Capítulo 27 - Prepotência

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Laura:

(24/07 - 18:03) Já estou sentada aqui a horas, na mesma posição, quando ouço batidas na porta, e a voz de Olga me chamar...
Vou até lá, destranco e me sento ao lado da cama, ainda agarrada ao travesseiro...
Olga entra, fecha a porta e corre na minha direção, me abraçando com força...

- Ele me disse coisas horriveis. - Volto a chorar.

- Shhii eu sei, eu sei. - Ela me balança como se tivesse nanando um bebê. - Doménico me contou como você estava.

- Porque ele não te atendeu? Porque ele não me avisou? Eu teria evitado tudo isso, se soubesse... - Meus soluços são altos...

- Doménico é um idiota, e Massimo é um filho da puta - Ela alisa meus cabelos enquanto estou agarrada a ela como uma criança. - Você já comeu? Você precisa se alimentar, vou descer na cozinha e pedir algo forte pra você ta bem? - Ela se levanta devagar e sai, me deixando no chão encostada na cama...
A porta se abre devagar, e Doménico passa por ela, a encostando...

- Laura - Ele diz baixo - Eu sei que não é facil, e sinto muito pelo o que aconteceu, Massimo só está sobrecarregado, e você de saco cheio disso. - Ele pega na minha mão - Vocês só precisam conversar.

- Não quero conversar com ele - Virei minha cara e limpei o rosto com raiva. - Não quero ver ele, não quero que durma na mesma cama que eu, vou pro quarto de hóspedes.

- Não Laura você não vai, sei que está com raiva e não tiro sua razão, Massimo quem vai pro quarto de hospedes, ta bom? - Ele me olha com cara de dó.

- Doménico, por favor me deixe sozinha - Abraço minhas pernas com a cara virada.

Doménico se levanta e sai, e eu permaneço ali desmoronando com meus pensamentos...

Olga:

Desço e vou até Franthesca e peço pra ela preparar uma sopa bem forte ora Laura...
Saiu da cozinha e vou direto no escritório, metendo a mão na porta com força, a fazendo se chocar contra a parede...
Massimo está sentado de costas, olhando pra janela...

- Massimo, precisa conversar com ela, não pode deixa-la assim...

- Não estou com cabeça pra isso agora Olga...

Fico incrédula com o modo dele de agir...
Ele nunca foi assim, mas vai ver é como Doménico disse, tlvez ele só precise de um tempo pra descansar...
Volto na cozinha, e Franthesca fez um "Minestrone"...
Pego a sopa, e subo pro quarto de Laura...
Quando chego, ela está em silencio, e seus soluços são baixos...
Dou a sopa a ela, que toma tudo sem dizer uma palavra...
Me sento ao lado dela a abrançando e quando faço isso, seu choro retorna...

(02:02) Laura ainda chora, e não consegue dormir...
Já fazia tanto tempo que eu não a via assim...
Não posso aceitar isso, Massimo vai ter que me ouvir...

- Eu já volto. - Saio do quarto

Desço e a casa está num silêncio insuportável, provavelmente todo mundo tá ouvindo os soluços dela...
Abro a porta devagar, e Massimo está sentado com os olhos vermelhos e lagrimejados...

- Massimo? - O chamo com cautela. - Por favor, precisa dar um fim nisso, Laura não consegue dormir, e ainda chora desesperadamente por sua causa... - Aponto pra escada.

- Doménico disse que ela não quer me ver. - Ele disse cansado.

- Não é Doménico quem está na sua frente, quase te implorando pra subir. - Me altero - Ela não merece passar por isso, ela não merece sofrer, por causa da sua burrice, já basta o que ela passou com Marcelo.

- Eu não sou como ele - Ele grita.

- Então prove a todos o contrario - Eu tambem grito. - Não é a mim quem tem que convencer...

- O que devo fazer? Ela não quer me ver. - Seu tom volta a ser baixo...

- A porta está destrancada, você sabe muito bem o que fazer. - Saio e subo as escadas e vou pro quarto de Doménico rezando pra que Massimo faça o certo...

Massimo:

(02:07) Meus pensamentos estão me matando..
Como pude ser tão burro, estúpido, e cego...
Subo as escadas de dois em dois com pressa...
Ja entro no quarto e fecho a porta antes que de tempo dela me expulsar...
Ela está no chão frio, abraçada as pernas...

- Vai embora Massimo. - Ela diz com raiva, e noto que ainda está com a mesma roupa de cedo, e me doi tanto ver ela assim...

- Desculpa - As palavras travam na minha garganta. - Eu não devia ter falado com você daquele jeito, eu nunca quis dizer aquilo. - Abaixo a cabeça e sinto lágrimas nos meus olhos.

Laura não fala nada, então resolvo me aproximar e sentar perto dela...

- Eu fui um completo idiota com você. - Tento abraça-la mas ela me empurra, e se levanta.

- Saia daqui, não quero ouvir nada do que tenha a dizer. - Ela volta a chorar e num raciocínio rapido eu me ponho de pé e a abraço a força...

Na tentativa de me fazer soltar, Laura começa a dar socos no meu peito...
Socos não tão forte, o que me faz perceber que ela está cansada...

- Você não tinha esse direito - Ela diz nos meus braços. - Você... não... tem esse... direito. - Ela diz entre soluços, seus socos são continuos, e sei que ela só quer descontar sua raiva, ambos perdemos as forças das pernas e nos ajoelhamos...

- Amor, por favor me perdoa? - Abafo minha voz nos cabelos dela, e o choro também me toma - me perdoa, me perdoa, me perdoa, me perdoa - Aperto ela nos meus braços enquanto choro - Por favor Laura, Eu te amo...

Senti seus socos parando, e seu corpo amolecendo...
Sua respiração ficou pesada, e o único som que se ouvia eram seus soluços contínuos...
Quando a senti mole nos meus braços, percebi que ela havia dormido...
Ela apenas precisava colocar esse sentimento pra fora...
A peguei nos braços, e a deitei na cama, fui no closet e peguei uma camisola preta, e curta de seda que ela gosta...
Delicadamente retirei aquele vestido, e vesti a camisola no seu corpo, e na hora de ajeitar ela na cama, notei que as costas da sua mão direita tinha ferimentos...
Ferimentos graves, com bastante sangue seco...
Fui no banheiro, e peguei uma caixinha de primeiros socorros...
Passei delicadamente um algodão molhado com soro, nos seus machucados, burrifei um pouco de spray antisséptico, e enrolei uma faixa por toda a sua mão, finalizando com um beijo nela...
A cobri, e fui jogar uma água fria...
Sai pro closet, e vesti apenas uma bermuda...
Me deitei na cama ao lado dela, e a abracei sentindo o corpo tremer com os soluços...
Ela se virou de frente pra mim, se encolheu, colocou a mão esquerda sob meu peito fazendo eu a abraçar mais forte ainda, e deu um longo suspiro, provavelmente de alívio...
Encostei meu queixo na cabeça dela, sugando ao maximo o cheiro gostoso dos seus cabelos...
Ela escondeu o rosto no meu pescoço, e eu fiquei fazendo cafuné na cabeça dela, pra que ela soubesse que estava tudo bem, e que eu estava ali com ela, e não sairia nunca mais...
Como pude ser tão tirano, tão horrivel, tão sem coração com ela?
Estava tão cansado que nem percebi quando meus olhos se fecharam!

Are you lost Baby Girl? (Parte 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora