Eduarda

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Só vai ter um post porque hoje eu não estou legal, tudo bem?

Acordei no dia seguinte com os braços do Rael envolvidos no meu corpo. Eu tirei delicadamente de cima de mim e fui tomar um banho e escovar os dentes. Tudo estava em silêncio e se o João dormiu em casa provavelmente ele chegou tarde pra cacete e não mandou nem mensagem. Dei uma olhada no quarto dele mas a porta estava trancada. Fiz um queijo quente e tomei com o meu café quentinho e bem forte. Meu celular apita e eu pego o mesmo em cima do balcão da cozinha.

— Mensagem ✉️ (1)
Giulia: Amiga, tá aí?
Eduarda: Acordei agora, amiga.
Giulia: Ótimo. Minha mãe tá dormindo, a gente discutiu e eu quero ficar um pouco aí na sua casa. Tudo bem?
Eduarda: Claro amiga. Eu passei café agora.
Giulia: Senti o cheiro. João tá aí?
Eduarda: Olha, se ele está eu não sei, não mandou mensagem. Por que?
Giulia: Por nada. To indo aí.

Giulia chegou minutos depois, me cumprimentou, tomamos café na varanda enquanto ela falava da mãe dela. Pelo o que eu estava entendendo a mãe dela tem o maior rolo do universo com os pais dos garotos que até cair na porrada com a Letícia ela já caiu. Que o pai dela não ligava muito pra ela e que a tia dela ás vezes era mais mãe dela do que a própria mãe dela. Era um monte de confusão.

– Mas, você disse pra sua mãe procurar outro lugar pra ficar porque na sua casa não estava dando? – eu perguntei e ela respirou fundo.

– Eu disse, Duda. Mas a minha mãe é foda. Ela terminou o namoro agora e estava até morando com o gringo lá, só que ela não da certo com ninguem, vive se frustrando e quando ela deu de cara com o João ontem ela só faltou jogar toda a frustração ela em mim. Ela quer que eu leve a mesma vida que ela, mas eu não consigo – desabafou. – Ela disse que eu vou terminar que nem ela. Com uma criança no colo, todo mundo apontando o dedo e chamando de piranha e bla bla bla.

– Sua mãe é complicada – comentei – Que rolo todo é esse com a Letícia e o Dante?

– De anos – ela estalou os dedos – Quando eu descobri que eles eram filhos da Letícia comentei com ela sobre isso e ela mandou eu me afastar. Disse que daquele mato não sai nada que preste.

Eu dei uma risada – Em certo ponto ela tá certa, amiga. Eles eram os maiores filhas da puta do universo.

– Não da pra medir alguém por isso, Duda – ela respondeu rebatendo. – João é um sem vergonha, mas mesmo assim, eu gosto dele e gosto de ser amiga dele.

– Só amiga? – Eu perguntei e ela resmungou.

– Não quero que ninguém fique comigo de forma forçada.

– Entendi, amiga. – respondi – Espero que tu consiga se livrar dessa barra logo, hein. Uma outra pessoa que está tirando minha paciência é a Nicole.

Ela me olhou sem entender nada – O que essa garota fez?

– Teve lugar de fala – rolei os olhos – Ficou me atacando desde aquele dia do churrasco e eu ignorei. Fingi que não era comigo, ela veio pediu desculpas, eu relevei e agora ela fez uma gracinha outra vez comigo.

– Por causa de macho? – ela perguntou e eu concordei – Aí, olha, sinceramente......

– Isabela disse pra eu relevar que ela era nova, acha que homem é tudo, quer criar rivalidade e bla bla bla. Mas eu não consigo engolir tudo a seco, sabe? Tem coisas que não passam da garganta – eu bufei – Ela já estourou minha cota.

Giulia foi lavar as xícaras de café e eu vi umas mensagens que estavam ali no meu celular. Tomei um susto quando vi o número do meu irmão.

– Mensagem (1)
Erick: Eu preciso falar com você.
Eduarda: O que houve, Erick?
Erick: Aquele vídeo da Taiane era falso. Não tem porra de sexo nenhum. Não era voce.
Eduarda: O que?
Erick: Não da para ver nada direito, cara. Ela armou, era ela com o Gabriel naquele vídeo. Ela só editou algumas partes para parecer que foi você.
Eduarda: Caralho! Eu to muito puta.
Erick: Faz o seguinte. To aqui na rodoviária, peguei minhas tralhas e to indo pro rio.
Eduarda: Você vai ficar aonde?!?
Erick: Com você e sua amiga.

– Puta que pariu! – eu exclamei e larguei o celular na mesa. Giulia olhou e suspendeu a sobrancelha.

– O que houve, amiga? – ela perguntou para mim.

– Meu irmão. Tá vindo pro rio e o pior, vai cair aqui em casa.

– Que que tem? Essa casa é gigante. – ela deu de ombros – Ele pode ficar até aqui na sala, no sofá....

– Não, Giulia. Quando minha mãe me deixou vir para o Rio eu disse a ela que ficaria provisoriamente na casa de uma amiga – respirei fundo – uma mulher não dois homens.

– Hm – ela grunhiu – Eu posso ser a tal amiga que você mora. Olha, ele vai saber de um jeito ou de outro que você mora com dois homens – ela foi sincera – Podemos dar uma enrolada inicial e ele pode ficar lá em casa. Tem dois quartos, eu fico com um e ele com outro.

– Tá, mas a sua mãe? – eu perguntei.

– Não tem problema. Minha mãe vaza de lá em dois tempos e agora eu vou ter uma desculpa boa pra isso – respondeu – Não pira, tá bom?

Eu dei um sorriso aliviado. – Aí, amiga. Obrigada!

Escutamos umas vozes e continuamos ali no nosso cantinho fofocando. Era o João, ele apareceu sem camisa no corredor e olhou para a gente ali na varanda. Ele congelou um pouco quando viu a Giulia. Ela deu um sorriso de lado como se fosse um "bom dia".

– Aí, João. Eu to morrendo de vergonha da Duda ou do Rael pegar a gente aqui – Lia vinha comentando do corredor com uma camisa do João. Foi questões de segundos pra o clima ficar pesado pra caralho.

Giulia encarou a xícara e o João ainda estava sem saber como proceder com aquilo tudo. Lia queimando as bochechas de vergonha. Olhou em nossa direção e comentou morrendo de vergonha. – Bom dia, gente.

– Bom dia, Lia – respondi educadamente.

Me encantou demaisOnde histórias criam vida. Descubra agora