Blind • 2Jae (HIATUS)

Capítulo XXVII ○ Jaebeom

- Pensei que seria a noite do cinema mudo. - Jinyoung comenta como quem não quer nada e Yugyeom o encara, meio que serrando os olhos em desconfiança. Bambam estava abaixado em frente ao aparelho de DVD, colocando o filme da Mulan para rodar, e isso, o fato de ainda usarmos aparelho de DVD, com certeza é uma coisa bem legal, como se o DVD fosse a fita cassete da nossa geração.

Youngjae está calmamente deitado no chão, com os braços e pernas abertos como se fosse uma estrela do mar, cantando a música de abertura do rei leão. Coco dormia tranquilamente em cima de seu peito, como se o menino fosse sua caminha e não seu dono. Já eu me encontro deitado de cabeça para baixo no sofá, com as pernas levantadas e apoiadas no encosto do móvel, tentando resolver um cubo mágico que magicamente apareceu na minha frente. É uma cena engraçada, para não dizer estranha, e aposto que quem nos visse agora nos acharia completamente loucos.

- É claro que é a noite do cinema mudo. - Yugyeom responde Jinyoung, ao mesmo tempo levando um pouco de pipoca a boca, como se para mostrar que não achava o assunto importante. Jinyoung ergue uma das sobrancelhas quando ouve a resposta do mais novo, em puro deboche.

- Que eu saiba a Mulan não é muda. - Yugyeom pega o controle remoto da televisão assim que Jinyoung termina de falar, então se ajeita no sofá, aperta um botão e sorri cinicamente em direção ao meu amigo. Quando olho para a TV, vejo o simbolo do som mutado, o que me faz quase rir, mas ainda tenho amor a minha vida, então fico na minha para não ser assassinado por Park Jinyoung.

- Agora é. - O tom de Yugyeom é bem cinico, ele estava claramente se divertindo em tentar irritar Jinyoung, coisa que não era muito difícil, já que Jinyoung ficava irritado até com o fato de as pessoas precisarem respirar o mesmo ar que ele. Meu amigo chato revira os olhos ao ouvir Yugyeom retrucando suas afirmações, não porque estava bravo por ser contrariado, mas só porque ele é Park Jinyoung e ele revira os olhos pra tudo. Os dois ficam se encarando depois disso, um com um semblante prepotente no rosto e o outro descrente com tal situação. Essa noite só melhora.

- Deveria ser considerado crime de estado assistir Mulan no mudo, as músicas são perfeitas demais para não serem ouvidas. - Youngjae entra na conversa, fazendo Jinyoung e Yugyeom tirarem os olhos um do outro e encararem a si. Eu faço o mesmo, jogando o cubo mágico para longe, porque só com bruxaria eu resolveria essa coisa, e sabe como é, eu não sou bruxo.

- Tecnicamente, mesmo que o filme fosse de fato mudo, a noite não seria assim, porque iriamos narrar tudo para o Youngjae. - Bambam aponta um fato importante e Youngjae dá uma risadinha, como se já tivesse se dado conta disso antes e só não falou nada porque queria que um de nós descobrisse sozinho.

- Isso é um furo no contrato, meus senhores, por isso, já que vamos narrar o filme para o Youngjae, penso que é justo que o filme não seja mais mudo. - O tom que eu uso é bem engraçado, como se eu fosse um advogado tentando provar para o juri a inocência do meu cliente, e acho que Youngjae percebeu isso também, porque novamente deu outra risadinha.

- Quem está de acordo em mudar o nome da noite do cinema mudo para apenas "noite do cinema", levante a mão agora. - Youngjae proclama, levantando sua mão e uma das patas da coco, esperando até que os outros dêem sua resposta também, não que ele vá ver, mas ele espera. Ergo a mão também, assim como Bambam e Yugyeom, Jinyoung é o último a levantar a mão, porque ele é desses que gosta de prolongar o drama.

- Foi unânime. - Aviso Youngjae, que sorri feliz da vida e abaixa a mão, começando a se levantar do chão, assim fazendo coco acordar de seu bom sono de beleza. Ele se senta ao meu lado depois disso e eu me arrumo melhor no sofá, sentando como uma pessoa normal e não como um menino estranho.

- Quando começar Homem Ser eu não quero ninguém reclamando do meu grito. - Bambam avisa, se sentando em frente a TV, no chão mesmo. Yugyeom Tira a TV do mudo e joga o controle remoto na mesa de centro e Jinyoung se senta ao lado dele no sofá, com o copo de refrigerante na mão, bebendo o líquido calmamente com a postura de uma dama.

- A gente pode assistir Frozen depois? - Meu amigo pergunta e pela primeira vez no dia Yugyeom não encara ele de forma debochada ou prepotente, muito pelo contrário, ele olha para o meu amigo com um sorriso enorme no rosto, em completa animação e felicidade.

- Você gosta de Frozen?

- Quem não gosta de Frozen? - Dessa vez Jinyoung também estava sorrindo e não irritado, acho que isso é uma trégua na implicância com a qual eles vinham se tratando desde que chegaram. Eu levanto a mão quando ele pergunta isso e os dois me encaram com a boca aberta em sinal de descrença, como se eu tivesse acabado de matar a avó deles com uma faquinha de pão bem na frente deles, e eu até riria se não estivesse me cagando de medo.

- Você é nazista. - Yugyeom aponta o dedo para mim, de forma que até seria ameaçadora se ele não tivesse essa cara de bebê de propaganda de fraldas. Jinyoung concorda com a cabeça, jogando uma pipoca solitária bem no meu rosto. Bambam apenas mexia no refrigerante enquanto o filme não começava e Youngjae comia uma barrinha de cereal ao meu lado, ouvindo tudo como se estivesse se divertindo com minha dor.

- Eu só não gosto de Frozen, é pecado agora?

- Sim, saia do vale agora, você não merece a honra de ser considerado um de nós. - Bambam aponta para a porta, entrando na pilha dos Frozen fãs, eu apenas reviro os olhos bem forte, desacreditado.

- Você tá cancelado Jaebeom. - Youngjae me avisa, me fazendo encara-lo, e dava para ver, mesmo que bem dificilmente, que ele segurava o riso. Sorrio com a cena, tudo bem ser cancelado por ele, contanto que isso faça ele sorrir.

- Até tu, Brutus? Eu só respirei. - Tento soar o mais indignado o possível, e então ele aparece, bem ali, na minha frente, o sorriso mais iluminado e mais bonito do mundo. O sorriso dele, do menino luz, e de repente eu sei que não importa o que, eu vou fazer de tudo o que for possível para que esse sorriso nunca saia do rosto dele.

- Tô nem ai, tá cancelado. - Ele diz, e tudo bem, eu não me importo, se ser cancelado me trouxe a felicidade dele, então eu me cancelo quantas vezes ele quiser. Tudo por ele, mesmo que isso seja bem estranho ainda.