Capítulo XLII ○ Jaebeom

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— Chegou a hora, gente. — Bambam avisa para todas as pessoas sentadas a beira da fogueira, ou pelo menos o que restou delas, o que não é muito. A maioria dos campistas já foram dormir, com a desculpa de que amanhã o dia seria muito movimentado e que todo mundo precisaria acordar cedo, então só restou na fogueira uma pequena minoria de mais ou menos 12 pessoas, cujas quais 6 delas são meus amigos/colegas de cabana.

Johnny está aqui também, ele faz aula de química comigo, e Ten, seu namorado, está sentado agarrado a ele. Fora os dois, tem um menino alto que parece muito com o Taemin do SHINee, que eu acho que se chama Yukhei, mas pode ser xuxi ou lucas, já se referiram a ele das três formas. E também tem uma menina baixinha que eu nunca vi na vida, junto com um menino mais ou menos alto, de cabelo azul, que eu também não conheço. 

— Hora de que? — Yugyeom pergunta, confuso, mas não sei se quero saber a resposta. Da última vez que Bambam teve alguma ideia, nós todos acabamos em um velório de um dinossauro de plástico, então o conceito de diversão dele não me agrada muito, na verdade até me assusta um pouco.

— Das historias de terror, é óbvio. — Não era óbvio, mas prefiro não comentar porque estou com preguiça. Yugyeom se encolhe todo do lado de Jinyoung com a resposta de Bambam, e meu amigo chato olha para ele com uma cara meio estranha, com uma mistura de confusão e preocupação, que ele esconde por trás de uma careta.

— Isso não vai dar certo. — Youngjae sussurra do meu lado, para que só eu escute, e logo depois suspira. Não é que ele esteja com medo, eu sei que ele não está, é só porque ele sabe que isso não vai MESMO acabar nada bem. O motivo? Bem, pelo que eu conheço de Yugyeom, o que não é muito diga-se de passagem, já é o suficiente para perceber que ele tem muito medo de fantasmas, então ouvir histórias de terror no meio do mato, com nada mais iluminando nosso caminho além de uma fogueira, não é muito o estilo de conversa que se espera ter.

— Acho que essa é minha deixa pra vazar. — A menina que não conheço comenta, sorrindo um pouco.

— Medo do escuro, Naenaa? Pensei que estivesse acostumada com ele. —  Yukhei/ Xuxi/Lucas quem falou isso, e só agora percebo que ela, Naenaa, usa óculos escuros iguas aos do Youngjae, e está de braços dados com o menino de cabelo azul, o que provavelmente significa que tem deficiência visual, daí o comentário do menino. Pensei que ela ficaria desconfortável com o comentário, porque, por mais que tenha sido feito em forma de brincadeira, ainda assim foi meio estranho, mas na verdade ela apenas começou a rir, dando um tapa de lado no menino com muitos nomes. Aparentemente os únicos incômodados da história fomos nós os outros.

— Eu apenas quero ir dormir antes de você começar a gritar como uma galinha botando um ovo, Lucas. — O menino, Lucas ou o que for, abre a boca em uma carranca meio divertida, enquanto escuta a menina rir da cara dele.

— Ainda bem que você lembrou, não quero ficar surdo. — O menino de cabelo azul ri também, concordando com a garota.

— Até você Jungwoo? E eu pensei que você me amava. — Lucas não parecia realmente triste, na verdade o tom dele era bem engraçado, e eu até falaria algo a respeito pra manter o assunto longe das histórias de terror, mas eu já disse que estou com preguiça?

— Acho que o Bambam tem razão, histórias de terror são clássicos nos filmes de acampamento, nós precisamos fazer isso. — Mark fala, de volta ao assunto inicial. Bambam sorri vitorioso, as vezes ele me irrita tanto.

— Sabe o que também é um clássico nos filmes de acampamento? ISSO MESMO! Assassinos sanguinários que matam adolescentes burros, e não sei se você percebeu, mas nós somos adolescentes e somos burros. — Yugyeom reclama, e nós temos que admitir aqui, galera, ele tem um ponto.

— Não se menospreze tanto assim, querido, pelo menos você sabe que vai ser o primeiro a morrer, já que é o atleta, nem vai precisar correr pela sua vida. — Jinyoung é doce como ácido, tão carinhoso, o beijo dele deve ser como um coice de mula.

— Não sou atleta.

— Você dança, né? — Bambam pergunta e Yugyeom assente com a cabeça, em concordância. — Isso serve como esporte. Quem topa usar o Yugyeom como sacrifício levante a mão.

— Pra que inimigos quando se tem amigos tão bons, não é mesmo? — Yugyeom suspira teatralmente ao ver que todos levantamos as mãos, e dessa vez até eu sou obrigado a rir.

— Nossa amizade vale ouro. — Youngjae comenta, antes de se encolher do meu lado quando uma rajada de vento bate em nossos rostos. Passo os braços pelos ombros dele e o puxo para mais perto, para aquece-lo melhor, ele parece gostar disso, pois se aproxima mais e fica todo enroladinho com o cobertor, em um abraço meio de lado.

— Odeio vocês.

— Ódio é um sentimento tão feito, pequeno gafanhoto. — Jackson comenta, a voz saindo rouca porque até segundos atrás ele estava meio que dormindo no colo de Mark, e coça os olhos com a costa das mãos, espantando o sono. — O que eu perdi?

— Vamos começar com as histórias de terror. — Mark explica ao namorado, que abre um sorriso meio estranho. Não sei se gosto desse sorriso, é assustador, e isso vindo do Jackson é bizarro o suficiente.

— Já contaram sobre o acampamento? — Ele pergunta e Mark nega com a cabeça. Yukhei/Lucas/Xuxi e menino de cabelo azul, Jungwoo, suspiram alto.

— Que saco, a gente tem mesmo que lembrar disso todo ano? É triste, tráfico e sério, NÃO PRECISAMOS LEMBRAR! — Lucas não parece nada feliz, e só ai eu entendo o porque de não conhecer nem ele e nem o Jungwoo, aparentemente eles não são da nossa escola, trabalham no acampamento, são monitores também.

— Que histórias de terror seriam melhores do que essas? — Jungwoo comenta, sorrindo da mesma forma estranha em direção a Jackson. Mark apenas nega com a cabeça, mas não fala nada para se envolver. De alguma forma, sinto, no fundo do meu peito, que não vem coisa boa por ai.

— O que tem de tão importante nessas histórias de terror? — Pergunto, finalmente vencendo a preguiça e encontrando minha voz. Bem nessa hora Jackson me encara, como se estivesse esperando por essa pergunta, e sorri mais ainda, como um psicopata louco, antes de responder, olhando no rosto de cada um na roda de amigos.

— É que não são apenas histórias.

Blind • 2Jae (HIATUS) Onde histórias criam vida. Descubra agora