Capítulo XXXVII ○ Jaebeom

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— Nós vamos sentar lá no fundo. —  Bambam avisa, já ultrapassando todos nós e se dirigindo ao fundo do ônibus que vai nos levar até o acampamento. Youngjae bufa, Yugyeom revira os olhos e Jinyoung balança a cabeça para os lados incrédulo. Eu apenas sorrio, Bambam é engraçado, ele não pede as coisas, ele manda, é como o Youngjae, só que mais agressivo. O mais engraçado é a parte em que a gente faz o que ele manda, por livre e espontânea pressão? Sim, mas a gente faz.

— Tu tá se achando o alecrim dourado né, Tailândia? — Yugyeom comenta, todo trabalho no sarcasmo. Bambam da de ombros, não dando atenção. Sim, ele se achava o alecrim dourado.

— Eu não acho, amado, eu sou.

— É o que? burro? — Youngjae cutuca e Bambam faz uma careta, contráriado. Youngjae não pode ver a careta, mas é como se pudesse e nunca vou me acostumar com isso. — Não me olha com essa cara, não é bullying se é verdade.

— Cara? eu sou a pessoa mais inteligente que eu conheço.

— Logo dá para perceber que você não conhece muita gente então. — Jinyoung comenta, o que me surpreende, na maior parte do tempo ele tenta se manter na bolha dele, longe de qualquer interação humana, nunca agindo como um adolescente normal. Ele não gosta de conversar com pessoas, de fazer amizade com pessoas, respirar o mesmo ar que pessoas. Em palavras mais claras, ele é completamente antisocial. Mas aqui, agora, e na noite do cinema também, por algum motivo ele deixou essa antisocialidade dele de lado e decidiu agir como um adolescente normal. De alguma forma, que eu não sei, mas também não me importo, ele aceitou e quer fazer amizade com os outros meninos também, assim como fez comigo.

— Nossa Brutus, eu pensei que você fosse meu amigo. — É a vez de Jinyoung revirar os olhos, antes de se jogar em um acento qualquer na ultima fileira no fundo do ônibus, perto da janela, e Yugyeom se senta ao lado dele, acho que sem perceber mesmo, e Bambam senta do lado de Yugyeom. Youngjae me puxa e nós ficamos em dois acentos de frente aos 3, na segunda fileira da parte de trás do ônibus.

— Meu único amigo é deus.

— Sempre soube que eu não era completamente humano. — Comento, ajeitando meu cabelo de uma forma bem debochada. Yugyeom ri, assim como Bambam e Youngjae. É engraçado, a cena faz com que eu me sinta como se estivesse dentro de uma fanfic ruim do wattpad.

— Você é metade animal. — Jinyoung dá de ombros, realmente hoje ele tirou o dia pra dar patadas. Ah, pera! Ele é assim todo dia, esse é o estado natural dele.

— E não somos todos? — Youngjae pergunta, não de forma debochada ou irritada, ele só pergunta, como se realmente quisesse saber a resposta. Eu e os meninos apenas encaramos ele em silêncio, e ele parece perceber nossa confusão, porque completa; — Nós temos o mesmo ancestral comum que os primatas, então tecnicamente, lá no fundo nós somos mesmo metade animais, sabe? Animais racionais.

— Tá assistindo muito Discovery Channel, não tá não amigo? — Bambam pergunta e Youngjae ri, isso me faz sorrir também. O garoto é estranho, mas até a estranheza dele se torna bonita.

— Devaneios de uma mente sonolenta, tenho desses todos os dias. — Jinyoung comenta, me fazendo erguer uma sobrancelha e olhar para ele por cima do encosto do acento. Ele apenas da de ombros quando me vê o observando. — Ficar com sono é como estar bêbado, só que sem a parte da ressaca no outro dia.

— E você bebe desde quando? 

— Não é só porque eu não gosto de festas que eu não vá para elas. — Ele dá de ombros, me respondendo de forma bem indiferente. Rio baixinho, Jinyoung e suas várias fases.

— Você não vai pra festas.

— Ok, eu não vou mesmo para festas, seres humanos em festas são nojentos... — Ele faz careta, o que nos faz rir, todos nós. —  De qualquer forma, não é só em festas que tem bebida, eu posso encher a cara dentro do meu quarto se eu quiser.

— E você já fez isso? — Ergo uma sobrancelha de novo, desafiador. É claro que ele não fez.

— É claro que eu não fiz. Tenho princípios. — A forma como ele fala isso é... estranha.

— VOCÊ TÁ MENTINDO! — Yugyeom solta, rindo logo em seguida da cara que meu amigo faz. Jinyoung olha pra ele com os olhos cerrados em desconfiança, e eu até me ajeito melhor na cadeira pra observar a treta que vai se desenrolar.

— Você tá me chamando de mentiroso? Garoto, me respeita que eu sou mais velho que você e sou um homem de Deus.

— Aleluia Arrepiei. — Bambam sussurra baixinho, também assistindo os dois.

— Eu não te chamei de mentiroso, disse que você está mentindo.

— Logo, significa que está me chamando de mentiroso.

— Não, apenas disse que você está mentindo NESTA situação, nada que faça referencia a outras situações. Você é mentiroso NESSA questão da bebiba, mas o resto do tempo é o resto do tempo.

— Por que você acha que eu estou mentindo?

— Porque você está. — Yugyeom da de ombros, fazendo pouco caso da situação. Jinyoung suspira, quase consigo ouvir ele contando até 10 dentro da mente dele pra se manter calmo.

— Eu não estou mentindo.

— Está sim, e agora você mentiu de novo.

— Você quer morrer? — Yugyeom se afasta um pouco do meu amigo, defensivo, mas bambam empurra ele pra frente de volta, e eu quase rio, mas se eu rir, bom, não vou parar.

— Você vai me silenciar só porque eu disse a verdade? ISSO É CENSURA!

— Censura vai ser o que vão ter que colocar no seu rosto depois que eu terminar de te... — Mas meu amigo não termina a frase, porque o professor entra no ônibus e chama nossa atenção.

— Todos aqui? — Ele confere cabeça por cabeça, e quando confirma que sim, sorri. — Então estamos saindo, fiquem em seus acentos e NÃO se matem.

— Salvo pelo gongo. — Yugyeom murmura, mas Jinyoung olha para ele com o melhor olhar assassino do mundo, e eu até ficaria com medo se não soubesse que é só fachada do Sr. Felpudo.

— Não se esqueça que estamos indo para o meio do mato, é muito fácil empurrar alguém de um penhasco e dizer que foi um acidente. — Meu amigo sorri de uma forma tão fria que eu admito, dessa vez eu até fiquei com medinho, mas não tanto quanto Yugyeom, que se encolheu todo e se escondeu atrás de bambam, usando ele como escudo. Jinyoung bufa e olha para a janela, onda agora dava para ver a civilização ficando para trás, assim encerrando o assunto.

É, acho que talvez nem todos voltem dessa viagem no fim das contas. 

Blind • 2Jae (HIATUS) Onde histórias criam vida. Descubra agora