Capítulo LIV ○ Jaebeom

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— Em um pequeno espaço de tempo vocês não só causaram perturbações aos outros campistas, como também destruíram propriedades do acampamento. Nós, os professores responsáveis e os líderes do acampamento, demos várias chances a vocês, castigando da forma que achavamos justa, mas mesmo assim catástrofes continuaram a acontecer. É como se vocês trouxessem o caos completo por onde passam, não teve um minuto se quer nesses dias em que passamos aqui em que vocês não tenham causado transtornos, e o que falta para nos matar? Atear fogo no refeitório? Acertar alguém com o Arco e flecha? Vocês são um perigo para si mesmos e para os outros também. — Sr. Yin, o demônio, esbraveja toda a sua raiva para cima de nós. Queria eu que os outros professores estivessem aqui também, os legais, que não querem ver nossas cabeças rolando, mas é claro, a pessoa responsável pela nossa turma tinha que ser justamente a pessoa que mais nos odeia.

Youngjae muda o peso do corpo de uma perna para a outra ao meu lado e suspira bem audívelmente. Ele tentou muito escapar bem rápido da cena do suicídio da motosserra, mas antes que ele pudesse ir a qualquer outro lugar, Sr. Yin e o lider do acampamento chegaram até nós, com a desculpa de que iriam supervisionar o que estavamos fazendo, e assim viram a motosserra completamente encoberta de fumaça. Não é preciso falar que eles ficaram putos, né? Porque segundo eles, "agora a gente não só tinha detonado o Jeep e derrubado uma árvore, como também estavamos também tentando atear fogo na floresta usando a motosserra", o que não é verdade, é claro, porque não tinha fogo, só fumaça mesmo.

Todavia, eles nos trouxeram para a sala do lider do acampamento depois de se certificar de que a motosserra não iria explodir, e começaram o que eu carinhosamente apelidei de "nosso julgamento", onde condenam nossos crimes de uma forma bem injusta, já que não temos advogados de defesa e eles não nos deram permissão para explicar o que aconteceu de verdade, apenas disseram pra gente ficar ali, em pé na frente da mesa, e começaram a falar e falar e falar, porque é isso que as pessoas velhas fazem, elas falam.

— Seremos obrigados a aplicar um castigo mais pesado, caso contrário teremos que ligar para os seus pais. — O Sr. Lider do acampamento fala calmamente, destoando completamente do tom raivoso do Sr. Professor capeta. Todos assentimos em concordância, porque, falando sério aqui, tá todo mundo com o cu na reta e se nossos pais forem acionados provavelmente a gente vai ficar sem conseguir sentar pelos próximos anos.

— O castigo que a gente levou antes não era considerado pesado? Qual a definição de pesado pra esse povo então? A escravidão? — Escuto Bambam sussurrar para Jackson atrás de mim, mas Jackson apenas murmura um "cala a boca", porque se o nosso cu já está na reta, imagina o dele e do Mark.

— Acho que a gente deveria primeiro se acalmar. — Youngjae comenta do meu lado, em alto e bom som, e instantâneamente todas as cabeças se viram em direção a ele, até mesmo a do Sr. Professor dos infernos que estava ocupado resmungando para lá e para cá. — A situação poderia ter sido ruim, mas nós conseguimos conte-la, então não vamos criar mais caos em cima disso.

— Conseguimos conte-la? VOCÊS QUASE ATEARAM FOGO NA FLORESTA! — Sr. Yin cara de bosta exclama, o que faz Youngjae suspirar de cansaço. Youngjae é o único que eu conheço que não treme toda vez que o Sr. Yin fala, é como se o ódio dele pelo professor fosse do mesmo tamanho que o do professor por nós, e ambos meio que se entendem.  

— Mas não ateamos. — Youngjae observa, com sua voz calma e suave. Sr. Yin bufa e massageia as têmporas, acho que ele vai ter um ataque de pelanca.

— Por que nós chegamos antes e conseguimos impedir. — O professor rosna, todo bravo, mas Youngjae apenas da de ombros antes de responder.

— Isso são apenas detalhes, o que importa é que essa garota NÃO está em chamas. 

— Você ainda ousa ser insolente? Não percebe que na situação em que se encontra o melhor que pode fazer é ficar em silêncio? — Sr. Pistola d'água grunhe raivosamente. As vezes me pergunto se ele ficou calmo alguma vez na vida, porque desde o dia em que eu o conheci, ele sempre parecia estar a ponto de cometer um crime de ódio.

— Não me encontro em situação nenhuma, eu não estava no carro quando ele foi batido, então não tenho culpa se a árvore caiu. — Youngjae se defende, todo cheio de si, e ele meio que está certo sobre não ser responsável por isso, porém depende, porque ele tem sim sua parcela de culpa na história toda, acho que todo mundo aqui tem, até eu tenho, por causa de todo o lance de ser cúmplice e tal. — E eu definitivamente não tenho culpa por seja lá o que for que tenha acontecido com a motosserra, na verdade nenhum de nós tem, ela quem quis virar o pássaro de fogo da Paula Fernandes e ficou assim, a gente não fez nada além de olhar pra ela.

— Como podem não ter feito nada? Se quando deixamos a motosserra junto com vocês ela estava em perfeito estado? — Sr. Lider do acampamento pergunta, o que me faz lembrar que ele ainda está aqui. Ninguém fala nada por um momento, porque não tínhamos como responder a isso, mas então Mark se pronuncia.

— Eu fui o único dos meninos que chegou realmente perto da motosserra, quando terminei de limpar minha parte das folhas e dos troncos menores da árvore, fui para perto da motosserra  pra tentar ligar e começar o trabalho pesado, mas quando toquei nela percebi que estava realmente quente, pensei que fosse por culpa do sol, já que estava queimando de tão quente, mas não sabia que ela estava quebrada. Me afastei assim que senti o calor e comecei a olhar a serra para ver se estava tudo certo, fiquei confuso quando não vi serra nenhuma da motosserra, então chamei os meninos pra ver se eles descobriam se aquilo era normal, foi durante nosso debate que a coisa toda aconteceu. Não sei o que houve realmente, mas algo aconteceu com ela no período de tempo entre o momento em que vocês deixaram ela lá e os minutos antes de eu me aproximar dela para tentar liga-la.

— E vocês querem que nós acreditamos nisso? — Sr. Yin pergunta, debochada, e Mark apenas suspira em resposta, não tinha mais nada para falar. Ficamos em silêncio novamente, ninguém parecia saber o que fazer, a única certeza que todos tinhamos era de que nós deveríamos ser castigados de algum jeito.

— Essa é a verdade, foi o que aconteceu. — Jinyoung fala, todo frio e calculista, parecia prestes a matar alguém.

— Porém, nós concordamos que merecemos o castigo. Então seja lá o que for, vamos aceitar sem causar mais problemas — Surpreendente quem disse isso foi Bambam, e dessa vez nem foi de uma forma debochada nem nada, ele parecia realmente falar sério. Eu e o resto dos meninos concordamos com a cabeça, o castigo é inevitável.

— Então faremos o seguinte... — Sr. líder do acampamento começa, chamando a atenção de todos para ele, e a única coisa a ser ouvida por toda a sala além de nossa respiração é o som que os pés dele faziam cada vez que ele andava para um lado e para o outro enquanto explicava o castigo.

Blind • 2Jae (HIATUS) Onde histórias criam vida. Descubra agora