four

59 8 27
                                    

Depois de comprar os lanches, estacionei o carro numa rua ao lado pouco movimentada. A essas horas, quase nenhum pra falar a verdade.

- Até que seu inglês é bom. - Mia negou.

- As vezes não consigo entender direito. Falam muito rápido.

- Mas esta entendendo tudo que falo.

- Sim. Mas estamos numa conversa normal. Sem muita agitação. - deu de ombros mordendo seu sanduíche.

- Faz sentido. Mas uma coisa vou dizer, o sotaque é bem... - pus o último pedaço do hambúrguer na boca, mastiguei engoli, tomei um logo do refrigerante. - É bem fofo.

- Pensei que fosse dizer outra coisa. Tipo, nada mais justo alguém chega no seu país falando bem no mínimo.

- Pode ser, mas a pessoas e pessoas. Situações e situações.

- Bem auto explicativo. - rir. Rimos.

- Facilita.

- Prazer, complicação. - rimos.

Ficamos por ali por mais uns minutos, até ela terminar de comer. O que demorou um pouco, já que ela é bem delicadinha. Definitivamente não é uma bruxa. Fada certeza.

- Posso te levar pra conhecer um pouco da cidade, sem a agitação da correria. O sol esta quase nascendo.

- Tia Rebecca não vai achar ruim?

- O que?

- Não voltarmos logo?

- Esta comigo esta com Deus. - bati no peito.

- Por mim tudo bem, então. - disse mexendo no celular.

- Se estiver muito cansada, posso te levar pra casa. - sugerir. Afinal foi uma viagem longa.

- Não. Estou bem.

- Então vou te levar ao Waterfront Park. Não é o lugar mais bonito de Portland, mas é um bom começo.

- Onde é?

- Governor Tom McCall Waterfront Park é um parque de 148 mil m² ao longo do Rio Willamette. E lá tem, Salmon Street Springs, uma fonte de concreto enorme e lindas vistas do Rio Willamette e das pontes que o cruzam. Da pra fazer inúmeras coisas por lá.

- Parece legal.

- Eu gosto pelo menos.

Durante o curto e ao mesmo tempo não tão curto percurso, conversamos sobre a vida. Ela contou sobre a festa de despedida, que os amigos fizeram na escola. Sobre o último jogo de banco imobiliário que jogou com a família. Foi engraçado, ouvir. Ela se soltou mais. Parece ser um pouco tímida. Nada do que Miguel vez ou outra falava.

Chegamos no tal parque. Peguei no banco de trás, duas mantas que joguei lá mais cedo. A entregues uma. A que usei na lareira junto com minha família.

Sentamos em um banco de frente para o rio. Fechei os olhos encostando a cabeça nas costas do banco. Os cantos dos pássaros ao nosso redor.

- É bem bonito mesmo. - Mia falou se remexendo no banco. É um pouco duro.

- Sim. Daqui a alguns minutos o sol nasce.

- Já está. - disse.

Abri os olhos. O céu esta manchado das cores da manhã. Olhando o céu assim, faz eu querer escrever uma música. Faz tanto tempo que não pego no meu violão.

Mia se remexeu novamente. Olhei para ela, ela quer fazer a manta cobri-la inteira, até que daria, mas não nesse banco de praça.

- Vem cá. - me aproximei dela, estendendo o braço no encosto do banco, assim fazendo minha manta abrir. Ela ficou me encarando por alguns segundos, antes de se aproximar. Pus meu braço sobre seus ombros, arrumando a manta nela combrindo-a.

A novel about usOnde histórias criam vida. Descubra agora