𝒸𝒶𝓅í𝓉𝓊𝓁𝑜 𝒸𝒾𝓃𝓆𝓊𝑒𝓃𝓉𝒶 𝑒 𝒹𝑜𝒾𝓈

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hey sexy, uma péssima surpresa, acho

leiam as notas finais

"There's something wrong in the village

In the village, oh

They stare in the village

In the village, oh"

Wrabel - The Village 

Era a primeira vez, em um bom tempo, que Michael acordava feliz estando sozinho. Durante os últimos meses de sua vida, despertar ao lado de Luke era um requisito essencial para ele acordar bem, no mínimo, mas dessa vez o fez sozinho, pois lembrou-se, assim que abriu os olhos, de sua última decisão. Ou seja, acordar sozinho seria raro em sua vida.

Levantou-se da cama com a leveza de uma folha de outono e vagou pelo quarto e banheiro. Enquanto tomava seu banho da manhã, decidiu ir para a casa de Luke. Não tinha certeza se ele estava acordado, ou se ainda estava em casa, mas precisava ir para a residência dos Hemmings. Sua vontade era de conversar com a sua sogra, não com o filho dela.

Pelos anos de convivência e visitas recorrentes para a casa da família, Michael conhecia os horários da mulher. Mesmo de férias, ou nos dias de folga, ela tinha o ritual de acordar cedo, na hora que normalmente acordava para trabalhar. Não importava o dia, era a sua rotina, com exceção nos fins de semana. Quando perguntada o porquê de não se dar mais tempo para dormir e descansar, respondeu que era para não perder o costume de seus horários, pois relaxava com facilidade. Michael não duvidava, e essa lembrança o lembrou que em poucos dias ela voltaria para o trabalho.

O caminho para a casa dos Hemmings poderia ser feito de olhos fechados por Michael, de tão familiar e frequentado que era. Do jeito que acordou, ele foi até o seu destino, leve e sem pressa, apreciou os detalhes da cidade que saltaram diante de seus olhos com os passos que deu, dizendo um silencioso e contente adeus para eles. Estava tão feliz que até Holy Way ficava radiante.

Quando chegou na casa, diferente dos encontros anteriores - cheios de vergonha e tristeza, veladas por uma educação que não era necessária entre eles -, se negou em bater a porta e entrou. Se sentiu bem ao fechar a porta atrás de seu corpo, num ato deliberado e inocente de entrar em sua própria casa, como normalmente se sentia no lugar.

- Luke? Esqueceu de algo? - perguntou a voz feminina vinda da cozinha.

Não respondeu e foi para o cômodo. Ao entrar, a viu sentada no banco perto da ilha da cozinha, com sua xícara de café na mão e mastigando o resto de bancon, que ela pousou em seu prato ao ver seu genro entrar na cozinha.

A primeira reação estampada na face da mulher foi surpresa, sua boca abriu-se ligeiramente, junto com seus olhos que se arregalaram. Porém, aos poucos, sua expressão foi mudando. A surpresa virou raiva e cintilou a decepção em tê-lo ali, o rancor que sentia pela decisão de Michael nos traços de sua face, a lembrança de seu filho chorando em seus olhos semicerrados furiosos encarando seu genro. A linha traçada entre eles.

A felicidade de Michael foi abalada ao ter uma das pessoas que ele mais amava o olhando assim. Mas não, não esta manhã.

- O que você quer? - questionou séria.

- Estava passando por aqui e decidi entrar - respondeu simplesmente. A viu negar com a cabeça, odiando a ironia e a resposta despretensiosa.

- Luke não está, ele já saiu.

Give My Love To Luke - muke clemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora