Capítulo XXXI ● Youngjae

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Eu não sei quem começou o beijo, se fui eu ou ele ou os dois, mas isso não importa muito, porque quando Jaebeom me beija, nada mais no mundo importa. A boca dele tem gosto de menta e chocolate e os lábios dele são macios e doces, muito mais gentis do que eu imaginei que seriam. Ele demonstra saber bem o que está fazendo, diferente de mim, que nunca beijei ninguém, mas ele não parece se importar com a minha falta de prática, ele é calmo, paciente, e faz as coisas no meu tempo, sem pressão.

Quando nos beijamos o mundo inteiro parece parar de girar e tudo o que resta somos nós dois e aquele momento. É lento e apaixonado, intenso e verdadeiro, e é só meu e dele. De alguma forma parece certo, tudo, cada detalhe, como se uma vozinha no fundo da minha mente gritasse que tinha que ser assim, que minha boca foi feita apenas para beijar a boca de Im Jaebeom e que o único propósito da minha existência é ficar com ele, ser dele.

Sei que é clichê, mas realmente sentia as borboletas no estômago a cada suspiro que ele soltava enquanto me beijava, e quando a língua dele encontrou a minha e fez contato pela primeira vez, foi como se uma explosão acontecesse dentro de mim, me esquentando completamente, me fazendo quase flutuar. É dessa forma que eu tenho certeza, a cada segundo que passa e as borboletas aumentam, que Im Jaebeom é a pessoa certa, aquela por quem eu esperei a vida inteira. E nada mais importa no mundo quando ele me beija, nem mesmo respirar.

Depois que o beijo acaba ele fica tão transtornado que apenas para, em silêncio, e tenta recuperar o ar e ganhar tempo para assimilar tudo o que aconteceu. Faço o mesmo, confuso com o turbilhão de sentimentos que sentia, mas surpreendente feliz e satisfeito por sentir todos eles. Quando o ar finalmente volta para nossos pulmões, ele levanta e começa a pular, do nada, me puxando junto com ele, enquanto gritava que era o cara mais sortudo do mundo e que esse era o dia mais feliz da vida dele. E eu rio e deixo que ele me gire, me tirando do chão, porque esse é o melhor dia da minha vida também.

Quando ele cansa, se joga no chão novamente e me puxa para deitar junto com ele, me deixando ouvir o coração acelerado batendo em seu peito. Então nós apenas ficamos lá, deitados em silêncio novamente, tentando organizar nossos pensamentos e sentimentos e emoções. Ficamos em silêncio, porque falar significa acabar com esse momento perfeito, e tudo o que nós queremos é continuar assim para sempre.

- Como foi que você me achou aqui, afinal? - Pergunto para Jaebeom, que está olhando o céu que eu não posso ver.

- Eu não achei, na verdade. - Ele responde e sinto o peito dele vibrar enquanto a voz sai de sua boca, melodiosa e gloriosa, o melhor som do mundo. Eu fazia seu braço de travesseiro, mas ele não parecia se importar com isso, pelo contrário, parecia gostar e muito. - Para achar alguém, primeiro você tem que estar procurando a pessoa, eu não estava te procurando.

- Não? - Levanto um pouco a cabeça, mais confuso ainda, e sinto que ele baixa o olhar também, para olhar para mim. Sinto a intensidade do olhar quase perfurando meu rosto, e é bom, não quero que pare nunca.

- Eu estava fugindo de você, essa é a verdade. - Ele confessa, dando uma risadinha. Sorrio ao mesmo tempo em que franzo o cenho. Ele estava fugindo de mim? Eu quem estava fugindo dele!

- Elabore a resposta, meu senhor.

- Certo, deixa eu ver por onde começo. - Ele começa a fazer pequenos círculos na palma da minha mão, que ele segurava tranquilamente. Pensa por um tempo e então suspira, antes de voltar a falar. - Quando eu era bem pequeno a Sonhee e eu encontramos esse lugar, era longe de tudo e a gente só achou porque se perdeu no meio do mato enquanto fazíamos um piquenique, mas de qualquer forma, nós achamos.

- Então essa é a história de como ela achou o lugar, essa parte ela não me contou. - Comento, estranhando o fato de SonHee não ter contado que Jaebeom também estava com ela quando veio aqui pela primeira vez.

- Pedi pra que ela nunca contasse pra ninguém, queria que esse lugar fosse só meu, e ela jurou nunca contar, acho que ela ainda mantém pelo menos essa promessa. - A voz dele não soa magoada ou triste ou brava, na verdade soa bem normal, e isso era bom, significava que ele não odeia SonHee tanto assim, só esta triste e magoado com ela, mas aposto que se ela tentar sentar e conversar com ele de uma forma séria, eles se resolvem. Ela só precisa ter coragem pra pedir desculpas, e eu sei que Jaebeom vai ter coragem de aceitar. - Mas depois que ela foi embora eu nunca mais vim aqui, não parecia certo.

- Ela vinha. - Conto para Jaebeom, ele suspira novamente, talvez surpreso, e me deixa continuar a falar. - Sempre que ela precisava escapar do mundo, ela vinha aqui. Um dia ela me trouxe e eu passei a vir aqui sempre que queria fugir também, acho que esse lugar é como uma base militar para pessoas tristes e perdidas, o lugar para onde elas vem porque sabem que é seguro.

- Meu pai achava que era por causa do riacho. Ele veio aqui só uma vez, mas disse que sentiu energias muito boas vindas desse lugar, eu não entendo bem esse lance de energia, mas acho que concordo com ele, pelo menos pra mim, o riacho é a melhor coisa no meio de todas essas árvores.

- A água dele brilha como diamantes quando faz sol. - Conto o que me contaram e ele dá uma risadinha, concordando com um "hurum" baixinho.

- A noite ele é como um espelho, reflete a lua e as estrelas, é literalmente um pedaço do céu na terra. - Imagino como deve ser, um riacho espelho, que de dia brilha como diamantes e a noite imita o céu, a lua e as estrelas. Gosto de pensar que estou aqui, no meio dos dois extremos. Se eu olhar para cima, tem apenas estrelas e a lua e quando olho para baixo, é como se estivesse pisando no céu.

- Por que veio aqui? - Pergunto, essa era uma questão que tinha ficado na minha mente. Ele disse que não vinha aqui desde que SonHee foi embora, então como chegou aqui? Por que veio aqui hoje?

- Não sei, depois que você saiu eu tentei te alcançar, mas você é muito rápido e eu não consegui, então eu só fiquei perambulando pela rua, tentando não surtar. Quando me dei conta já estava parado em frente as árvores que trazem até aqui, de alguma forma meu subconsciente me trouxe para esse lugar.

- Isso é tão estranho. - E é mesmo, porque tipo, qual probabilidade de isso acontecer? Ele vir justamente para o lugar onde eu estava, mesmo depois de tanto tempo sem vir, e justamente quando estava tentando fugir de mim? Não faz sentido.

- Gosto de pensar que é destino. - Jaebeom comenta e eu franzo o cenho novamente, antes dele continuar. - Talvez o destino tenha percebido que eu precisava falar com você, então, por acaso, me trouxe até aqui.

- Eu não sabia que você acreditava em destino.

- E eu não acreditava. - A voz dele soa divertida, o que me faz sorrir. Ele por si só já me faz sorrir. - Mas ai eu conheci você e toda essa coisa de destino começou a fazer sentido na minha cabeça.

- Acha que foi o destino que me trouxe até você?

- Acho. - A voz dele é tão sincera, tão intensa, que me faz tremer e ficar arrepiado. - Quando meu pai morreu eu fiquei tão triste que fechei os olhos para o mundo, eu não conseguia mais ver a beleza dele e nem queria ver. Tudo era escuro e triste e preto e branco, mas ai você apareceu, com seu sorriso e sua luz, e eu senti vontade de voltar a ver o mundo em todas as cores. - Sorrio com isso, voltando a chorar só um pouquinho, mas agora de felicidade, porque caramba! eu gosto muito desse cara. - Eu tive vontade de abrir os olhos quando te vi pela primeira vez, e não sei se eu acreditava em destino antes de conhecer você, mas passei a acreditar depois que te vi, porque seria muito coincidência se de todas as pessoas no mundo, a única que conseguiu me fazer abrir os olhos foi aquela que nunca viu nada dele. Você conseguiu me mostrar a beleza da vida, mesmo que nem você consiga ver ela, e se isso não é destino, então não sei o que é.

- Eu fiz você abrir os olhos. - Sussurro mais para mim do que para ele, porque não dava para acreditar. Eu estava literalmente tentado a tentar salvar ele desde a primeira vez que o vi, sem saber que na verdade já tinha salvo sem nem fazer nada. E é tão incrível como de alguma forma parece que ele me salvou também. Sim, destino, definitivamente é destino.

- Você não só me fez abrir os olhos, Youngjae. - Ele toca meu rosto e eu sinto todo o carinho que ele sente por mim através daquele toque, tão sincero e verdadeiro e único, e eu só conseguia pensar que era como se o universo estivesse dentro de mim, nos meus sentimentos por ele, infinito, sempre em expansão. - Você foi o motivo para eu deixar que eles continuassem abertos.

Blind • 2Jae (HIATUS) Onde histórias criam vida. Descubra agora