Fogo Verde

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Refúgio das Fadas

Sem chão. Não tinha o que dizer além disso. Mal estava em prantos e sem querer qualquer tipo de consolo. Se tinha dúvidas antes, agora seus questionamentos internos triplicaram de tamanho. Uma avó. Ela não ganhou somente uma avó, ganhou um passado e dúvidas para lidar. Apertou a carta sobre o coração como se quisesse que aquele papel atravesse seu peito. Nunca em sua vida tinha se sentido dessa forma. Não sabia como pensar em sua mãe agora, pena ou raiva? Raiva de um ser tão vazio e egoísta ou pena por ser assim?

Mal levantou-se e foi até a sala da rainha. Queria falar com ela. Podia ter dúvidas sobre si e sobre seu mundo, mas para além desses sentimentos, tinha algo, aliás alguém que não saía de sua cabeça. Babá. A avó dela, alguém que acabará de conhecer pelas palavras de uma velha carta.

—Mal? — Clarion assustou-se quando virou-se e viu a menina dentro de sua sala. Seu assombro também era principalmente pelo estado em que a menina estava agora. —Está tudo bem?

—Babá. — Ela tentou dizer em meio ao choro. Parecia que as lágrimas guardadas durante toda sua vida estavam sendo derramadas agora. — Preciso saber dela.

—Claro. — Clarion sempre soube como se portar diante das piores situações de sua vida. Qualquer uma das fadas do Refúgio poderia confirmar isso, todavia, nem mesmo Tinker Bell em todas as suas aventuras deixou a rainha como estava agora. — Sente-se aqui. — Levou ela até a mesa e a entregou um copo de chá. — Leu a carta, pelo que vejo. O que quer saber?

—Tudo que puder me falar sobre ela.

—Está bem. — Respirou fundo e pela primeira vez seus pés pisaram o chão. — Babá era uma grande fada, muito poderosa e...

— Eu quero saber dela, como ela era.

Mal enfatizou. Não queria saber dos poderes e da magia envolvida.

— Tudo bem, essa era bebida favorita dela. — Mostrou o chá. — Leite de Lirio. Babá era única, não somente pela magia, mas pela forma carinhosa que tratava todas as fadas. O amor que demostrava com todos, ela era responsável e sabia como cuidar das fadas da escola, enquanto lidava do mundo dos humanos. Era carinhosa e sábia. — Sua voz embargou e parecia certo que choraria a qualquer momento. — Ela tinha os melhores conselhos e abraços do mundo.

—E minha mãe? Chegou a conhecê-la?

—Não, eu vivia numa parte mais distante na Terra das Fadas e depois destruição...não tem muito o que falar.

—Foi muito feio? O que ela fez nessa Terra das fadas foi muito ruim?

Nunca sentiu vergonha dos feitos de Malévola, sempre se manteve distante de tudo que ela, mas agora sentia-se envergonhada pelos crimes de sua mãe.

—Foi, nunca vi nada parecido com aquilo.

—Eu sinto muito.

Era o máximo que poderia oferecer, mesmo que o sentimento presente dentro dela nesse momento era como se ela mesmo tivesse incendiado a escola.

—A culpa não foi sua. — Apertou as mãos geladas da adolescente e sorriu. — Sobre sua avó, saiba que ela te amava muito Mal.

—Como amar se nem me conheceu?

Amor era um sentimento que ainda estava entendendo e saber sobre sua avó confundiu muito do que achava saber.

— Conheceu sim Mal, Babá passou os últimos dias vendo você.

—Como? Quanto tempo faz que ela morreu?

— Há 276 luas. — O semblante perdido de Mal a lembrou que a menina não era uma fada totalmente. — Isto é o calendário humano é mais ou menos vinte e três anos e se quiser realmente entender essa parte, o Rashid explica melhor. Ele sabe de magia muito mais do que eu, mas não diga, aquele gato já se acha demais. — As duas riram em concordância. — Mal, você é muito especial.

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