A caminho de casa Ben tinha uma sensação de alívio por tudo ter acabado aparentemente bem. Queria fazer uma bobagem enorme, uma que sabia que não faria depois de por aquela coroa na cabeça e conseguiu. Os últimos três dias foram sequências de atos que jamais se repetiriam. Ele riu do que fez, pois este menino de agora não parecia nada com o Ben de uma semana atrás.
Toda essa alegria acabou quando pisou em casa, viu que o pai estava lá. Não esperava vê-lo tão cedo. Geralmente Adam e Bela iam dormir cedo, ainda não era tarde, mas o rei de Auradon não costumava ficar na sala de estar a noite.
— Pai, está tudo bem?
Perguntou já receoso. De repente sua ida escondida até a Ilha dos Perdidos não tenha sido tão escondida assim.
— O que você acha?
A ex fera que não parecia feliz desde que chegou em casa agora estava com um semblante ainda pior.
— Não sei, você que está na sala no escuro.
Sua tranquilidade de dois minutos atrás estava indo embora cada vez mais rápido.
— Acha mesmo que eu não ficaria sabendo?
Benjamin ficou pálido, seu sangue parou de circular e só pensava nas piores consequências.
— Eu não sei do que o senhor está falando.
Sem ele notar se afastou-se do pai.
— Eu só te pedi uma coisa Benjamin. Você só tinha que presidir uma reunião!
Quando ainda que bravo Adam disse isso, Ben sentiu outra vez seu coração voltar a bater.
— Era isso?
Disse respirando aliviado
— "Era isso?" Você agiu como um adolescente imaturo Benjamin! Pedi que conversasse com aqueles homens e agora eu que terei que conversar e tentar convencê-los a não adiar a coroação de novo. Quantas reuniões você já esteve à frente? Esperava que desse conta desta.
O rosto dele denunciava a raiva que estava sentindo. Ele estava vermelho e tão nervoso como em seus dias de fera.
— Pai...
— Não te pedi nada demais, tudo que precisava fazer estava nos papéis. Onde estava a dificuldade? — Embora Adam fizesse perguntas, nenhuma necessitava de resposta. Tudo que queria era desaguar toda a sua raiva no menino. — Achava que podia te confiar isso, mas pelo visto estava errado, agiu como um menino despreparado. Achei que...
— Será que você pode me ouvir?! — Ben gritou. Se o rei poderia gritar como uma fera, o filho também sabia fazer o mesmo. — Nem tudo está no papel pai! Eu li e reli todos aqueles documentos mais de uma vez e não adiantaram de nada, porque eles não me querem como rei, querem você. — Não estava nervoso, porém ouvir todas aquelas acusações do pai fez tudo isto sair dele. — Eles não querem a mim, querem a você. Seus documentos, suas respostas, seu governo. Não eu pai, e sim, talvez eles estejam certos, talvez eu não devesse pegar aquela coroa
Quando ouviu isto a fera desarmou e Adam gentil e pai voltou à tona.
— Filho, não importa o tempo, aquela coroa vai ser sua. — Aproximou-se dele. — Goste ou não Ben, será rei de Auradon e aqueles homens gostando ou não te terão como rei deles.
— Não estou pronto para isso pai.
— Está, você só precisa descobrir isso. Me perdoa pelos gritos. Os últimos dias foram agitados para mim.
— Está tudo bem, vou para cama.
Não iria dormir com tanta calma como achava, não com a mente mais turbulenta do que nunca.
(...)
Ilha dos Perdidos
Mal estava feliz de estar de volta ao lar. Todas as gritarias, brigas, roubos e tudo que formava o cenário da Ilha a fazia sorrir. Enquanto andava pelos becos até sua casa grande parte sua estava feliz, aquele era seu lugar, porém havia uma pequena parte sua pensava em Auradon e como as coisas eram diferentes daqui. Não se importaria se tivesse mais cores pelos lugares ou se pudesse comer uma daquelas maravilhosas comidas que experimentou, além dessa vaga lembrança, tinha algo que a menina queria mais que tudo. Continuar a amizade que estava formando com Carlos e Evie. Jay era seu parceiro há tempos, mas a forma que se falaram nesses dias, longe de qualquer furto ou briga foi diferente, e até Evie que era diferente dela, gostaria de ter uma amizade com ela.
Ao olhar para casa, o velho castelo da Barganha, percebeu que continuava igual. Entrou, jogou a jaqueta em qualquer canto, abriu a vazia geladeira e já ia para o quarto.
— Ora, ora, ora, veja quem voltou para casa
A voz inigualável de Malévola parou os passos de Mal.
— Oi.
Disse breve. Já estava tarde e queria dormir.
— Onde você esteve nos últimos dias?
Perguntou assustando Mal não só pela pergunta, mas pelo tom de voz.
— O que?
— Quero saber por onde minha filha andou, já que, tem três dias que não aparece em casa
— Ah sim, eu...eu...eu estava por aí. Queria tomar o território da Gothel, mas demorou mais tempo que queria.
Tentou mentir, o que fazia tranquilamente, mas com a mãe era mais difícil fazer isso.
— Acha que sou burra Mal?
— Por que eu acharia isso mãe?
— Eu lhe ensinei a mentir e essa Ilha não é tão grande quanto pensa. Sei que não esteve nem no Porto com a filha insuportável de Ursula e nem com o filho do Jafar.
— Bom, acho que a Ilha não é tão pequena quanto você acha, já que, você não faz ideia de onde o meu pai está há dezesseis anos.
A filha devolveu a ironia.
— Entra para o seu quarto agora
Falar de Hades era o ponto fraco de Malévola e a maneira mais eficaz de irritá-la. Em outro momento gostaria de ver a preocupação da mãe, mas não agora.
No quarto foi direto para a sacada da janela ver as luzes de Auradon. Era engraçado pensar que estava lá há algumas horas e agora tudo não passava de grandes luzes distantes dela.
Sempre teve certa curiosidade de saber como era e agora sabia, se pudesse iria dizer a todos dali que não tinha nada a ver com o que eles imaginavam.Mais tarde foi se deitar e sua mente foi rodeada do que não sabia ser lembranças ou um sonho...
(...)
Estados Unidos de AuradonBen deitou em sua cama e deixou a janela aberta para observar a Ilha dos Perdidos, sua curiosidade sobre o outro continente ainda não cessou, pelo contrário, aumentou. Agora que conheceu seus novos amigos, queria saber mais de lá. Iria dormir, não em paz ou com o coração calmo, porque depois da conversa com seu pai tudo que não conseguia fazer era ter um boa noite de sono.
"Depois de ver os olhos que só conhecia em sonhos, o brilho deles nunca mais saia de sua cabeça. Uma distância que existia e logo deixaria de ser..."
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Once Upon a Dream
Hayran Kurgu"Eu te conheço, andei com você uma vez num sonho. Eu te conheço, seu olhar tem um brilho familiar e eu sei, é verdade que as visões são raramente o que parecem." O amor de Ben e Mal era um amor que já estava sendo escrito há vários anos. Quando fina...