Capítulo 94 - Maldição

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Laura:

Não tive paz por muito tempo, e nem como correr dele...
O quarto estava completamente escuro, quando senti o colchão afundar ao meu lado...
Abri os olhos, e me aterrorizei ao ver Nacho como um tigre faminto pairando sobre mim...
Apoiado com as mãos uma de cada lado da minha cabeça, seu corpo mantinha o meu preso em baixo dele, e suas pernas entre as minhas as mantinha separadas...
Estava estática, sem reação, petrificada e morta de medo do que ele poderia fazer comigo...
Prendi a respiração quando senti seu toque proximo aos meus seios, mordi o lábio com força ao sentir a bile na garganta...
Ele jamais me deixaria sair daqui agora, quando estou exatamente aonde ele quer...
Seu rosto se aproxima do meu pescoço, e ele inspira meu cheiro fazendo um ruído...

- Nacho... - Sussurrei...

- Marcelo, igual você me chamava antigamente... - Diz em um tom aspero e seco, e pelo seu hálito ele andou bebendo.

- Marcelo... - Engoli seco... - O que está fazendo? - Minha respiração está pesada...

- O que parece que estou fazendo Laura? Hum? Estou tomando o que é meu por direito...

As lágrimas começaram a descer em meu rosto desesperadamente, quando ouvi o som de um ziper sendo aberto, provavelmente o ziper da sua calça.

- Eu ainda não me sinto bem... - Espalmei as mãos em seu peito tentando afasta-lo...

- Você dormiu bastante Laura, agora eu quero você... - Olhei pro seu rosto, mas a falta de luz impedia que ele visse a raiva em meu rosto...

- Não... - Tentei empurra-lo mais forte, mas suas mãos agarraram meus pulsos...

- Se lutar contra, serei o pior... - Rosnou em tom de aviso...

"Deus me ajude"
Suas palavras me fizeram desistir de qualquer plano que eu tinha na cabeça, uma de suas mãos continuou segurando meus pulsos, enquanto a outra agarrou o decote do meu vestido, e inesperadamente puxou o tecido o rasgando, e apertou meu seio esquerdo...
Soluços romperaram minha garganta, e começei a chorar mais alto, sentia meu coração bater na garganta, e engoli a ânsia novamente...

- Tão apetitosa... - Rodeeou o bico com a língua...

O desepero em mim só fazia aumentar cada vez mais, não conseguiria mais segurar o vômito por muito tempo, então começei a me debater até conseguir me soltar...
O empurrei de cima de mim e tropeçando corri para o banheiro, onde me joguei sobreo vaso sanitário e despejei tudo o que havia comido mais cedo...
Os espasmos eram violentos, meu corpo tremia sobre a porcelana enquanto eu tentava me segurar na borda, quando terminei estava meio difícil ficar em pé...
Fui lavar a boca na pia, quando reparei Nacho encostado na porta de sobrancelhas franzidas...

- O que você tem? - Perguntou e o encarei...

- Eu disse que não estava me sentindo bem, agora que viu que eu falei a verdade pode sair e me deixar em paz? - Falei ignorante... Ele descruzou os braços e se aproximou...

- Veja bem como fala comigo, eu já te avisei, volte imediatamente para cama que estou te esperando... - Virou as costas para sair, mas minha reação foi inesperada até para mim...

- Nem morta eu durmo com você... - Falei alto...

Ele se virou bufando, me agarrou pelo pescoço, e me prensou contra a parede...

- Qual parte da palavra "Minha" que você ainda não entendeu? - Pisquei puxando o ar com força segurando seu braço...

Os olhos dele refletiam um demônio escondido, prestes a surgir...
O demônio queria a mim, estava explícito...
Ele apertou a boca na minha com força em um beijo duro, e quanto mais eu me debatia, mais ele parecia gostar...
Sem me soltar ele me arrastou até a cama, e me jogou sobre ela como se eu não passasse de um pedaço de pano, tossi alisando a garganta puxando o ar mais forte...
Nacho se ajoelhou na cama separando minhas pernas, agarrou a borda do vestido e o rasgou de fora a fora, expondo meu corpo...
Tentei sair dali, tentei correr dele, mas nada do que eu fazia adiantava, Nacho alem de ser maior e bem mais forte do que eu, estava em poder do álcool e provavelmente de drogas também, meus tapas e socos não surtiam efeito algum nele...

- Merda Laura, pare quieta... - Falou como se para ele fosse uma coisinha simples...

- NÃO... NÃO TOQUE EM MIM NACHO... - Gritei me debatendo já chorando...

Um estalo fez eco no cômodo e meu rosto virou bruscamente para o lado, quando as costas da mão dele me esbofetiou...
Ele prendeu meus braços, e apertava minha pele de um modo que eu sei que ficará marcas roxas, assim como no meu rosto...
Ele se despiu sem a necessidade de me soltar, eu sabia o que ele faria e só conseguia sentir raiva e nojo...

Massimo:

Quando cheguei já era tarde demais...
Adriano havia levado um tiro, e o avião já estava partindo com minha esposa dentro...
Minha cabeça latejava mas eu não conseguia parar, não iria cabar até que eu a tivesse de volta...
Estava caçando todos os desgraçados que pudesse me dar qualquer informação, qualquer detalhe que me faça achar Marcelo Nacho Mattos...

- Vou perguntar de novo... - Encarei o homem sangrando caido aos meus pés... - Nacho Mattos, onde ele está? - Puxei seus cabelos o obrigado a olhar pra mim...

Ele cuspiu sangue na minha cara...

- Para o inferno Torricelli... - Gargalhou... - Sua mulherzinha já era... - O empurrei de volta ao chão e esfreguei o rosto...

- Acabem o madeletto(maldito)... - Ordenei aos seguranças comigo...

Cruzei os braços assistindo a tortura, quando meu celular tocou no bolso do meu paletó, olhei a tela e vi o nome de Doménico...

- Adriano está morto Massimo... - Sua voz saiu angustiada, antes que eu pudesse dizer uma única sílaba...

- Já estou a caminho... - Digo e deixo a boate sozinho...

Cheguei ao hospital no momento em que Nick e Carlo conversavam algo com o médico, Olga chorava despertada sendo amparada por Ayla que tentava se manter firme...
O médico da família veio até mim, e me cumprimentou...

- Eu sinto muito senhor Torricelli, seu irmão não resistiu...

O latejar da minha cabeça já estava insuportável, e eu só conseguia pensar cada vez mais no porquê sou tão amaldiçoado...
Não falei uma palavra se quer, nem sabia ao certo o que dizer, uma vez que perder as pessoas faziam parte da nossa vida...

- Onde no inferno você estava? - Domenico questionou bravo, mas eu apenas o olhei cansado demais para brigar...

- Massimo... - Carlo me puxou para longe... - Você foi atrás de informações não é? - Cerrei a mandíbula e ele bufou... - Porra Massimo, custava ao menos esperar por nós? Sabe que não vamos desistir da Laura nunca, não pode simplesmente sair por ai matando os outros...

- Quem disse que não? - O encarei...

Eu já estava de saco cheio, quero encontra-la o quanto antes, só de pensar em Nacho respirando o mesmo ar que a minha mulher, eu já enxergo vermelho...

- Ninguém disse, mas vai com calma Massimo... - Domenico falou...

- Não aguento mais ter calma Nick, é da minha mulher que estamos falando... - Cerrei os punhos...

- Você já chegou a dormir nessas 48 horas? - Carlo bateu em meu peito... - Droga ao menos parou para repirar?

- Dessa vez não irei parar até acabar com aquele figlio di puttana(filho da puta)... - Carlo tocou meu ombro, e eu apertei seu braço...

Estão tentando me impedir, estão tentando me parar, mas dessa vez não vou ficar esperando por notícias dela...

- Massimo... - Ele apertou forte meu ombro, com um olhar de advertência...

Eu o encarei com o mesmo olhar avisando ainda segurando seu braço, e quando o chacoalhei para baixo ele tentou me segurar...
Estava iniciando uma luta com Carlo quando senti uma picada no pescoço, e levantei a mão alisando o local...
Olhei para trás, e Domenico estava parado com uma seringa na mão, encarei meu irmão incrédulo...

- Nick? O quê? - Minha vista começou a embasar, e meu corpo a pesar...

Nenhum dos dois disse nada, no canto as meninas assistiam a tudo encolhidas e chocadas...
Minha cabeça estava falhando, meus joelhos dobraram incapazes de sustentar mais meu peso...
E o escuro me engoliu...

Are you lost Baby Girl? (Parte 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora