— Talvez devessemos chamar algum tipo de ajuda? — Jaebeom comenta alguns minutos depois, me puxando para longe do corpo morto de Yugyeom, que por acaso eu estava delicadamente cutucando com meu pé.
— Ele só desmaiou e a gente tem que finalizar a trolagem, não podemos chamar ninguém. — Bambam resmunga, bravo por motivos que não sei, e todos ficam em silêncio como resposta.
— Ele parece bem morto pra mim. — Me solto das mãos de Jaebeom e volto a cutucar Yugyeom, que não estava voltando aos sentidos, porque se estivesse já estaria gritando e me batendo.
— A gente pode enterrar. — Jackson propõe, o que me faz sorrir em animação.
— Sim! — Exclamo, dando pulinhos de animação. — A gente precisa de pás, quanto mais, melhor, mas se não tiver pá, a gente pode usar os remos do caiaque, parece uma pá, então deve funcionar como uma.
— Ou então a gente da ele como comida aos porcos. — Jaebeom opina, mas sua fala me faz sentir confuso, então olho em sua direção sem entender.
— Temos porcos aqui?
— Sim, o Jinyoung está aqui. — A frase mal termina de ser dita e eu escuto um barulho alto de tapa soando no silêncio do refeitório, o que me faz parar de rir, porque ninguém pode bater no meu futuro namorado, apenas eu.
— Se você não calar a boca, juro por Deus que nós realmente vamos ter um cadáver, porque eu vou te matar. — Jinyoung resmunga, todo psicopata, mas eu apenas me coloco em frente a ele, entre ele e Jaebeom, sorrindo inocentemente em direção a Jinyoung.
— Não se esqueça que seu namorado está caido bem ali no chão, seria muito fácil pra mim, que não posso ver, sem querer tropeçar no corpo dele e fura-lo com uma faca que sem querer eu estava levando nas mãos. — Sorrio, adorável e sincero, e escuto Jaebeom rir atrás de mim.
— Ele é seu melhor amigo! — Jinyoung exclama, parecendo indignado, mas eu apenas faço um biquinho, fingindo estar triste e arrependido, antes de voltar a sorrir.
— Amigos, amigos, negócios à parte. — Dou de ombros, não dando muita importância ao fato. — Se você machuca o que é meu, eu tenho licença poética pra destruir o que é seu, é a lei do retorno.
— Eu dei apenas um tapa nele e você ameaçou o Yugyeom de morte, isso não é meio injusto?
— Deus é justo, eu cobro com juros. — Jogo meu cabelo imaginário para trás, bem como uma vilã de filme adolescente, e escuto Bambam rir de algum lugar.
— E tem gente que jura que essa praga é inocente e inofensiva, mal sabem eles. — Comenta, divertido, mas eu apenas continuo me fazendo de inocente.
— Eu sou completamente inofensivo. — Afirmo, com convicção, mas então sorrio ameaçadoramente. — Mas se tocarem no que é meu, eu devolvo em doze dupla.
— Então eu sou seu? — Jaebeom pergunta atrás de mim, o que faz com que eu me vire de frente para ele, mudando o semblante ameaçador para um amável e feliz.
— Sempre foi, você só não sabia ainda.
— Que nojo. — Bambam resmunga, passando entre mim e Jaebeom e atrapalhando o momento, me empurrando um pouco no processo e andando até o corpo meio morto de Yugyeom, que continuava morto.
— Vamos deixar ele aqui e continuar com o plano, uma hora ele vai acordar. — Concordo com a cabeça, mas escuto Jinyoung resmungar em oposição, é claro.
— Não podemos deixar ele aqui sozinho!
— Então fica com ele. — Desdenho, mas dessa vez Jinyoung não me responde com raiva, apenas bufa.
— E perder toda a diversão? Não, obrigada. Se vou ser expulso do acampamento, quero dar motivos pra isso, e aposto que Yugyeom também quer. — Ele pontua, mas eu apenas reviro os olhos por trás do óculos.
— Pena, ele não vai. — Dou de ombros, desinteressado no assunto.
— Vai sim, só temos que acordar ele. — Jinyoung insiste, nem sabia que ele poderia fazer isso.
— E como você pretende fazer isso? — Mark, que estava calado até agora, se mete na conversa, mas Jinyoung não parece ter resposta para a pergunta.
— Acorda ele com um beijo gay e leva ele pra viver com você no seu castelo de areia. — Jaebeom opina, soando completamente brincalhão, mas acho que Jinyoung não está de bom humor hoje, porque sinto ele avançar para bater Jaebeom de novo, o que é claro, eu não permito.
— Toca nele mais uma vez e eu juro que seu maior problema não vai ser como acordar seu namorado adormecido. — Ameaço, sério mesmo dessa vez, e escuto Jinyoung recuar os passos, o que me faz voltar a sorrir. — Obrigada.
— Como ele consegue mudar de humor tão rápido? — Mark pergunta, surpreso, mas eu apenas continuo sorrindo inocentemente.
— Fragmentado. — Bambam responde, provavelmente dando de ombros. — Mas vamos dar atenção ao real problema; O que a gente faz com o morto?
— Eu tenho uma idéia! — Jackson exclama, muito animado, e todos damos atenção a ele.
— Qual? — Bambam pergunta.
— Espera. — E ele sai correndo pra sabe lá deus onde, para fazer sabe lá deus o que, porque ele é o Jackson e a gente nunca sabe o que pensar quando o assunto é ele.
— Por que sinto que não vem coisa boa por ai? — Jinyoung pergunta, soando um pouco inseguro, mas dessa vez eu concordo com a cabeça, até esquecendo que ele é um agressor de futuros namorados e concordando com ele.
— Porque somos nós, a surpresa seria se viesse algo de bom. — Afirmo, suspirando teatralmente, e sinto Jaebeom passar o braço bom por cima dos meus ombros, o que me faz sorrir e me sentir mais confortável.
— Só espero que ninguém morra dessa vez. — Mark comenta, também suspirando.
— Provavelmente alguém vai, é incrível que todos estejamos vivos até... — Mas Bambam para de falar no meio da frase e eu escuto passos rápidos se aproximando.
— Cara, o que você vai... — Jinyoung berra, todo alarmado, mas é interrompido alguns segundos antes de terminar a frase por um barulhão de água sendo jogada, que soa bem alto no silêncio do refeitório. Respingos dessa tal água caem nos meus pés, mas eu não tenho nem tempo de abrir a boca para reclamar antes do som de alguém se afogando se fazer presente no recinto, sendo seguido por tosses e puxadas de ar desesperadas.
— Que p-porra... — Yugyeom tenta falar, mas uma onda de tosses interrompe antes que ele consiga formar qualquer frase, então ele desiste e volta a apenas tentar voltar respirar normalmente. Todos apenas ficamos calados, presenciando a cena e esperando enquanto ele se recupera, até que do nada, no meio do silêncio e do som das tosses de Yugyeom, uma voz animada de um chinês feliz da vida exclama orgulhosamente.
— Parece que funcionou!
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Blind • 2Jae (HIATUS)
FanfictionAquela onde Choi Youngjae é cego, pois nasceu sem enchergar, e Im Jaebeom é cego, pois não consegue ver a beleza do mundo, mesmo podendo ver.