Acordei cedo no sábado pra correr. Eu ia correr na praia para dar aquele gás inicial e depois ia terminar de fazer as coisas que eu tinha pra hoje. Quando deu umas dez da manhã eu voltei todo suado e encontrei minha vizinha do 502 com aquela carinha de sempre. Ela já me dava mole quando eu estava com a Maria Vitória, imagina agora que eu to sem. O nome dela era Júlia. Ou Juliana, não lembrava.
— Você ainda tá na PUCRJ? — ela perguntou e eu concordei com a cabeça. — Ainda bem que me formei ano passado.
Ela entrou no elevador cheia de sacolas. Eu como um ótimo vizinho, despluguei o fone do celular e guardei o mesmo pegando algumas sacolas para ajudar ela. Eram tudo sacola de mercado e pela cara dela com certeza era cheia dessas coisas frescurentas de pão integral, queijo não sei o que, creme de não sei o que. Eu curto me alimentar bem, mas pela cara dela dava para ver o quão fresca com dieta ela era.
— Eu me formo daqui a dois períodos — eu encostei na lataria do elevador e apertei meu andar que era o mesmo que o dela.
— Você tá fazendo direito, né? — eu concordei — Eu terminei Nutrição no ano passado e já sinto saudades. Sei lá, faculdade marca demais.
Eu dei uma risadinha. Sabia que ela cursava algo relacionado a comida. Só tinha coisas assim na sacola dela e ela tinha cara de saudável. Nem parecia comigo que me entupia de nutella com torrada e me matava de correr depois.
— Aparece lá em casa — ela me convidou — Chama o João também.
— Ah, claro — dei um sorriso educado. — Vamos aparecer sim, Júlia.
— Giulia — ela corrigiu educadamente.
— Foi mal — comentei sem jeito e ela concordou rindo.
— Normal, todo mundo erra mesmo.
O elevador abriu e eu segurei a porta do mesmo para ajudar ela a levar as coisas para o apartamento. Ela mexeu no molho de chaves dela e abriu o mesmo. Sabe aquele apartamento limpo e organizado que quando você abre chega a escutar o coro dos anjos? Era da Giulia. Ela encostou as sacolas no chão da cozinha e me agradeceu.
— Obrigada, Rael. Quer beber alguma coisa?
— Não, obrigada — comentei. — Estou cheio de coisas do trabalho pra fazer... Vim só dar uma corridinha na praia.
— Hmmmm — ela tirou aqueles cremes que eu tinha comentado que eram cremes cheios de frescura e colocou na geladeira.
Eu evitei beijar a Giulia no rosto porque eu estava pingando de suor e seria nojento demais. Abri a porta de casa e senti aquele cheiro de arroz frssquinho. Joguei minha camisa suada no sofá e caminhei até a cozinha vendo a Eduarda cozinhar alguma coisa e digitar no celular rindo de alguma coisa sem nem notar que eu estava ali.
— Mas você acha que o Caio é desses, Isa? Sei lá, mano. Eu curti ficar com ele nas vezes que rolou, mas sei lá, ele vai tentar alguma coisa lá na casa do Pedro e com esse barraco todo.... — Ela gravou um áudio e soltou o mesmo enviando para a Isabela.
— Tá viajando aí, Eduarda? — cortei o barato dela e ela quase caiu com celular, panela, arroz e tudo no chão. Ela botou a mão no peito e me olhou querendo me matar.
— Avisa que tá aí, porra — ela recuperou a respiração. — Tá me vigiando, é? — ela virou e mexeu nas panelas .
— Eu não. Só senti o cheiro de arroz e vim seguindo que nem nos desenhos de criança — dei uma fungada em seu pescoço e ela se arrepiou inteira. Meti uma colher na panela e comi aquele arroz quase pelando e bom pra caralho.
— Perdi a oportunidade de colocar veneno — ela debochou.
— Não tem problema é só morder a língua que já tem — eu respondi com um sorrisinho de lado e ela me mandou o dedo do meio.
— Vai a merda, Rael William.
— Gastou — João apareceu rindo. Ele estava sem camisa também. Eu suspendi a sobrancelha e voltei a me sentar onde eu estava. Na cadeira, e a Duda e ele de costas para mim. Ele foi até a Duda e deu um beijo na testa dela e depois me olhou. — Pedro pediu pra gente ajudar ele no mercado.
— Quem vai? Muita gente. Tá calor pra caralho pra aturar mercado — dei uma desculpa.
— Borra, porra. Depois compram cerveja que tu não gosta e tu fica putinho — João comentou e eu levantei para tomar um banho. Precisava jogar uma água urgente para tirar aquele suor de cima de mim. — Vai eu, tu, Pedro e Caio lá no mercado.
— Hmmm — Eduarda grunhiu interessada — Caio também vai?
Eu revirei os olhos e dei uma risada irônica. João levantou a sobrancelha e olhou pra ela — Qual foi a tua com o Caio? Tu se manca, hein.
— Não é a minha com ele até porque quem tá curtindo minhas fotos adoidado no Instagram é ele. — ela respondeu e eu dei uma risada que fez com que ela me olhasse.
— O nome disso é desespero. Caio é desesperado por buceta.
— Nem fala — João concordou e a Eduarda concordou com os ombros.
— Achei meio desesperado também, mas sei lá, vai que é uma parada nada a ver e eu to metendo as coisas na mente — ela voltou para as panelas.
Eu fui tomar um banho e relaxar um pouco. Botei uma bermuda que eu usava para sair mesmo e uma camisa mais fresca porque estava um sol do caralho na rua. João estava no telefone com alguém e a Eduarda tinha colocado o prato dela e veio se sentar na sala onde eu também estava sentado. — Vocês não vai almoçar não? — ela perguntou enquanto comia.
— Quando eu chegar dou uma olhadas nas panelas.
— Rael — ela me chamou até baixinho e eu olhei — Aquela parada que tu me disse ontem era seria?
— Que parada? — me fiz de idiota.
Ela levantou a sobrancelha e fez cara de "ata que não sabe" respirou fundo e deixou o prato de lado. — Sobre o apartamento....
— Tu acha que eu vou te dar um apartamento mole assim? — Eu ri — Mas, em sentido de aposta eu sou foda mesmo. Nunca perdi.
— Uau — ela debochou de mim — Mas eu realmente quero saber se você pagaria um ano de apartamento pra mim caso eu te deixasse apaixonado.
Aquilo sou tão ridículo que eu dei uma risada. — Sim, eu pago.
— Tu paga o que? — João apareceu pronto na sala. Eduarda me olhou e eu olhei de volta para ela procurando uma resposta. Ela tinha deixado a bomba no meu colo. Puta que pariu. Eu era péssimo em mentira.
— Eu pago um lanche pra Duda se ela não ficar com o Caio hoje — dei uma piscada e ela segurou a risada.
— Ainda nessa papo, porra? — João estalou a língua e me chamou. — Eduarda, segura essa pomba aí com o Caio que ele não é nenhum príncipe encantado.
— Eu também não sou nenhuma princesa em perigo — Ela respondeu e mandou um beijo no ar pra nós dois.
João levantou a sobrancelha e eu segurei a risada. Ah, se ele soubesse o que tinha rolado na minha sala. Acabaria logo com a ideia de que a Eduarda era um anjo puro e inocente.
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Me encantou demais
FanfictionSEGUNDO LIVRO DA TRILOGIA ''OS ACKLERS'' + 16 || Nesta história, Eduarda busca um novo estilo de vida diferente do seu estilo pacato no interior de Minas Gerais. Uma menina criada com todos os conceitos de menina de cidade pequena, muda para o Rio d...