Capitulo XXIV ○ Jaebeom

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— Acho que agora só falta o Jinyoung chegar. — Youngjae comenta, sentado no sofá ao lado do cara que agora eu conheço, Yugyeom. Pessoa está que encara o amigo com um semblante em uma mistura confusa de medo, incredulidade e raiva, por algum motivo acho que ele não estava sabendo de algumas informações sobre hoje. Sei o motivo, é claro, Youngjae adora jogar com ele.

— O que disse machista?

— Ah, é mesmo! Que cabeça a minha, esqueci de avisar que o Jaebeom perguntou se ele poderia convidar o Jinyoung e eu deixei. — Youngjae sorri inocente, fazendo a melhor voz cínica do mundo, e eu riria da cara de Yugyeom se pudesse, mas sinto que meu nível de próximidade com ele não é o bastante ainda. Yugyeom ainda apresenta uma mistura de incredulidade raivosa em seu semblante, olhando Youngjae como se o mesmo tivesse matado sua mãe bem em sua frente, muito indignado mesmo, tanto que por um momento até penso que ele vai começar a gritar.

— E você pretendia me contar isso quando? Na hora em que ele passasse por aquela porta e eu tivesse um ataque cardíaco?

— Essa era a intenção na verdade, mas minha mãe disse que vou ficar de castigo pra sempre se fizer você ter um ataque de pânico de novo.

— Então por que não me disse?

— Eu esqueci mesmo, amigo. — Acho que Youngjae não está sendo sincero sobre isso, o sorrisinho no rosto dele o entrega, mas Yugyeom parece acreditar em sua mentira, mesmo que ele saiba que na verdade Youngjae provavelmente esta gargalhando internamente, assim como eu também estou. Ele prefere acreditar na integridade do amigo.

— Ai, acho que vou parir um ovo! — Yugyeom fecha os olhos e encosta suas costas no encosto do sofá, pondo a mão direita em cima do peito e respirando e inpirando muito rápido. Pela forma como ele agia, acho mesmo que ele está morrendo internamente agora.

— Yugyeom fala coisas estranhas quando fica nervoso. — Youngjae olha em minha direção, sorrindo, e eu sorrio de volta mesmo que ele não possa ver. Youngjae é a única pessoa que consegue me fazer sorrir sem fazer absolutamente nada. Ele simplesmente existe e isso faz com que meus olhos se abram, e a luz dele me mostra a beleza que eu não via no mundo a muito tempo. Ele é minha luz no fim do túnel, mesmo que eu só conheça ele a poucas semanas.

— Qual é a história sobre o trauma? Segunda vez que você fala disso, estou curioso.

— Na primeira vez que o Yugyeom veio aqui em casa eu fiz o tour do Youngjae com ele, assim como fiz com você, e na hora em que eu falei sobre a mulher que se suicidou no sótão ele ficou branco feito papel, porque ele tem medo de fantasmas e essas coisas, e por ironia do destino meu pai estava no sótão nesse dia e bem na hora ele derrubou algo lá em cima, o que fez o Yugyeom sair correndo como se a vida dele dependesse disso.

— E dependia. — Yugyeom comenta, aparentemente recuperado de sua pequena morte interna. Youngjae ri, como se relembrar esse fato o divertisse muito, e Yugyeom revira os olhos, balançando a cabeça para os lados, indignado.

— Eu quase fiz a mesma coisa quando ele me contou a história, então te entendo, Yugyeom.

— Ai, me senti finalmente compreendido. — Yugyeom faz um biquinho e limpa uma lágrima imaginária, o que me faz rir. — Youngjae, te demito do cargo de meu melhor amigo, Jaebeom, o cargo agora é seu.

— Aceito. — Claro que eu sei que é uma brincadeira, mas entro nela mesmo assim, porque Yugyeom parece ser um cara legal. Minha fala faz Youngjae abrir a boca em sinal de perplexidade, e se antes eu tive dúvidas sobre gostar de Yugyeom, essas dúvidas se foram para sempre.

— Não há devoluções, agora você é meu amigo pra sempre.

— Você me troca assim tão fácil? E toda nossa história? Você jurou que ME amaria para sempre. — Youngjae faz voz de choro, em um drama digno de novela mexicana, e eu penso comigo mesmo que se ele puder ficar mais fofo do que quando faz biquinho, eu vou morrer quando ver.

— É como diz naquele ditado; "O pra sempre, sempre acaba."

— Isso é a letra de uma música, não um ditado. E a música nem coreana é, nem sei como você pode conhece-la.  — Jinyoung brota do nada, parando ao meu lado com sua postura ereta e polida, como se fosse um príncipe todo educado para agir de forma perfeita. Yugyeom arrega-la os olhos assim que o vê, mas recupera a pose em instantes, claramente agindo de forma firme para esconder de Jinyoung seus sentimentos. Não julgo ele, mas não faria igual. 

— Conheço ela da mesma forma que você deve conhece. IN TER NE T. — Yugyeom balbucia a palavra internet bem claramente, e logo que ele fala eu entendo o tipo de cara que ele é quando está perto de quem gosta. Ele é como crianças do primário, que irritam seus amores só pra chamar a atenção da pessoa para si, mas também por diversão, quando vêem a pessoa ficando irritada.

— A voz da Gertrudes não avisou que a porta foi aberta. — Murmuro mais pra mim mesmo do que para os outros, mas claro, Youngjae me ouve, ele sempre ouve.

— Não acredito que você realmente nomeou a voz eletrônica de Gertrudes.

— É um ótimo nome.

— Não é não. — Youngjae sorri, todo provocantezinho, e eu sorrio de volta, só porque o sorriso dele me faz sorrir, como já dito muitas vezes antes.

— Ela tem cara de Gertrudes, Youngjae. — Defendo meu ponto, mesmo que na realidade ele nem seja tão bom. Yugyeom e Jinyoung observam a cena calados, Jinyoung olhando para mim como se me julgasse e Yugyeom olhando para Jinyoung como se ele fosse a coisa mais lindo do mundo, e acho que era, pelo menos para Yugyeom.

— Ela nem tem uma cara, Jaebeom, é só uma voz.

— Que parece de alguém que se chama Gertrudes.

— Não.

— Nossa, vocês são tão estranhos. — Yugyeom comenta, olhando de mim para Youngjae e depois para Jinyoung, que balança com a cabeça em concordância. — Difícil carregar o peso de ser a pessoa mais sensata desse lugar.

— Desculpe, mas esse trono já é meu. — Jinyoung retruca, sorrindo todo debochado pra Yugyeom. E se o plano de Yugyeom era chamar a atenção de Jinyoung sendo tão irritante quanto ele, então ele estava conseguindo.

— Quem te deu a coroa?

— Eu mesmo, porque minha opinião é a unica que importa.

— Então eu tiro a coroa de você, porque a minha opinião é a unica que me importa.

— Coitado, você até sonha. — Jinyoung dá um risadinha falsa, revirando os olhos ao mesmo tempo. Eles mal se conhecem e já parece que se odeiam, mas tem aquele ditado né, que diz que onde tem ódio, tem amor, então vou aguardar pra ver no que dá.

— Se tem alguém aqui sonhando, está pessoa claramente é você.

— Na verdade sou eu, apaguei na hora em que o Yugyeom falou que é o mais sensato do recinto. — Youngjae levanta uma das mãos, arrumando o óculos escuro que escorregava em seu rosto com a outra, o que faz nós três olharmos para ele, Jinyoung rindo, Yugyeom fazendo uma careta e eu rindo também. 

— Nem te conheço, mas já gosto de você. — Jinyoung fala para Youngjae, que sorri todo pomposo.

— Bom saber, meu cargo de melhor amigo está aberto, já que o ultimo me traiu.

— Eu ficaria honrado de pegar esse cargo.

— Então agora você é meu novo melhor amigo. — Youngjae sorri, Jinyoung também, e Yugyeom abre a boca em um perfeito "O", indignado com tudo. Eu só observo tudo de longe mesmo, adoro ver o circo pegar fogo.

— EI! — Yugyeom exclama, sem acreditar que estava sendo trocado na cara dura, mesmo que tenha sido ele quem fez isso primeiro. Youngjae faz uma cara de debochado, joga o cabelo imaginário para trás, e sorri.

— Perdeu, playboy.

Blind • 2Jae (HIATUS) Onde histórias criam vida. Descubra agora