Capítulo XVI ● Youngjae

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— Quem era o gato que chegou com você e sua mãe hoje? — Fecho a porta do armário com um baque forte por conta do susto. Yugyeom sempre fazia isso, chegava nos lugares do nada e sem avisar, e quando eu sentia sua presença já era tarde demais, meu coração já estava acelerado pelo susto. Ele é a única pessoa, até hoje, que conseguia camuflar a presença até de mim, eu não sei como, mas ele faz isso. Eu nunca consigo sentir quando ele está se aproximando, ele é silêncioso como uma cobra e rápido como tigre.

— Você sabe que não pode chegar do nada, Yugyeom, eu quase morri aqui, seu louco! — Coloco minha mão no peito, sentindo o quão rápido o meu coração está batendo, e inspiro e expiro umas dez vezes para tentar me acalmar, antes de olhar em direção de onde a voz veio, com meu melhor semblante raivoso no rosto.

— Você é tão dramático.

— Eu sou cardíaco!

— Não, você não é.

— Ok, mas eu poderia ser! — Empino o nariz e volto a fazer o que eu fazia antes, ou seja, pegar o resto dos livros que eu usaria hoje para não ter que ficar voltando no armário no decorrer do dia. Yugyeom se encosta no armário ao lado do meu, sei disso porque consigo escutar o barulho dos chaveiros que ele coleciona batendo no metal dos armários quando ele o faz. E se eu pudesse ver e descrever a cena, eu diria que ele está fazendo aquela típica pose de bad boy de filmes americanos.

— Você não respondeu minha pergunta.

— Que pergunta? — Sim, eu estou me fazendo de idiota, mas é por um bom motivo, só que claro, para o meu lado e não para o dele. Se eu disser quem Jaebeom é, Yugyeom vai começar a me fazer milhares e milhares de perguntas e eu vou ser obrigado a responder cada uma delas com o máximo de detalhes o possível, porque ele ama detalhes. E está cedo demais para eu conseguir formular respostas descentes agora, então eu vou evitar essa conversa o quanto eu puder.

— Eu sei que você está se fazendo de Britney louca, eu quero minha resposta na mesa agora! — Suspiro bem alto e fecho a porta do armário de novo, então encosto minha testa na porta fechada e choramingo baixinho, sentindo o metal gelado fazer minha cabeça, que começava a doer, relaxar um pouquinho a pressão. Posso sentir o olhar de Yugyeom queimando minha pele, e se eu pudesse apostar, diria que ele está com o olhar presunçoso que ele sempre usa nesses tipos de situações, o olhar que minha mãe carinhosamente apelidou de "olhar da morte".

— Eu tenho mesmo que explicar agora? ainda é muito cedo, meus neurônios estão dormindo.

— Se você consegue criar desculpas para não falar, então consegue sim formular as respostas para a minha pergunta, você só não quer.

— Isso mesmo, que bom que você é inteligente e entendeu. — Desencosto minha testa da porta e sorrio para o meu amigo, o sorriso mais inocente que consigo dar agora, e quase consigo visualizar os olhos dele se revirando ao mesmo tempo que ele bufa.

— As vezes me pergunto o porque de continuar sendo seu amigo.

— É porque sem mim você não teria mais ninguém. — Yugyeom dá um peteleco na minha testa e eu abro a boca em um pefeito "O" de surpresa, mas não tenho tempo de reclamar, antes de escutar o alarme da escola soar, avisando que precisamos ir para a aula. — Te explico na hora do almoço.

— O cara gato vai estar lá também?

— Yugyeom! — Ele dá uma risadinha quando eu o repreendo e então nós entramos no meio da multidão de alunos que também andavam em direção de suas salas, o que fazia o barulho do corredor ficar mais alto e ensurdecedor, mas eu apenas ajeito a alça da mochila no meu ombro e desdobro a bengala. E diferente dos outros, fora mamãe e papai, Yugyeom é a única outra pessoa que não oferece o braço para me ajudar, porque ele sabe que eu gosto muito da minha independência e sabe que se um dia eu precisar de ajuda, eu vou pedir, o que é uma coisa legal sobre ele, o fato de que ele me entende.

Blind • 2Jae (HIATUS) Onde histórias criam vida. Descubra agora