Eduarda

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Eu calcei meu tênis na pressa e coloquei qualquer roupa que tinha por ali. Eu tinha sonhado com meu pai mais uma vez, ao invés de acordar desesperada como eu sempre acordava eu acordei muito bem. Eu tinha sentido a presença dele em mim, a gente se via na praia, eu sentia o cheiro dele, via que ele estava bem, que queria que eu ficasse bem e disse que me amava. Eu sentia a presença tão forte dele dentro de mim que foi impossível não levantar e não querer ir até a praia sentir essa sensação me preencher de novo. Pode parecer loucura da minha cabeça, mas a presença dele estava muito forte em mim como se eu tivesse acabado de reencontrar com ele. Rael pulou ainda controverso da cama e catou a roupa dele. Eu apertei o elevador para o térreo assim que deixamos a casa, descemos até a praia e atravessamos a rua. Eu tirei o tênis um pouco antes de encontrar a areia da praia. Eu senti a areia afundar nos meus pés e a paz me invadiu novamente. Rael veio logo atrás de mim ainda com cara de sono. Eu deixei as coisas na areia e fui até a água que estava gelada horrores, molhei meu pé enquanto o Rael ficou sentado ali me esperando. Ele tirou algumas fotos minhas e eu continuei com aquela paz enorme dentro da minha alma, me acalmando, me dando a sensação que meu pai também estava ali comigo.

– Posso saber porque a senhorita me tirou da cama nessa hora pra vir até aqui te ver ficar rodando na areia da praia igual prato de microondas? – ele perguntou daquele jeito dele e eu dei uma risada e joguei beijo no ar.

– Eu to sentindo uma paz absurda, Rael.

– Ah pronto. Ela é da rave agora – ele comentou sarcastico.

– Não, idiota. Eu sonhei com meu pai, na praia, ele vinha até a mim e a gente conversava – eu contei com um sorriso no rosto – Eu não acordei desesperada, Rael. Em vários anos da minha vida desde a morte dele essa é a primeira vez que eu fico feliz de sonhar com ele – eu abri um sorriso tão grande que não deixei de segurar as lágrimas que apareciam no meu rosto. – Ele tá bem. Ele tá seguro.

Rael levantou e me puxou para abraçar ele. Eu me aninhei em seus braços e chorei. Mas não choro de tristeza e sim de emoção. Eu estava completamente emocionada com o sonho que eu tive. Ele passou a mão no meu cabelo e cheirou meu pescoço – Eu fico feliz por você sonhar com ele dessa forma.

– Durante a minha infância as cenas que eu guardava na memória eram do dia do acidente, mas hoje não, hoje ele falou comigo — funguei – Você acredita em espiritualidade?

Ele ficou em silêncio mas negou com a cabeça – Sou cético pra essas coisas.

– É, você não seria tão cético assim se sentisse a energia que eu estou sentindo – respirei fundo – É uma coisa inovadora. Maravilhosa!

– Ah – ele parou de fazer cafuné no meu cabelo – Te vendo assim até que não foi má ideia acordar no susto no meio da madrugada. Eu nunca te vi tão, sei lá, feliz?

Eu dei uma risada – Ah, Rael. Só você mesmo – resmunguei. – Por mim, eu dormia na praia.

– É, mas você mora no Rio de Janeiro – ele me lembrou – Você dorme na praia e acorda sem seus órgãos. É isso que você quer?

Eu dei uma risada e um tapinha em seu braço – Você é um idiota.

– Mas sou um idiota que ainda tem os órgãos vitais.

– Menos coração, né? — eu provoquei – Você é o cara cafajeste sem coração que gosta de pisar nos outros.

Ele franziu os lábios e segurou a risada – Você tá achando
que eu to com moral pra pisar em alguem, Duarda?

– Não sei, Rael William. Você é uma grande caixinha de surpresas pra mim.

– Eu sou um livro aberto.

– É, um livro aberto cheio de capítulos embaraçados.

Ele resmungou e ficamos um tempo ali na areia. Praia estava literalmente deserta e estava começando a fazer um frio por causa da brisa. – Você já pensou no quer ser no futuro?

Ele deu uma risada – Porra, Maria Eduarda. Hoje você tá inspirada hein.

– Não, é sério – eu encolhi a perna – Não profissionalmente mas sim no estilo de vida. Personalidade e afins – eu encarei ele – Se um dia quer casar, morar fora, se formar, ser pai...

– Tudo menos casar na igreja – ele comentou e eu dei uma careta. – Coisa mais brega.

– Af, brega é você, garoto. – resmunguei – Não sabe que isso é momento lindo na vida de alguém, sei lá, encontrar o amor, se casar...

Ele levantou dando risada da minha cara. Eu mandei o dedo do meio. – Vamos pra casa, Duda. A gente volta, come alguma coisa, a gente se come e dorme.

– Insensível – rolei os olhos e segurei a mão dele para levantar do chão.

Voltamos para o apartamento. Eu fiquei deitada, assisti televisão até dormi com os braços do Rael enrolados no meu corpo. Eu dormi profundamente tranquila essa noite.

Não era só pelo sonho.

Também era pelo Rael.

– Instagram 📸

@dudabarcellos: Uma presença inexplicável

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@dudabarcellos: Uma presença inexplicável. Uma sensação que eu nunca vou saber descrever. 💜
@raelackler: é assim que você se sente perto de mim, né?

Me encantou demaisOnde histórias criam vida. Descubra agora