Eduarda

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O Rael tinha que resolver umas coisas em uma outra filial da empresa do avô dele e eu acabei indo trabalhar sozinha mesmo. O avô dele conseguia ser alguém insuportável quando o assunto era hierarquia social e afins. Ele olhava para o pessoal de cargos mais inferiores com um certo desdém e nem se quer conseguia cumprimentar o pessoal da faxina ou então o secretário que levava seu café era incapaz de falar um obrigado. Eu estava checando algumas coisas no computador quando escuto barulhos de salto e umas vozes no corredor, me estiquei um pouco e vi a mãe do Rael. Ela era muito linda. Ela veio em minha direção e me deu um beijinho me cumprimentando.

— Estou te atrapalhando? — ela perguntou e eu neguei com um sorriso.

— Não, não está.

— O Rael está por aí? — ela perguntou

— Ele foi resolver umas coisas para o avô dele e não apareceu aqui a tarde toda. Senhora aceita um café?

— Não, Duda. Obrigada! — ela sorriu, fazendo com que meu corpo relaxasse da tensão. Todos daquele escritórios eram tão certinhos que quando aparecia alguém mais tranquilo era até um alivio.

— O Paulo está por aqui?

Eu concordei com a cabeça — Ele acabou de atender um cliente dele de São Paulo.

— Ah, não precisa avisar que eu vou entrar. Se avisar, ele não vai me deixar entrar — Letícia levantou e ajeitou sua saia. Eu poderia não avisar ao Paulo que a Letícia ia entrar, mas se ela entrasse, poderia comprometer meu trabalho.

— Não sei, Letícia....

— Não se preocupa — ela deu um sorriso — Ele não vai te demitir. Eu, Dante e Rael não vamos deixar — ela deu uma piscadinha e saiu andando. Eu mordi o lábio inferior e deixei que ela entrasse na sala. Seja o que Deus quiser.

Escutei umas falar lá de dentro mas preferi nem ligar. Era assunto dos dois mesmo. O Paulo me ligou na secretaria e eu já estava preparada para ele comer meu fígado de sopinha porque eu deixei a Letícia entrar na sala. — Eduarda, você está liberada. — ele foi curto e objetivo.

Eu engoli em seco pensando que ia ser demitida, mas acreditei nas palavras da Letícia e fui na fé. Arrumei minha mesa e peguei minhas coisas e isso incluía meu celular e minhas coisas na mesa. Chamei o elevador e desci até o térreo. Meu celular tocou e eu fui pegar o mesmo. Era um número com o DDD de minas, então, eu atendi.

— Oi — era a voz do Éric — Eu preciso falar com você.

— Não tenho nada para falar, Éric. Você tá me ligando pelo seu número antigo? Eu já tinha bloqueado.

— Para de ser maluca. Vem aqui no hotel que eu preciso falar com você — ele parecia cansado.

— Eu e a Taiane juntas no mesmo lugar ainda mais fechado? — ri irônica — Ótimo.

— Taiane não está aqui — ele respondeu — Tem como você vir rápido?

— Tá bom.

Eu ia dar uma chance para o meu irmão até porque eu também sentia uma falta do caralho dele e da relação que nós tínhamos de cumplicidade e irmandade. Eu peguei um Uber e o Éric me mandou o endereço por mensagem. Eu cheguei lá em vinte minutos e ainda paguei mais caro de Uber. Eu deixei meu nome na recepção e eu fui liberada para subir. O Éric me esperava em frente ao quarto dele.

— O que você quer? — eu fui meio grossa. Meio não. Eu fui bem grossinha.

— Entra aí. — ele olhou pra dentro do quarto e me deu passagem. Eu entrei dentro do quarto e procurei logo a cama para me sentar e joguei minhas coisas lá também.

— Eu preciso te falar da Taiane, Maria Eduarda — ele começou e eu respirei fundo. Meu melhor assunto para conversar depois de um dia de trabalho, com certeza, amo falar dela.

— O que você tem a dizer da Taiane?

— Ela tá grávida mesmo — respondeu — Ela tá com um bebê na barriga.

Eu suspendi a sobrancelha debochada — Você quer que eu faça o que? Embale a criança e crie?

— Não, Eduarda — bufou — Eu não sei se é meu ou do Gabriel.

Eu dei uma risada que chegou a ser alta. Ele me olhou sério e eu fui bem debochada, aliás, nunca perderia meu deboche nem com a corda no pescoço — O que aconteceu? Você descobriu que ela dava para o meu ex namorado também?

— Tá bom, caralho. Eu tenho uma parada mais importante pra falar com você — ele respondeu.

— O que é?

— Ela tem um vídeo teu e do Gabriel no celular dela. Os dois transando — Éric passou a mão no cabelo e eu gelei por uns minutos. Que porra de vídeo é esse que eu nunca nem fiquei sabendo? Meu corpo estava paralisado enquanto o Éric parecia nervoso pra caralho. — Eu peguei esse vídeo ontem, deu merda, descobri as mensagens dela com o Gabriel e ela me confirmou que era verdade chorando horrores falando que desde a nossa viagem pro Rio tudo tinha mudado. Eu quase perdi a cabeça com ela e como eu sou um babaca peguei a hospedagem pra ela em outro hotel porque ela tá grávida.

— Volta pra parte do vídeo — eu tentei recapitular. Última vez que eu tinha transado com o Gabriel tem um ano e meio quando terminamos.

— Tava escuro, mas dava para ver que era vocês dois. — ele bufou — Ela me ameacou com essa porra. Ela quer que eu assuma o filho dela.

— Ela não pode fazer isso, cachorra! — bufei — O que ela disse que vai fazer com essa merda de vídeo? E se for mó fake? Se for ela e o Gabriel transando?

— Da para ouvir sua voz, Eduarda. Tu acha que se eu desconfiasse que era fake eu te chamava aqui para te falar disso? — ele bufou e andou para um lado e para o outro.

— O que você vai fazer?

— Ela disse que se eu largar ela e ela voltar grávida e sozinha para Minas Gerais ela expõe esse vídeo. Eu disse que ia ameacar ela, ia prender ela, que ia dar merda mas ela tá toda confiante. Pode até ficar presa, Eduarda mas a tua moral vai parar na puta que pariu — ele bufou e eu ainda tentava recapitular.

— O que você vai fazer? — perguntei em tom baixo. Eu estava morrendo de medo mas não queria demonstrar.

— Manter as aparências até a gente voltar. Lá em Minas Gerais eu tomo minhas providências.....

Me encantou demaisOnde histórias criam vida. Descubra agora