, né? — ela perguntou e eu concordei.

— Ué, conhece ele? — eu perguntei sem entender e ela arregalou os olhos.

— Eu não, mas minha mãe sim.

— Nem deixa minha mãe escutar essa parada. — ri — Ela tem ciúmes de umas paradas tão nada a ver. Uma vez ela tacou molho branco na cabeça de uma mina por causa dessas rinchas de faculdade.

— Caralho! — Giulia deu uma risada — Eu já escutei essa história já.

Me encantou demaisOnde histórias criam vida. Descubra agora