Capítulo 31

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                               Capítulo 31

                                       Chuck

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Porra.
Porra.
Porra.
Eu quero, quero desesperadamente xinga-la de tudo quanto é xingamentos possíveis. Dos mais baixos e sujos, até os mais água com açúcar. Quero mandá-la se foder e nunca mais pensar no nome "Brooke", ou em como fico excitado ao vê-la sorrir, ou me desafiando, mas por algum motivo, ou melhor; por alguma merda de motivo, não consigo... Não consigo xinga-la, não consigo odiá-la com todas as minhas forças, apenas não dá. E essa "falha" está me alterando em um nível que nunca fiquei antes. Nem mesmo nas vezes em que encaramos os bastados de Harvard no gramado. Essa... Essa filha da... Não dá, que porra! Por que não consigo xinga-la? Já xinguei muito mais gente, por muito pouco e agora não consigo terminar a droga de um xingamento relacionado à Brooke? A única porra de pessoa na vida, que prefere o trabalho à diversão. Foda-se, vivi muito tempo sem saber que ela existia e não será diferente agora. Ela foi só mais uma. Meu inconsciente ri do meu próprio pensamento. Claro, claro, ela foi só mais uma que sequer caiu de quatro pra você, se enxerga Chuck! Esse pensamento me faz explodir e paro de caminhar, apenas e somente para socar a porra de uma lata de lixo qualquer na rua. Soco o metal fuleiro dessa merda de bairro fuleiro, até ver as marcas dos meus punhos amassando a chapa. Porra. Um cara que estava passando do outro lado da rua me encara de cara feia e o pergunto rosnando se ele perdeu algo. O bastardo não aceita meu convite pra briga e finge que eu não estava falando consigo. Cagão.

    Óbvio que essa merda toda ia dar errado, não que ela não tenha avisado; Brooke deixou bem claro, mais de uma vez... No entanto, sei lá porra, achava que pelo menos amigos poderíamos ser. Ainda há amizades entre homens e mulheres certo? Foda-se, esquece essa ideia de amiguinhos felizes. Voltarei a fazer a única coisa que eu sei fazer de melhor com as garotas; satisfazê-las. Se ela quer ser a porra da misteriosa, que não se da a chance de viver, porra que seja, então não viva. Estou investindo demais em um negócio que sequer tem futuro e cansei. Brooke agora é passado e ela que viva feliz e cheia dos seus sacarmos com aquele rolha de poço, com quem ela se sujeita a morar. Afinal quem está perdendo altas diversões não sou eu; é ela.

                                           *

       A porta do meu quarto é aberta e isso me faz desviar a atenção da tela do computador, para Nate. Tiro meu headphone e o deixo envolta do pescoço.

— Cara tem uma roupa... Vamos dizer... Íntima feminina... Lá no banheiro e não é da G menina, nem da Eva — Nate me informa devagar, no tempo dele e  minhas sobrancelhas se unem de leve.

       Óbvio que não ia ser de nenhuma das duas. Eva morreria antes de deixar uma calcinha no nosso banheiro e Gretta... Bom, ela é ela e também não deixaria rastros. O que significa que o filha da mãe acha que eu uso calcinha?

— E o que porra isso tem haver comigo? — questiono ainda de sobrancelhas unidas, enquanto Nate respira fundo.

— Está junto com a fantasia que você e a garota misteriosa usaram — seu complemento soa sem jeito.

       A mera menção à Brooke, me faz travar o maxilar. Na noite anterior, como a fantasia dela era integra com um tope para cobrir os seios, Brooke só usou uma calcinha embaixo da saia de folhas. A porra da lembrança de nós dois no chuveiro tenta acariciar minha raiva, mas a jogo para o canto do meu cérebro.

— Deve ser dela... — era dela — Depois eu pego — resmungo fingindo não dar muita importância e volto minha atenção para a tela do computador.

      Nate resmunga um; "Ah e também queria perguntar...", recebendo minha atenção de volta. O cara levanta o controle do Xbox e nem precisa terminar de formular sua pergunta; estou dentro, assentindo com a cabeça no mesmo segundo. Desde que cheguei ao campus horas atrás, me tranquei no meu quarto, mexendo no programa de músicas, a fim de desestressar. No estado que eu estava, seria capaz de partir pra cima até mesmo do chanceler se ele viesse me encher o saco. A mesclagem de músicas me ajudou, mas não 100% e as últimas porcentagens de calma que preciso provavelmente estão na mão de Nate. Descemos pra sala e o jogo já estava programado, o que me faz sorrir de lado e pegar o controle que sobrava sobre a mesinha de centro. Nate e eu nos sentamos e discutimos brevemente sobre qual time seria de quem... Essa é a merda de jogar com Nate; ele sempre quer os mesmos personagens que eu. Além disso, Gibson é um oponente mais a altura, mas deixo esse comentário guardado, porquê gostando ou não, o único que vem mantendo a irmandade nesses últimos tempos é; Nate. Isso porque o drogado deu em cima de uma garota que é lésbica e a mesma o deu um pé na bunda. Mentalmente me desligo do agora pensando se não é isso... Brooke e eu já tivemos interações o suficiente para já termos ido pra cama no mínimo umas 3 vezes, mas sempre quando algo está começando a acontecer; ela recua. Seria ela lésbica também? Penso em perguntar a Nate como sua "paixão" agia, antes de revelar gostar de pessoas do mesmo sexo, mas abandono a ideia no mesmo segundo, porquê foda-se Brooke.

         Nós dois jogamos no mínimo 5 partidas, antes do meu celular atrapalhar por estar vibrando sem parar, anunciando novas mensagens. Pego o aparelho, enquanto Nate vai até a cozinha pegar cerveja e ignoro as mensagens dos grupos que estou participando. Ruby havia me enviado algumas fotos e não preciso nem abrir, para saber que são nudes. Toda semana ela me envia fotos novas, como se eu fosse esquecer das da semana passada. O único problema é que ela mal sabe, que já não abaixo suas fotos a mais ou menos; um mês. Tenho a impressão que Ruby está achando que o que tivemos durará pra sempre, mesmo eu lhe avisando que não sou cara de relacionamentos. Minha atenção se fixa no contato de minha mãe, com algumas mensagens não lidas e respirando fundo abro a conversa. Como suspeitava; nenhuma das mensagens são algo do tipo; "tudo bem filho? Como está?". Leio as letras na tela e respiro fundo, apertando o aparelho celular na mão. Me levanto e jogo o controle sobre o sofá.

— Ei Chuck, aonde tá indo? — Nate aparece, no instante em que eu estava deixando essa porra de sala.

— Saindo — como sempre o respondo a mesma coisa e Nate também como sempre; só confirma com a cabeça e me oferece a segunda cerveja em sua mão.

      Nego com a cabeça e passo pelo cara, subindo até meu quarto. Troco a roupa e tento pensar em outra coisa, sem ser as mensagens que minha mãe havia enviado. Preciso da cabeça focada. Porra, Chuck foco.

                                           *

          Estaciono o carro no estacionamento amplo e fico encarando a entrada do prédio. Algumas coisas na vida temos que encarar de cabeça erguida, outras temos que apenas aceitar e chorar. No entanto, tem a porra de um meio termo entre as duas, onde você; quer desesperadamente chorar, mas não quer que ninguém mais perceba, o quão fodida essa porra de vida pode ser, então coloca um sorriso de merda no rosto e finge estar aguentando tudo, firme e forte. Respiro fundo e pego o buquê de flores, no banco ao lado do meu e desço do carro. Entrar aqui todas as semanas é uma luta diária contra o medo, contra a falta e a porra da vida.

— Chuck! Entre logo, querido — a voz que tanto conheço, solta o ar aliviada, no instante em que abro a porta do quarto, que não sentiria falta caso não precisasse entrar nunca mais.

  Sorriu de lado e me aproximo, abraçando a mulher que mais admiro em todo o mundo; minha mãe.

Talvez DesconhecidosOnde histórias criam vida. Descubra agora