João

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JOÃO

Acordei no dia seguinte cansado da noite de ontem. Eu não trabalhava com o meu avô e nem tinha saco para ficar trabalhando com ele. Só vivíamos em pé de guerra e eu não curtia viver nesse clima com o meu avô e como o Rael é lambe o saco dele acabou fazendo meu trabalho todo. Eu fui em direção a cozinha e encontrei a Eduarda com a cara toda amassada, mas já arrumada, pronta para a faculdade. Dei aquela coçadinha na nuca e observei a Duda de longe. Ela estava passando a Nutella na torrada, de costas com aquela calça que apertava bem a coxa dela. Eu me aproximei e envolvi meus braços em sua cintura. Ela tomou um susto e quando viu que era eu deu aquele sorriso maroto. — João, que susto.

— Ué, pensou que era o Rael? — dei uma zoada e ela resmungou.

Ela colocou uma torrada na boca e me deu um beijo no rosto. Saiu do meu abraço e foi direto pegar uma jarra de suco. Eu peguei um pouco de suco também e abri um pão colocando creme de ricota nele. Duda tava muito calada. — O que foi?

— Ontem eu sonhei com o meu pai — ela suspirou — Hoje acordei com uma saudade sem igual. Logo no meu primeiro dia de aula...

— Teve pesadelo? — mordi o pão e ela concordou — Por que não me chamou?

— Eu bati três vezes no teu quarto, garoto. Eu te gritei, quase faltei arrombar a porta e você nem sequer mexeu o olho — ela riu — Me deixou sozinha.

Ela me deu um tapa no braço e se sentou no meu colo como de costume dela. Eu curtia bastante esse clima com a Duda, mas ela ficando assim no meu colo estava me incomodando bastante. Eu estava com a perna meio bamba de incômodo mas não deixei que ela notasse isso. Rael apareceu na cozinha com aquela carga de mal humor dele pela manhã, já arrumado e pegou um pão ali na mesa mesmo e comeu rapidamente. — Bom dia, cara. — debochei.

— Bom dia pra quem não trabalha, filho da puta.

Ele me deu um tapa na cabeça e eu dei uma risada. Eduarda saiu do meu colo e foi até a sala deixando nos dois ali na cozinha. — Tu escutou alguma coisa ontem à noite?

Rael estava com a boca cheia de pão mas negou — Que coisa?

— Eduarda disse que teve um pesadelo e me chamou. Tu ouviu alguma coisa?

Rael negou com a cabeça e eu dei um gole no meu suco. Eduarda apareceu toda prontinha para a faculdade e me fez lembrar uma criança no primeiro dia de aula. Dei uma risada. — Que pique que tu tá hein, Eduarda. Só porque é o primeiro dia.

— Eu tô animada demais — ela comemorou com um sorriso. — Vocês vão agora?

Eu olhei para o Rael que me olhou de volta. Ele que tinha aula esse horário e eu pegava um pouco mais tarde. — Eu te dou uma carona, Eduarda — Rael comentou e passou direto para pegar a mochila.

— Liga não, Duda. Esqueceu a educação dele em casa — dei uma gastada no Rael que gritou "vai tomar no cu"

— Eu não me importo. Só preciso de uma carona — Duda zoou e o Rael apareceu com aquela carranca dele. Ela se despediu de mim com um beijo na bochecha e partiu com o Rael para a garagem do apartamento.

Eu arrumei a mesa para deixar tudo limpinho já que minha mãe tinha feito a gente dispensar a moça da faxina e começar a cuidar do apartamento com as nossas próprias mãos. Minha mãe quando se estressava era foda. Eu fui até meu quarto, tomei meu banho e sai enrolado na toalha para catar minha roupa da faculdade. Vesti e passei no posto para abastecer o carro. Parti direto para a faculdade mesmo chegando mais cedo e encontrei o Pedro com a Isabela, Lia e Nicole. Lia dava umas investidas em mim, ela era gata demais, mas sei lá, não estava no clima agora para ter uma buceta amiga. Brenda ainda me procurava e ela ainda era oficialmente minha pepeca amiga.

Me encantou demaisOnde histórias criam vida. Descubra agora