𝒸𝒶𝓅í𝓉𝓊𝓁𝑜 𝓈𝑒𝓈𝓈𝑒𝓃𝓉𝒶 𝑒 𝓃𝑜𝓋𝑒

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hey sexy...

por favor, não me batam

boa leitura, até o outro lado

"If I could be with you, tonight

I would sing you to sleep

Never let them take

The light behind your eyes

I failed and lost this fight

Never fade in the dark

Just remember

You will always burn as bright"

My Chemical Romance - The Light Behind Your Eyes

Pensilvânia. Verão, 1966

Cérebro, um órgão com tantos artifícios, capaz de comandar, sustentar, criar, possuidor de atividades incomparáveis e inalcançáveis para as mãos do ser humano, por obter ações que dependem do que não se toca, do abstrato, do que sabemos que existe, mas não é tangível, como a memória. Calum, com 29 anos de lembranças armazenadas, tendo preferência por aquelas que ele vivenciou a partir do exato instante que encontrou um desconhecido dormindo em sua cama, na prisão, num sono profundo. 

Há lembranças que, quando acontecem, nem sua força e importância são notáveis; para quem as viveu, é um dia como outros, uma conversa que desaparecerá e pessoas insignificantes, que nem seus nomes serão recordados. Porém, uma reviravolta acontece e aquele dia, conversa e pessoa estarão marcadas em sua memória sem perceber, um ponto de partida que, só no futuro, é dada a devida importância para o acontecimento que passou batido, e quando a hora certa chega, é visto o seu efeito. 

Calum possuía o seu exemplo, aconteceu poucas semanas após a morte de Michael.

Era uma noite qualquer - claro -, Calum estava sentado na cantina, jantando sozinho. Desde a morte de Michael, ele sentava sozinho no jantar, ainda que detentos tentassem acompanhá-lo, Calum recusava e ordenava a volta de sua solidão; com o passar dos dias, as interferências cessaram. Com o prato a sua frente, o cotovelo na mesa e a cabeça apoiada em sua mão, enquanto a outra mexia com desinteresse a comida que às vezes levava à boca, Calum se encontrava.

Não conversara com algum colega de prisão da morte de seu amigo, também não foi perguntado a respeito. Calum reconhecia que Michael era um ninguém para quem quer que dividisse o espaço com eles, uma pessoa desimportante que acompanhava os passos do "poderoso Calum", que pouquíssimas vezes se sobressaiu no dia a dia da prisão. Ainda assim, seu desaparecimento não passou despercebido. Havia rumores por todos os lados, com indagações que iam de "o que aconteceu?", para "quem matou ele?" e "por que Calum está calmo a respeito?", dava para ouvir os sussurros pelas paredes. 

Apesar das indagações e suposições que obtinham do sumiço de Michael, o medo de conversar com Calum os impedia de ir atrás de respostas. 

No entanto, um possuía a devida coragem e Hood não se surpreendeu que este era Jones. Visivelmente, Jones não transmitia perigo, ele era um homenzinho baixo, pálido e magro, que andava desajeitado e vivia com um cigarro na boca, com uma voz mansa, o tom de voz que requer imaginação para imaginá-lo soltando gritos e ameaças. Se Jones fosse um livro julgado pela capa, o chamariam de inofensivo, o maior erro dos desavisados. 

Give My Love To Luke - muke clemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora