Dois Mundos parte 1

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De todos os prazeres que a vida o tinha proporcionado esse era o melhor deles, poder ter um filho. Um belo menino. Um garotinho enorme de olhos claros e cabelos castanhos. O príncipe herdeiro ao trono que...

"Ele herdou bem mais do que pediu. Na sua lista de desejos nunca esteve um reino, porém o menino se adaptou. Soube viver com aquele peso na cabeça."

— Bem-vindo ao mundo Ben

Bela falava feliz em ter o bebê em seus braços.

— Eu ainda não acredito que ele é real.

Adam disse contendo a emoção

— Sim, olha para ele, um pequeno príncipe

— É, ele o príncipe e herdeiro de Auradon.

— Adam!

— O que? É verdade, você também leu as leis, os nossos descendentes serão os governantes de Auradon, até que, decida-se ao contrário.

— É, eu sei, mas ele não precisa ser cercado de tanta informação, não por enquanto.

— Está bem, por enquanto não, mas já saiba Benjamin, logo você porá uma coroa e será rei. Meu filho, rei do Estados Unidos de Auradon.

(...)

Fada Madrinha estava incumbida de traduzir o que Cirse tinha dito para Adam, o que tornava a coisa difícil era o fato de que ela mesma não ouviu e segundo o rei o idioma era desconhecido. Tudo que tinha era as palavras que ele tinha achado ouvir. Talvez, o certo deveria largar isso para lá e Fada Madrinha deixaria para trás, se não gostasse tanto de desafios. Aquilo com certeza demandaria muito mais que um dia de trabalho.

Um ano e meio depois

Era inacreditável, até aquele momento sua descoberta acerca do que aquela bruxa falou era mínima. Não importava, podia ter trabalhado o dia inteiro na escola, sempre que podia voltava a seus escritos. Além disso, para o desespero de Adam outra vez Cirse desapareceu do mapa. Nem sinal dela em nenhuma província, como uma mulher podia sumir assim?

— Fada Madrinha, com licença.

Um dos professores da escola veio chama-la

— Sim? — Estava tão concentrada lendo o terceiro livro de idiomas antigos que nem ouviu a porta. — Oi, pode entrar. — Tirou os imensos óculos de leitura do rosto e deu passagem para que o menino entrasse na sala adequadamente. — Posso ajudar?

— Sim, chegou os relatórios da Ilha dos Perdidos. — O homem entregou a ela as imensas folhas. — Ah, e o Yen Sid lhe enviou essa carta.

— Está bem, obrigada.

Com tantos reinos para administrar e um filho de pouco menos de um ano, Adam e Bela pediram que ela tomasse conta da Ilha dos Perdidos. O que envolvia, não deixar que os vilões fugissem, como se fosse possível, entre outras coisas.

Ela pegou os documentos. Não era nada demais. Os papéis relatavam sobre a quantidade de pessoas na ilha, os alimentos que iam, medicamentos que podiam ser enviados, entre alguns assuntos burocráticos. Contudo, este relatório estava envolvido a ida anual de um médico para lá, que parecia que teria que ser adiantada, já que, para a surpresa total da monarquia e da fada, os vilões estavam tendo filhos. E com a quantidade de mortalidade, foi decidido por bem mandar o homem para lá.

Fada Madrinha separou os documentos mais urgentes em uma pilha, recomendações em outra, as reclamações em outra e foi ler a carta. Yen Sid não era de enviar cartas com frequência, para que isso acontecesse, algo de muito grave deveria ter acontecido.

"Cara Fada Madrinha,

Como lhe disse nos relatórios, alguns vilões estão tendo filhos. Não me pergunte com quem, porque me abdiquei desses detalhes, mas ao que parece algum louco resolveu ter um filho com Malévola. Minhas apostas estão entre Hades e um ladrão de bancos de Corona, ela andava com os dois, porém não serei eu a perguntar da paternidade dessa criança. O imponente dragão agora estava trancada em casa reclamando de dores nos pés e enjoos, cena engraçada confesso, já que tudo que sei sobre ela é o que me contaram, não me parece assustadora.

Pois bem, a criança, que é o assunto dessa carta. Ela nasceu prematura. Um mês antes do previsto. No dia do nascimento tudo estava uma terrível bagunça, creio que nunca presenciei um parto assim. Apesar de vim cedo, ocorreu tudo bem. A menina não nasceu com chifres, graças a Deus, na verdade ouso dizer que é uma bebezinha linda. Ela me parece pura demais para viver neste lixo de lugar, tem uma boca pequenina de princesa e olhos tão verdes quanto os da mãe, mas os dela de tão intensos me causam calafrios. Nasceu com uma marca de dragão no antebraço esquerdo e seus poucos cabelos são roxos, sinal de magia. Contudo, como ela não sairá nunca da Ilha, acho que não devemos nos preocupar, principalmente se não sabemos se essa criança irá sobreviver. Pelo que me parece, ela é metade fada e nascer aqui sem contato algum com magia parece fadá-la a morte certa, além de ser filha daquilo.

Receio que o mais triste dessa história foi que Malévola não desenvolveu nenhum vínculo afetivo com a filha, não há amor ali, infelizmente. Sinto pela criança, que é uma bebê realmente adorável, se não fosse pelos cabelos diria que poderia viver normalmente com a nobreza auradoniana. Bom, é isso, não devemos nos preocupar agora, obviamente que tem magia nas veias, mas não usará, vocês de Auradon estão seguros. A senhora irá achar engraçado o nome do bebê. Malévola se achando superior a todos, deu o próprio nome a filha, porém disse que a menina só usará esse nome quando for digna de tal, por enquanto é só Mal. A doce filha de Malévola se chama Mal, engraçado nascer uma criatura tão adorável daquele que ser, não acha?

Ass: Yen Sid.

( Ps Aurora; terceira vez que repito essa carta, mas amo ela de verdade. Não imagino que ninguém em Auradon tenha falado nada a respeito do nascimento de Mal.)

Fada Madrinha já tinha acostumado com as notícias de bebês nascendo, mas a notícia de um filho de Malévola levava o problema para um nível um pouco pior. No entanto, ela tinha mais problemas para se preocupar, afinal ao que parece o príncipe de Auradon tinha sido "amaldiçoado" e se de fato fosse isso, em qualquer momento a maldição se tornaria real.

(...)

Cedric lia feliz as páginas do livro tomando forma. Cada dia mais apareciam palavras e mais palavras, fotos eram poucas. Por incrível que parece já sabia como eles seriam aos sessenta anos, mas nada de imagens de agora. Sua curiosidade aguçada, estava sendo cessada com um novo capítulo que começava.

— Venha cá Félix, mais um capítulo. —Ele chamou pelo gato, que pulou em seu colo como se também pudesse ler o que estava contido no livro. — Olhe só: o berço dela não era feito de ouro e seus sonhos não eram doces. A realeza em sua vida vinha de forma maligna, assim como o seu sangue. Essa era a verdade, o sangue dela era carregado de uma linhagem de quem só fez maldade até o momento. Entretanto, não pediu isso. Interessante, não acha Félix? Bom, pelo que vejo ela não é uma princesa. O quão distante eram os seus mundos?

Once Upon a DreamOnde histórias criam vida. Descubra agora