Capítulo 92 - Eu odeio você

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Laura:

"Acorde bela adormecida"
Escutava uma voz bem longe, que aos poucos foi chegando mais perto, ficando mais alta e clara...
Com dificuldade abro os olhos, e uma dor aguda atravessa minha cabeça...

- Finalmente querida, pensei que eu teria que chamar um medico... - A visão começa a ficar mais clara, e vejo Marcelo sentado na beirada da cama alisando minha mão com os dedos, enquanto olha meu semblante...

As lembranças do último acontecimento vem tão claras, quanto um tapa na minha cara...
Podia jurar que tudo não passava de um maldito pesadelo, mas é bem pior...

- Não... - Puxo a mão, e me afasto dele que se levanta... - Mas...si...mo... - Lágrimas se formam em meus olhos...

- Já foi tarde... - Nacho ri de braços cruzados...

Levanto-me pelo outro lado da cama, levo as mãos a cabeça sentindo o desepero me tomar, ando de um lado para o outro...

- O que fez? - Olho incrédula para ele, que se aproxima de mim, mas me desvencilho... - Nacho, como pôde?

Seu rosto passivo muda de imediato, ele me encara sério, punho cerrado na lateral do corpo, e sua postura fica rígida...

- Você nunca me chamou pelo meu segundo nome Laura, o que o Torricelli fez com você?

- O quê ele fez? - Sinto o estômago embrulhar com sua voz...

- Deixe de drama Laura, eu já deveria ter acabado com essa palhaçada a muito tempo...

- VOCÊ MATOU MEU MARIDO... - Sem conseguir controlar as palavras fugiram indignadas da minha boca...

Rapidamente Nacho agarrou-me pelo pescoço, quase tirando meus pés do chão. e apertou o suficiente para eu segurar seu pulso com a falta de ar...
Aproximou seu rosto do meu...

- Seu marido sou eu... - Rosnou... - Isso nunca mudou, Torricelli foi apenas um contratempo... - Puxei o ar com dificuldade ao ser arremessada na cama...

Então ele enfiou as mãos no bolso da calça, e se dirigiu até a porta...

- Ele nunca me bateu... - Sussurrei puxando o ar com dificuldsde, esfregando o local machucado, e Nacho parou...

- É bom que se acostume, pois será castigada sempre que for mal criada ou me desobedecer... - Ele me olha por cima do ombro... - Amélia queria ver você, mas enquanto não se comportar, não sairá deste quarto... - Ele bateu a porta com força e a trancou por fora...

Corri até a janela na esperança de não ser muito alta, mas ao abri-la dei de cara com um penhasco...
Não, não, não, preciso dar um jeito de sair daqui...
Olhei ao meu redor, o quarto é mediano tem um guarda roupa de solteiro, a cama é de casal porém simples, tem uma cômoda com algumas gavetas e uma televisão na parede, num canto há uma porta, que acredito levar para o banheiro...
Olhei nas gavetas a procura de qualquer coisa que possa me ajudar, mas não obtive muito sucesso, então fui no banheiro que é pequeno e tem um box estreito que separa o chuveiro do vaso sanitário bem ao lado...
No armarinho achei um kit de primeiros socorros, mas dentro dele não havia nada de mais, em uma das duas gavetas achei uma tesoura e corri para tentar abrir a fechadura da porta, mas parecia impossível...
Com raiva a joguei longe, o que a fez cair em baixo da cômoda...
Se havia uma mínima esperança dentro de mim, ela voou pela janela no momento em que a abri...
Nacho é esperto, sabia que eu tentaria algo e não deixou uma mínima brecha deu escapar...
Ando em círculos pelo quarto já não sei a quanto tempo, já chorei tanto que não tenho mais lágrimas e tudo o que sinto é raiva, encarando meus pés descalços no chão frio ouço barulho na fechadura...

- Trouxe seu almoço... - Nacho aparece com uma bandeja e a põe sobre a cama...

Paro derrotada com as mãos na nuca segurando meus cabelos, e o encaro...

- Vamos querida, logo as coisas voltaram a ser como antigamente... - Sorri...

Sem pensar voou em cima dele, dando socos no seu peito e o xingando de tudo o que é palavrão...

- Pare Laura... - Ele agarra meus pulsos e me empurra... - Deixa de ser louca...

Com vontade dou um tapa forte na sua cara o fazendo virar o rosto...

- Eu odeio você... - Sei bem com quem estou lhe dando, e mesmo que minhas atitudes me tragam horríveis consequências não dou a mínima neste momento...

- Sua vaca... - Agarra meu pulso e o levanta na altura do seu rosto, me encarando com a mais pura ira no olhar, porém não recuo e nem abaixo a cabeça... - Se me bater novamente...

- Vai fazer o que? - O enfrento, não posso abandonar minha postura agora... - Vai me bater? - Rio sem humor... - Não será nada que já não tenha feito... - Puxo o braço me afastando e dou-lhe as costas...

Escuto seu suspiro pesado, como se buscasse paciência de algum lugar...

- Você não é mais criança pare de se comportar como uma, venha comer alguma coisa preparei seu prato favorito Pierogi...

Não posso acreditar no que meus ouvidos escutam, e me viro o vendo-o com o prato nas mãos, e um sorriso no rosto...
Retribuo com um sorriso fraco e me aproximo devagar, estendendo as mãos...
Quando minha mão esquerda alcança a porcelana nos seus dedos, eu a levanto com raiva fazendo o prato entornar na sua camisa...
Mais uma vez me vejo diante do próprio diabo, ele umidece os lábios devagar e olha a sujeira que fiz...

- Meus parabéns, seu castigo será ficar sem comida por tempo indeterminado... - Fala calmo, passa o dedo tirando a comida grudada na roupa e joga no prato, recolhe tudo o que trouxe e sai rapidamente me trancando de novo...

"Deus me ajude"

Are you lost Baby Girl? (Parte 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora