Capítulo 14

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                                 Capítulo 14

                                    Chuck

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As costas das mãos de Brooke roçando em meu pau, enquanto a mesma ajeita essa fantasia ridícula em meu corpo, estão me deixando louco. Fora seu comentário sobre a herpes. Pela primeira vez na vida quero colocar a cueca o mais rápido possível. Encaro sua mão com a luva misteriosa aparecendo e desaparecendo em nosso meio e respiro fundo. Ela seria uma possível fã do Michael Jackson? Para usar apenas uma luva, que nem o cantor usava? Acho pouco provável.

— Sabe que você parece um bebêzão, né? Daqueles que aprendem a dizer palavrões vendo a tv aberta e não sabem limpar a bunda — sua provocação me faz rir com o nariz.

— Você não deixa nada passar, porra — observo o óbvio e Brooke sorri um sorriso, que me faz pela primeira vez; fascinar.

    Porra, por que estou mais excitado com o sorriso no rosto de Brooke, do que o roçar das suas mãos no meu pau? O que há de errado comigo porra? Tento não pensar nessas merdas e a observo colocar a faixa da fantasia em meu ombro.

— Acho que é isso, pau pequeno — Brooke afasta suas mãos do meu corpo e dá um passo para trás, observando como a fantasia havia ficado.

Deixo passar sua provocação extremamente falsa e me viro, para me encarar no espelho da parede do provador. Faço uma careta encarando a fantasia. Não é lá a melhor que existe, mas também não é a pior... Cruzo os braços, estufando o peito, para ver se a faixa no meu ombro levantaria a parte das folhas que escondem meu pau. A fantasia passa no teste e quando estou prestes a me virar de frente para Brooke novamente, sinto um aperto na...

— Você apertou minha bunda? — minhas sobrancelhas se unem de leve e me viro correndo olhar no rosto da meliante, que está tentando não rir e está falhando miseravelmente nessa sua missão.

— Talvez — seus ombros sobem e descem — E então? Gostou? — seu dedo afunda em meu abdômen ao pronunciar a pergunta.

Corro olhar no rosto da garota que disse que não queria qualquer tipo de relação com ninguém; nem mesmo amizade e mesmo assim está aqui brincando comigo, como se fôssemos a droga de duas pessoas que se conhecem desde a escola.

— Do seu aperto na minha bunda? Não, sabe como é... Sou um cara difícil — a respondo adotando um sorriso, ainda explorando cada pontinho do seu rosto.

— Estava falando da fantasia, Mimado — Brooke continua tentando não sorrir e isso só me faz sorrir mais ainda.

— Pensei que você não queria novas amizades — erguendo uma de minhas sobrancelhas e por alguma razão, o sorriso breve no rosto de Brooke se cessa.

— E... Não quero — sua resposta soa baixa, como se ela estivesse falando mais para si mesma, que para mim.

Seus olhos caem do pé da minha barriga, para o chão e uma expressão que não consigo identificar bem — talvez raiva, talvez arrependimento — nasce em seu rosto.

— Ei porra, não, não fica assim, estava brincando — por algum motivo, vê-la abandonar o sorriso de antes me abala e me impulsiona a levar uma de minhas mãos para entre seu pescoço e seu maxilar, acariciando sua pele lisa com meu polegar.

  Uma confusão de sentimentos se inicia tanto no rosto da garota à minha frente, quanto dentro da minha cabeça. Por que raios eu estou a acariciando não sei, só sei que pareceu certo antes... Os olhos negros de Brooke sobem percorrendo sem pressa meu corpo, até pararem fixos nos meus. Percebo quando Brooke entreabre seus lábios, mesmo que por um segundo, antes de fecha-los novamente. Como se precisasse daquele gesto para ajudá-la a respirar.

— O que? Chuck Riston, o mimado de pau pequeno, está preocupado? Comigo? — sua pergunta após um tempo em silêncio, soa total e completamente sarcástica, o que me faz respirar fundo. Porra, Brooke.

Sua mão coberta com a luva sobe até a minha e me faz afastar. Suspiro e digo que vou ficar com a fantasia. Brooke sorri, mas não o mesmo sorriso de antes, o de agora parece mais superficial... Como se ela estivesse se obrigando a fazê-lo. Não comento nada porque não é da minha conta e a morena deixa o provador. Após tirar essa fantasia e vestir minha roupa, abandono o provador também e tanto eu, quanto Brooke ignoramos os olhares de duas atendentes, que muito provavelmente viram nós dois dentro do provador e como demoramos, aposto com quem quiser, que elas pensam que transamos lá. Quem dera...

*
              
Convido Brooke para um café, já que estava cedo demais para um jantar e tarde demais para um almoço, mas a mesma se recusa, pois diz que consegue pegar suas últimas aulas do dia ainda. Reviro os olhos porque 1) ela parece uma nerd viciada em estudar e 2) não sei onde estava com a cabeça, para chamar uma garota pra sair. Já faz tempo que esse tópico não é mais preciso comigo. Se eu quero e a garota também, então pulamos toda essa enrolação e vamos direto para o que importa; o prazer. Digo, pra que ficar enrolando? Fingindo que a vidinha de alguém nos interessa, quando na verdade não lembraremos sequer dos nossos nomes na manhã seguinte? O lance é curtir sem se envolver. Viver a vida. Assim que o último pensamento se finaliza tiro sarro de mim mesmo, porque Brooke é de longe a garota que eu mais tenho "corrido" atrás. O motivo? Ainda estou tentando descobrir. Por volta das 4pm, a deixo no campus e ela desce do carro com sua fantasia e um; "Até mais, pau pequeno" que por algum motivo não me irrita, apenas me faz rir com o nariz. A observo se afastar e logo tiro o carro do estacionamento. Essa tarde, o sorriso de Brooke, suas brincadeiras bobas, encheram minha cabeça como naquela noite em que passei o treino todo com os pensamentos na morena com a boca mais suja que a minha. Para evitar que essa droga se repita no treino de hoje, deixo o campus e dirijo até o bar, que geralmente íamos nós quatro — Gibson, Thomas, Nate e Eu — e agora mal lembro o caminho, de tanto tempo que não piso naquele estabelecimento. Prometi que não encheria mais a cara, no entanto; preciso.

Extermino minha 6º cerveja e coloco a garrafa envidraçada sobre o balcão. Penso em pedir outra, mas o perfume da garçonete com os peitos quase de fora do seu decote está me enjoando, então apenas peço a conta e a presenteio com um breve beijo, antes de deixar o local. Não chego a estar bêbado, na verdade estou apenas um pouco tonto. Entro no carro e o escuro dentro do veículo estacionado no estacionamento, por algum motivo me faz relembrar o sorriso de Brooke e como ela estava menos... Arisca? Essa tarde. Ahh porra não, não, não, enchi a cara justamente para esquecê-la, não o contrário. Acerto um soco no volante rosnando um palavrão e tento me acalmar. Ela é só mais uma garota... Só mais uma garota... Só mais uma garota que, por algum motivo, está dominando todos meus pensamentos. Normalizo a respiração e ligo o carro bufando. Deveria ficar aqui e beber até não me aguentar em pé, mas o próximo jogo é daqui a dois dias e tenho certeza que se eu não aparecer para os treinos, o treinador vai chutar minha bunda, colocando algum bastardo qualquer no meu lugar e isso definitivamente não pode acontecer.
Logo estaciono o carro no estacionamento do campus e faço uma careta, ao descer do veículo e perceber que o que achei que tinha estacionado perfeitamente, na verdade está ocupando duas vagas. Ok talvez eu esteja um pouquinho mais acima do; "pouco tonto".

Talvez DesconhecidosOnde histórias criam vida. Descubra agora