Rael

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Eu não estava mais aguentando ficar no escritório, mas eu tinha que resolver a parte burocrática e eu via o descontentamento no meu avô assim que abriu mão do escritório tão sonhado dele e dando todas as responsabilidades para o meu pai, meu pai lutou muito porque ele era de baixar a cabeça para o meu avô, mas a minha mãe, nunca foi. Talvez, seja por isso que meu pai tem tudo que tem hoje em dia. Ele teve alguém que o apoiou e o encorajou nesse processo.

— Meu pai está pensando em abrir um outro escritório lá em São Paulo. Pensei em ir para lá depois que terminar a faculdade — João comentou enquanto se sentou do meu lado.

— Ué, vai deixar todo mundo por aqui?

— Eu vou pra São Paulo, cara, não pra Istambul. — Ele comentou com sarcasmo. — Eu não tenho namorada, noiva ou seja lá o que for aqui no Rio, então, nem vejo problema em ir caso um dia precisem de mim por lá.

Eu não disse nada. Me mantive quieto, e acabei vendo um stories da Giulia com o Éric, mostrei rapidamente para o João e ele resmungou. — Já tá aceitando que foi trocado assim tão fácil, porra irmão, você tem que se garantir.

Ele me mandou o dedo do meio e eu dei uma risada. — Eduarda já comentou do Caleb pra você? Porque pra mim ela já veio falar desse moleque aí — Ele retribuiu a provação e eu fechei a cara.

— Ué, do que conversaram?

— Ué, não se garante, irmão? Que isso, cadê sua autoestima — Ele debochou e eu mandei o dedo do meio.

— Então não fala da porra desse moleque perto de mim — Respondi e ele começou a rir.

— Falando na Eduada, como vai ficar a situação dela? Ela não trabalha pro vô? — Ele perguntou e eu respirei fundo. Tinha me esquecido dessa porra. Com certeza, eu conversaria com o meu pai mais tarde e tentaria fazer com que ela fosse minha secretária lá no WA porque claramente, meu avô a cortou da lista de funcionários eficientes para trabalhar com meu pai.

Eu esperaria essa maré toda abaixar para conversar com ele sobre isso. Fui pra casa um pouco mais tarde e quando abri a porta de casa senti o cheiro de lasanha saindo do forno e a Eduarda resmungando de alguma coisa na cozinha, larguei a pasta em cima do sofá e fui caminhando para a cozinha. Ela estava de costas reclamando que o tabuleiro quente tinha queimado seus dedos e nem percebeu que eu a observava por trás. Dei um sorriso ao ver ela correndo para a geladeira na tentativa de botar gelo em sua pequena queimadura.

Quando ela notou que eu estava ali quase caiu de susto, mas deu um sorriso. — Fiz uma lasanha bem gostosa pra gente, no capricho, queimei até o dedo — Ela tentou lamber os dedos para cessar a ardência e eu dei uma risada. Caminhei até a mesma e peguei a ponta dos seus dedos dando um beijinho. — Minha mãe fazia isso quando eu era moleque e me machucava.

Ela deu uma risada e passou a mão no meu cabelo — Você sabe ser um amorzinho quando quer, né?

Segurei sua cintura e selei nossos lábios rapidamente. Ela puxou meus lábios, mas não nos beijamos. Segurei sua cintura com força até ela conseguir sair do meu abraço e botar os pratos na mesa, ajudei ela a arrumar a mesa para comermos a lasanha que ela tinha feito. Estava maravilhosa. Abri um vinho para nós dois e o clima estava gostosinho.

— Como foi com seu avô hoje? — Ela perguntou curiosa enquanto levava a lasanha até a boca.

— Ele vai fechar o escritório dele.

Eduarda queimou a língua e rapidamente bebeu um pouco de vinho para cessar. Eu estava esperando essa resposta dela porque ela trabalhava para o meu avô e agora ficaria, talvez, sem emprego. Se dependesse do meu avô, com certeza, ficaria. Mas graças a Deus não depende dele.

— Como eu fico no meio disso tudo? Eu preciso desse trabalho, Rael. Como eu pago as dívidas da faculdade?

— Calma, eu vou dar um jeito. Nem que eu demita a minha secretária pessoal e te bote no lugar dela — Eu dei uma zoada e ela resmungou.

— Você tá doido? Ela também precisa de emprego.

— Eu realoco ela para outra pessoa e você trabalha pra mim, no caso. — Eu levei a lasanha até a boca — Vai ser bom porque a gente já se conhece, já sabe um pouco um do outro...

— Isso não vai ser subterfúgio para a gente transar na sua sala não, né? Você lembra daquela vez? — Ela perguntou e eu dei uma risada.

— Saudades.

— Safado — Ela me tacou o pano de prato e eu desviei rindo. — Você não tem jeito mesmo.

— Vou arrumar alguma coisa pra você. Sem emprego, você não fica.

— Fico mais tranquila — Ela respirou fundo.

Eduarda guardou a lasanha e eu ajudei a mesma a tirar a mesa e lavar as louças. Pegamos o vinho, deixamos a luz da sala bem fraquinha e ligamos a tv para assistirmos algum filminho. Eduarda me fez ver aquele clichê com aquele garoto que a Netflix ama pela milésima vez. Ela deitou no meu peito e eu fiquei fazendo carinho em seu cabelo enquanto terminávamos uma garrafa de vinho sozinhos. Bem gostosinho.

— Eu não acredito que a Lara Jean vai fazer isso com o Peter — Maria Eduarda exclamou — Que puta sacanagem, cara.

— Esse Peter parece mó cabaço — eu comentei e ela me deu um tapinha no braço. — Moleque parece um retardado.

— Para, não estraga meu shipper. Seu chato! — Ela resmungou e se acomodou mais ainda no meu peito. Eu acariciei o cabelo dela enquanto o filme rolava, eu estava ali pela Eduarda e pelo vinho porque o filme nem me interessava.

Campainha tocou e a Eduarda levantou pausando o filme contra a vontade e indo até a porta para atender. Era a Giulia e o Éric. — O que vocês estavam fazendo? Atrapalhamos?

— Netflix e vinho. — Duda respondeu.

— Isso é código secreto para sexo? — Eric perguntou e começamos a rir, mas ele me encarou sério. Irmãos mais velhos.

— Não, só Netflix mesmo. — Duda respondeu meio desanimada — E vocês? O que estavam fazendo?

— Saímos para comer alguma coisa. — Giulia pareceu ficar incomodada. Acho que queria saber se o João estava ou não em casa. — Amiga, a gente pode marcar um dez?

— Podemos sim — Duda respondeu e puxou a Giulia até o quarto dela e ficaram lá dentro. Éric caminhou até a mim e me cumprimentou, sentando no sofá ao meu lado.

— Minha irmã é uma das coisas mais importantes pra mim, cara. Não faz ela se machucar.

— Não vou — respondi — Fica tranquilo.

— Eu sei que não to no lugar de melhor irmão mais velho do mundo, mas ela continua sendo minha irmã e depois de tanta burrada eu só quero proteger ela — Ele respondeu e eu concordei.

— Tá no seu direito, relaxa.

— Bom que tu entende isso.

— Eu não tenho a intenção de brincar com a Eduarda, é bem mais fácil ela brincar comigo. Pode crer, cara.

— Tudo bem, acredito em você.

Me encantou demaisOnde histórias criam vida. Descubra agora