Me encantou demais

Eduarda

— Para de brincar com a minha cara, Rael – resmunguei e fui pressionar meus braços na borda para poder sair da piscina, mas ele segurou minha cintura me impedindo de sair. Eu olhei para ele e encarei seus olhos vermelhos por conta do cloro da piscina por alguns segundos. Rael sabia como fazer um contato visual fudido para te manter presa nele. — Você com certeza tá falando essas paradas para mim e vai repetir para qualquer garota que você encontrar lá na festa à noite.

Ele deu uma risada e continuou me olhando — Eu posso até falar algumas coisas para elas caírem no meu papo mas não vou dizer que quero ninguém. Porque eu quero você.

Eu saí da piscina e fui procurar alguma coisa para me enrolar porque apesar de estar um calor dos infernos eu estava sentindo frio. Tenho certeza que foi arrepio causados pelo Rael. Ele saiu da piscina e veio em minha direção enquanto eu me cobria com uma toalha e ficava sentada em uma espreguiçadeira que tinha ali. – Você gosta de brincar comigo, né?

— Defina brincar, se for outro tipo de brincadeira – ele respondeu com um sorriso sacana no rosto e eu continuei séria. Só assim ele entendeu que eu não estava brincando com ele naquele momento.

– Tô falando que é legal pra você, né? Ficar com a amiga do seu irmão que mora na mesma casa que você, transa fácil, fica quando não tem ninguém melhor pra ficar — suspirei cansada. Eu odiava me sentir assim apesar de ter concordado com ele que nossa relação era completamente aberta. Eu odiava e me sentia uma garotinha de quinze anos por pensar dessa forma. — Você gosta disso, né?

Ele ficou parado olhando para mim por um tempo e depois pareceu formular alguma resposta para me dar – Você tá viajando, Eduarda. Eu nunca te tratei como uma qualquer.

– Eu não to viajando, Rael. Só disse que para você é divertido ter esse tipo de relacionamento. Você sabe que eu vivi no meu último relacionamento? — eu ia começar a contar e ele ficou preparado para ouvir. Mas eu não estava preparada para tocar nesse assunto e acho que ele já teve até uma ideia de quão podre poderia ser meu ex namorado e minha ex melhor amiga. Eles eram nojentos. Eu mendigava amor do Gabriel e jurei para mim todos os dias depois de sofrer por aquele idiota que não deixaria mais ninguém me levar com palavras meia boca. — Você não pode dizer que me quer se você realmente não me quiser.

— Mas eu quero — ele respondeu e caminhou até a mim novamente. Eu respirei fundo e procurei meu chinelo pra não entrar em casa molhada. – Você sabe do que eu to falando, né? Eu quero você, eu curto você, eu gosto dos nossos papos....

— Eu também curto isso tudo, Rael. – respondi enquanto procurava minhas coisas para poder entrar em casa. — Essa não é a questão, porque a questão é justamente você dizer coisas das quais não está preparado para dizer. Mexer com meu coração mole pra caralho e depois ficar com qualquer uma na minha frente. Essa é a questão, inferno.

Eu desci as escadas com cuidado para não escorregar e cair ali mesmo porque além de tudo ia parar no hospital. Meu dia ia ser lindo. Eu fui até meu quarto, entrei no mesmo e fechei a porta. Estava afim de ficar um pouco sozinha numa atitude meio criança mas que era um mecanismo de defesa. Eu não queria pensar nas palavras do Rael porque mexeram comigo. Ele dizendo que me queria, a cara de ciúmes dele ontem por causa do Marcelo e todas as outras coisas que ele vem demonstrando. Eu não queria perceber nada disso porque eu acabo alimentando um sentimento que não existe.

Eu fui para dentro do banheiro, liguei o chuveiro e tirei aquele cloro de mim. Depois hidratei meu cabelo por conta do cloro e comecei a separar minhas roupas para sair. Nem estava mais com vontade mas se eu furasse com certeza a Isabela faria picadinho de mim porque segundo ela tinha pago até meu ingresso. Fiz uma maquiagem para a noite e peguei um body com short como sempre, coloquei uma bota e fiz um rabo de cavalo alto. Amarrei um casaco na cintura como de costume e caprichei no batom vermelho.