Capítulo 50 - Dependente

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Massimo:

Ao chegar em casa estranhei o total silêncio, e a quietude, no jardim da frente...
Não havia um segurança por ali, o que me deixou muito irritado...
Doménico olhou de mim para Karlo, e pegou sua arma no coldre, já que eu estava desarmado por conta do pavor nem pensei em pegar nada...
Ele foi na frente seguido por Karlo, Olga e Ayla, e eu por último...
Entramos em silêncio, e devagar...
A casa parecia normal, a bagunça feita já havia sido limpa, e os moveis foram colocados devolta no lugar...
Ouvimos um barulho vindo da cozinha, e Olga desobedecendo Doménico foi até lá...
Quando voltou Nonna e Mario a acompanhavam, e ao nos ver Franthesca correu na nossa direção e me abraçou com força, logo depois Doménico, Karlo, e Ayla, e chorava muito...

- Eu tive tanto medo de perder algum de vocês... - Ela soluçava... - Como está minha menina Laura? - Todos se olharam...

- Nonna... Ela perdeu o bebê... - Eu disse baixo quase em um sussurro...

Imediatamente ela levou as mãos na boca...

- Eu... Eu sinto muito meu filho... - Ela me abraçou de novo...

- Ela ficará bem Nonna, foi uma noite dificil, ela passou por uma cirurgia complicada mas pelos relatos do médico não houve falhas do coração dela... - Doménico se adiantou, e me poupou de uma conversa triste...

- Nonna, em breve ela estará em casa... - Olhei nos seus olhos, e toquei sei ombro esquerdo... - Laura é uma verdadeira Torricelli, e nós nunca desistimos...

- NUNCAA... - Karlo e Nick falaram em unissono, o que me fez dar um leve sorriso...

- E você Mário? Onde se enfiou no meio disso tudo? - Perguntei sério...

- Eu me escondi, não achou que eu ficaria na linha de frente né? - Ele ergueu a sobrancelha...

- Covarde... - Olga o encarou...

- Isso não era problema meu... - Ele rebateu

- Você não passa de um rato de mocó Mário... - Eles começaram a discutir...

- E você não passa de uma intrometida...

Doménico se posicionou entre eles, e ficou de frente com Mário puxando Olga para trás dele...

- Vê lá o jeito que fala com ela, Olga tem total razão... - Ele apontou o dedo na cara de Mário...

- Chega... - Apartei antes que ficasse mais sério... - Hoje teremos uma reunião, apenas nós então Nick dispense qualquer sócio que tentar falar conosco... - Ele confirma... - E Mário, nada de dar os seus sumissos por ai, você ira participar sem falta, ou vai conhecer um Massimo Torricelli do qual nunca viu, os outros vão subir, tomar um banho e descansar...

- Mas e você Massimo? Está mais cansado do que a gente... - Karlo diz...

- Estou bem, não quero fechar os olhos, ou terei pesadelos com a Laura, e vou acabar enlouquecendo de vez, vou apenas jogar uma água...

As meninas se despediram, e subiram as escadas, enquanto Doménico e Karlo se serviam de uma bebida...
Eu fui para a suíte, mas parei ao chegar na porta...
Peguei na maçaneta, e a abri ficando parado no batente...
Passei meus olhos pelo quarto, e em cada canto olhado eu via Laura, com seu olhar brilhante, e seu sorriso meigo...
Senti uma dor no peito, um aperto no coração, já sentido outras vezes mais nenhum como dessa vez...
O lugar exalava o perfume da minha doce amada, e a falta que ela me fazia tomou conta não só de mim, mas de todos, e na casa inteira, em cada comodo eu ouvia os risos dela...
Andei hesitantemente até o closet, a porta que leva para o quarto do pânico ainda estava aberta, eu a fechei e fui passando os dedos nas peças de roupa da minha pequena que estavam logo ali ao lado...
Os varios vestidos curtos, e longos de tantos jantares, e passeios, os macacões, e jardineiras, as jaquetas, casacos, e cacharréis, de varias cores que sempre ficavam lindas nela, e as Baby looks que a deixavam com um ar mais descontraído e a vontade...
Os saltos super altos que ela amava usar para chamar minha atenção, as botas que ela dizia que só combinavam com calça legging, ou no maximo jeans de cintura alta, os tênis que ela usava com moletom nas manhãs para fazer caminhada com Olga, e as sandálias rasteirinhas na qual ficavam perfeitas com os shots que ela tanto gostava...
Tudo ali era exatamente a cara dela, a Laura Alegre, sempre feliz, e sorridente, simpática com aquele tom de voz meigo e delicado, super delicioso de ouvir...
Me lembrei das carícias, e cafunés de um jeito que ninguém nunca fez...
Não sei explicar como ela conseguia ser tão única sendo ela mesma, divertida, e com um jeito paciente comigo que sempre estou fazendo burradas...
Vi uma jaqueta minha que estava no meio das roupas dela, e ao pegar senti forte aquele perfume, qual ela usava somente pra mim...
Me agarrei a roupa, e a levei para a cama comigo, esperando que minha saudade, e preocupação sumissem, rezando para que no minimo acaumasse meus pensamentos...
Eu queria chorar, queria quebrar tudo, ou no minimo encher a cara de vodka ou whisky, mas Laura nunca iria aceitar isso...
Imaginei o olhar furioso dela, ou seu tom raivoso, e autoritário brigando comigo, ou até mesmo sua chateação em saber que mais uma vez fui fraco, e deixei um sentimento ruim me dominar...
NÃO...
Eu não vou mais chatear minha esposa...
Eu não vou mais ser o cara impotente que pensa em porra de máfia, ao invés de dedicar toda a minha vida a ela...
Ela não merece isso, ela não mereceu nada pelo o que passou, e ainda sim o grande bacaca, e egoista do Massimo não percebeu o anjo maravilhoso que tinha ao lado o tempo todo...
Agi feito um imbecil com ela o tempo inteiro, é isso o que eu sou um burro, um hipócrita, e um enorme IMBECIL, por achar que ela era obrigada a passar a maioria dos dias sozinha, acordar sozinha, e muitas vezes jantar e dormir sem minha presença...
Sou um completo desleixado...

"VAMOS LÁ MASSIMO, FODA-SE A MAFIA, FODA-SE OS SÓCIOS, FODA-SE TUDO E TODO MUNDO, ME CANSEEI, CHEGA DE BRINCAR DE MAFIOSO, OU É PARA VALER E LEVAR A SÉRIO, OU É PERDER A ÚNICA PESSOA QUE FAZ ESSA SUA VIDA DE MERDA TER SENTIDO, A ÚNICA QUE FAZ SEUS PESADELOS ACABAREM, QUE JÁ TE AMAVA SEM NEM SABER QUEM VOCÊ ERA, E QUE NÃO LIGA PRO DOM TORRICELLI, APENAS PARA O MASSIMO..."

Isso é torturante...
Quanto mais eu tento ser forte, percebo que mais fraco eu sou...
Mas com ela não existe isso, não existe força, nem fraqueza, apenas eu...
Com pressa caminhei pro box, e liguei a água gelada me sentando no chão, não tirei a roupa, nem os sapatos, eu só queria que essa sensação acabasse, que tudo isso acabasse, e poder ter mais uma chance de ser alguém melhor pra ela...
Fechei os olhos, e deixei as lágrimas se misturarem a água...
Ou eu deixo esse sentimento sufocante sair, ou vou acabar explodindo a casa, e não posso fazer isso, Laura adora essa casa kk...
Minha sessão de tortura acabou quando ouvi batidas na porta...

- Massimo? - Era a voz de Franthesca...

- Estou tomando um banho Nonna... - Gritei...

- Não se apresse, eu espero...

Me levantei, e retirei a roupa ensopada...
Coloquei o chuveiro no quente...
Até isso não consigo evitar, Laura nunca me deixaria tomar banho gelado kkk...
Arranquei o curativo do ombro, e lavei a ferida...
Terminei o banho, enrolei uma toalha na cintura, e logo sai do banheiro sem a menor coragem de me olhar no espelho...
Devolta ao closet, vesti uma bermuda, e uma camiseta, sequei os cabelos, e fui até a porta para destranca-lá...
Nonna estava pacientemente aparada no corredor, e quando me viu, deu um sorriso acolhedor...

- Eu te trouxe uma sopa bem reforçada, e também um remédio para dor de cabeça...

- Muito obrigado Nonna...

- Alimente-se primeiro, e tome o remédio depois, sem dor vai conseguir dormir mais rápido... - Ela sorriu, me entregou a bandeja, e desceu devolta...

Fiz o que ela mandou...
Me ajeitei na cama, tomei toda a sopa, e depois o remédio...
A jaqueta com o cheiro da Laura estava ao meu lado...
Deitei abraçando-a, e rezando para qualquer Santo que ouvisse minhas presses, e me desse mais uma oportunidade de fazer Laura feliz...
Não me lembro em que parte cheguei, mas logo fui tomado pelo cansaço...

Are you lost Baby Girl? (Parte 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora