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Entrei no quarto tirei a roupa e me joguei na cama. Eu tava na merda. Ouvi alguém bater na porta, levantei na força do ódio e fui atender.

- Fala mano, tô na merda pai! Bebida de lá derru...-Arrasaeta me interrompeu.

- Cala boca! Eu vi! - naquele momento quase me mijei, puta que pariu, o que ele viu?

- Vai ficar me olhando com essa cara de otário? Começa a falar logo antes que eu dê um soco nessa sua cara! - ele me empurrou pra dentro do quarto

- Calma irmão, não sei do que tu tá falando.- me fiz de pão, mas lógico que eu sabia.

- Porra Gabriel, quando tu vai parar de ser muleque? E vai virar homem? Acorda parceiro, tu vai ser pai! Em algum momento tu pensou na tua filha? Ou melhor, pensou na mãe da tua filha, a Bárbara?

- Mano, foi só um beijo...- abaixei a cabeça.

- Ah, então agora você sabe do que eu tô falando? - ele me deu mais um empurrão. - vou logo te avisando, se tu não contar pra barba assim que pisar no Brasil, eu vou contar!

- Que isso cara, vai estragar meu relacionamento! Você que me chamou pra sair, lembra?

- Oou tá louco? Eu te chamei pra sair com o time, se divertir com os caras, por acaso te apresentei alguma mina? Mandei você ir beijar a boca de alguma mulher? Ou você ouviu alguém dizer que ia sair pra pegação? Todos nós temos compromissos Gabriel, e filhos. Sabemos nosso lugar de homem, mas pelo visto você não né? A barba quase desistiu de você por causa de uma ligação, tu é idiota? Todo mundo falando que tu mudou, inclusive eu, mudou porra nenhuma!

- Eu vou resolver isso...- eu falei com os olhos cheios de lágrimas.

- É melhor mesmo, porque tem uma mulher grávida de 6 meses tá esperando ansiosa por você no Brasil e não vai ficar nada feliz com o que você fez. - ele disse indo até a porta. - Boa sorte!

Arrascaeta saiu e eu continuei ali. Estatelado, a ficha tinha caído, eu fui muleque, o Arrasca tem toda a razão. Como eu vou falar isso pra Bárbara? Não consegui pregar o olho a noite inteira. Cochilei por algumas horas antes de ir pro aeroporto. Arrascaeta nem olhava na minha cara. Dava pra cortar o clima com uma tesoura. Desembarcamos e eu me despedi de todos. Fui direto pra casa.

- Barbie, cheguei! - olhei pra escada e ela está tão linda. Com uma blusa minha que estava parecendo mais um vestido nela, e com aquele barrigão maravilhoso marcado na blusa.

- Oi preto! Que saudade!!! - ela estava com um sorriso tão radiante, e tava tão cheirosa. Esqueci completamente do que tinha acontecido na viagem.

Barbara

Estava arrumando umas coisas minhas no armário, quando escutei a porta. Comecei a descer os degraus e vi o Gab.

- Barbie cheguei! - eu odeio isso, mas eu amo quando ele me chama, vai entender.

-Oi preto, que saudade!!!- dei um sorriso e lhe dei um abraço.

- Como você tá meu bombonzinho? E a Maria? - ele disse me fazendo um esquimó com o nariz e colocando a mão na minha barriga.

- Estamos bem, estávamos com saudade de papai, nem filha? - coloquei minha mão por cima da dele.

- amor, vou subir tá? To mortão. Quase nem dormi essa noite.

- Isso se chama cachaça!- eu ri e ele também.

Ele subiu pra descansar e eu decidi lavar umas roupas. Minhas fase de risco já havia passado e eu já tava podendo fazer de tudo. Normalmente os serviços domésticos são feitos pela dona Leila, mas ela tava de folga, então decidi fazer eu mesma, até que eu gostava. Gritei perguntando se podia lavar as roupas que estavam na mochila e ouvi um "pode" bem distante. Abri a mochila e puxei algumas peças de roupa. Levei pra lavandeira e juntei no cesto junto com umas peças minhas. Comecei a separar uma a uma. Estavam que é perfume puro. Gabriel só não usa perfume pra dormir, mas garanto que usaria se pudesse. Fui colocando as roupas na máquina e notei que a blusa branca dele, estava manchada. Puxei a blusa pra olhar de perto e puta que pariu. Era marca de batom, dava até pra perceber a forma toda borrada de um lábio. Poderia ser minha imaginação? Podia, mas foda-se, aquilo não deixava de ser batom. Peguei a peça furiosa e subi. Gabriel estava morto na cama. Comecei a catar as minhas coisas e enfiar na mala, não fiz nenhum esforço pra não fazer barulho, eu queria mesmo era que ele acordasse, esse traidor do caralho!

- Bárbara? Tá fazendo o que amor? - ele disse ainda rouco.

- Amor e o caralho!- eu falei e joguei a blusa no meio da cara dele.- o que que isso Gabriel?! - ele olhou a blusa e a cara dele dizia tudo.

- Pera aí amor, deixa eu explicar...- ele veio atrás de mim enquanto eu puxava a mala pra fora do quarto.

- Explicar o que?! Que você disse pra otária aqui que ia pra Itália trabalhar e na verdade foi arrumar uma amante? Não precisa explicar nada!

- Que mané amante Bárbara! Olha amor, pra que essa mala? Senta aqui vamos conversar por favor? - comecei a chorar e respirei. - amor não chora...

- Gabriel.- soltei todo o ar. - Tudo bem. Eu tô com essa barriga imensa a gente não tá transando mais já tem um tempo, você deve estar se sentindo sufocado porque eu vim morar contigo do nada, deve tá querendo liberdade e eu não tô podendo sair como antes, você se sentiu preso a mim e isso aconteceu. Mas agora você não me deve mais satisfação sobre nada da sua vida. Agora você tá livre pode fazer o que você quiser ficar com quem você quiser mas você podia ter vindo conversar comigo antes de fazer merda. - enxuguei as lágrimas.

- Amor tá doida? Eu amo você, amo nossa filha. Eu não tô nem aí pro sexo, com tanto que esteja com você. Tenta me entender amor, eu tava bêbado, e foi só um beijo.

- Não uso o álcool como justificativa pro teu erro. Se nós amasse mesmo, não teria feito o que fez. E eu não preciso entender nada, como eu já disse, você não me deve mas satisfações. - abri a porta e coloquei a mala pra fora.

- Bárbara? Por favor, não faz isso comigo. Olha o tamanho da tua barriga, teus pés estão inchados. Vai pra onde com essa mala pesada?

- Não tá pesada, peguei apenas o essencial. Depois eu isso pra Juliana buscar o restante.  Tchau Gabriel.

- Amor, por favor...- ele disse já chorando de soluçar.

Sai e Bati a porta.

-

Meu camisa 9Onde histórias criam vida. Descubra agora