Capítulo LXXIV ● Youngjae

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- Por que a gente não dropa a idéia do pacto de sangue e fica só com a parte do pacto? - Chamo a atenção de todo mundo de volta para mim, tentando parar a conversa que eles começaram a ter, sobre ser ou não uma coisa boa nós sermos amigos, mas eles apenas continuam falando alto e ignorando completamente a minha pessoa, o que já é motivo o suficiente para tirar toda a minha paciência, porque eu sou bonito demais para ser ignorado, principalmente quando as pessoas me ignorando são esse grupo de tapados que eu chamo de amigos. - OLHEM PRA MIM BANDO DE CORNO!

- Calma amor, não se exponha. - Jaebeom dá leves batidinhas nas minhas costas, tentando me acalmar, mas eu continuo com o bico irritado nós lábios, mesmo que a vontade de sorrir todo besta pra ele seja enorme.

- Por que mesmo nós queremos fazer um pacto de amizade com esses idiotas? - Tento me lembrar o motivo de ser amigo dessas pessoas que claramente não merecem a oportunidade de conviver comigo e que sempre acabam me metendo no meio de umas confusões bizarras, mas nada me vem em mente, o que me deixa preocupado.

- Porque somos idiotas igual eles.

- Eu sou lindo demais pra ser idiota como eles. - Discordo de Jaebeom, que ri baixinho do meu lado.

- Então você é diferente deles, é um idiota, mas é um idiota lindo. - Abro a boca em descrença, sem saber se isso foi uma ofensa ou um elogio, mas Jaebeom apenas ri da minha cara, o que faz com que meu bico só aumente.

- Você não pode chamar o futuro pai dos seus filhos de idiota. - Cruzo os braços e tento ficar na posição mais séria que eu consigo, do mesmo jeito que o meu pai diz que minha mãe fazia quando ficava brava com algo que ele fez sem a aprovação dela ou quando eu comia biscoitos antes do jantar e ela me pegava no flagra, era a pose de julgamento.

- O futuro pai dos meus filhos me chamou de demônio e disse que eu não iria pro céu, isso é pior. - Jaebeom retruca, o que faz com que minha pose vacile só um pouquinho.

- Mas eu disse de um jeito bom!

- E eu te chamei de idiota lindo de um jeito bom também, eu gosto de pessoas idiotas. - Ele diz vindo até mim e me forçando a descruzar os braços, para então poder me puxar para perto e me abraçar, o que me faz sorrir um pouco, mas tento manter meu rosto neutro de antes.

- Então você também é um idiota lindo. - Provoco e escuto Jaebeom rir, seu peito vibrando no processo, e eu gosto disso, de sentir ele perto.

- Sou idiota, mas não sou lindo.

- Você é sim. - Retruco falando seriamente, mas com um sorriso no rosto, porque não sou um psicopata e realmente amo a risada desse cara, ela dá cor ao meu mundo escuro, é uma luz no fim do túnel que é minha mente.

- Não mesmo.

- Meu Anjo, eu sou a única pessoa cega aqui, então pare de dizer besteira, ok?

- Não é besteira, apenas não acho que sou lindo, você que é. - Reviro os olhos por trás dos óculos escuros, um movimento involuntário que aprendi depois de conviver com Yugyeom e Bambam por tantos anos.

- Entenda: Você. É. Lindo. - Dou ênfase em cada palavra e tento manter o tom mais sincero que consigo, para enfatizar mais ainda aquele fato. - E essa é minha opinião que é a única que me importa, porque a minha cabeça é uma mornarquia onde eu sou o rei e tudo o que eu falo é lei, capisce?

- Sim, senhor. - Ele concorda com os fatos colocados em sua mesa e isso me faz voltar a sorrir pequeno.

- Quem foi o louco que fez você pensar o contrário? - Resmungo mais para mim mesmo do que para ele, mas ele ri mesmo assim.

- Foi um cara chamado eu. - Ele responde calmamente, o que faz com que eu volte a fazer um bico nos lábios, franzindo o senho em desgosto.

- Você é seu pior inimigo.

- E não somos todos? - Ele brinca, mas fico quieto pensando nisso por um tempo. Afinal, não somos todos? Não somos nós a primeira pessoa que vai julgar qualquer coisa que nós fazemos? Aquele que vai encontrar defeitos mesmo em coisas perfeitas? A pessoa que sempre vai ver o pior lado de si mesma, mesmo que ele nem seja tão ruim assim? Sim, no fim das contas nós realmente somos todos nossos piores inimigos.

- Somos mesmo. - Suspiro baixinho e então levanto a cabeça para olhar diretamente para ele, sorrindo confiante pela primeira vez na vida. - Acho que é por isso que estou aqui.

- Não entendi? - Jaebeom parece confuso, o que me faz sorrir mais.

- Se você é seu pior inimigo, então eu estou aqui para ser seu melhor amigo, aquela pessoa que sempre vai estar do seu lado, te apoiando e tentando de tudo para sempre ver você feliz, não importa o quão ruim sua cabeça faça você se sentir, eu sempre vou estar aqui para dizer que ela está errada e mostrar a verdade, porque você é lindo, Jaebeom, e o mundo merece ver sua beleza, e mais do que tudo, você também merece vê-la. - Termino meu discurso com um sorriso envergonhado, sentindo minhas bochechas corarem um pouco, porque é vergonhoso ser tão sincero sobre meus sentimentos e pensamentos, eles ficam bem melhores apenas na minha cabeça.

- Você é a melhor parte de mim. - Ele sussurra e me abraça mais forte ainda, o que me faria reclamar se fosse em outra ocasião, mas agora estamos tendo um momento aqui, não quero estourar essa bolha que se formou apenas ao redor de nós dois, que nos separa do mundo e dos nossos amigos loucos que ainda estão brigando na sala de dentenção, e acabar com tudo. - E eu vou fazer de tudo para ser a melhor parte de você também, e vou ser seu melhor amigo e mais que amigo, e mais do que mais que amigo, eu vou ser seu...

- Tudo? - Completo a frase que ele parecia não conseguir completar, dando uma risadinha no final.

- Exatamente, eu vou dar o meu melhor para ser seu tudo. - Ele concorda e eu sorrio com isso, ficando na ponta dos pés para depositar um beijinho na ponta do nariz dele, então me afasto, mas fico segurando a mão boa dele, e sorrio mais ainda, real e plenamente feliz.

- Você já é.

Blind • 2Jae (HIATUS) Onde histórias criam vida. Descubra agora