se eu colocasse nomes nos meus capítulos, com certeza esse se chamaria de "gay panic"
"So I don't run right into you.
Even though that's what I wanna do."
Julia Michaels - Into You
O mundo estava parado. Podia ter passado minutos, horas e até mesmo dias, mas o mundo continuava parado. E Michael não sabia o que sentir sobre.
Se passaram três dias desde que Luke o beijou e ele ainda se sentia flutuando por todo os cômodos da casa, do seu ainda-emprego, da cidade, em todo o lugar. Era como se o espírito dele ocupasse cada espaço do planeta Terra e ainda estava em expansão. Tinha certeza de que voou para os lugares mais distantes possíveis quando pensava nos lábios de Luke tocando os seus enquanto ainda estava deitado em sua cama, encarando o teto, com um sorriso bobo em sua boca.
Boca que havia tocado a de Luke.
Era impossível não sorrir.
Entretanto, fazia três dias que não via Hemmings também. Sabia que o beijo era algo muito grande e que, provavelmente, Luke estava pensando muito a respeito, assim como o próprio Michael. Porém, com o loiro poderia ser muito pior já que Clifford não fazia a mínima ideia de como ele se sentia sobre si mesmo, o que ele estava pensando e como estava lidando.
Michael pensava, sim, muito no beijo, nas sensações que trouxe, no que ele sentiu no momento e coisas do tipo, mas, quando ele parava para pensar mais a fundo, quando ele pensava nas consequências e em tudo que poderia ser destruído a partir dele, o moreno tinha quase um ataque de pânico. Estava com um intenso medo de perder Luke, medo do que Luke pensava sobre Clifford e, principalmente, do que Luke estava pensando sobre si mesmo, afinal, foi só Luke que o beijou, Michael não correspondeu o beijo.
O que, no começo, Michael ficou bem conturbado a respeito porque poderia ser a única chance que ele teria de beijar Luke em sua vida e, ainda sim, não conseguiu corresponder. Havia sonhado com aquele beijo e toque por anos e, no momento importante de coragem, havia congelado. Isso soava tão errado.
Mas, estranhamente, também soava certo. Michael não conseguia entender. Se tivesse correspondido, ele sabia que se sentiria como se tivesse tirado vantagem da fragilidade de Luke naquela noite, que o seu amigo - que ele ainda esperava poder chamar de amigo - não estava na melhor das posições para tomar alguma decisão racional e que aquele beijo poderia ser a parte bêbada de seu cérebro, seu extinto solitário e sua vergonha pela humilhação que sentiu com Katlynn agindo.
Mesmo que Michael soubesse que Luke não estava bêbado, ainda existia as outras duas possibilidades. Ele odiava diminuir aquele beijo a tão pouco, mas precisava pensar de modo racional.
Ainda que pensasse muito no beijo, Michael não conseguia parar de se perguntar como Luke estava.
E a resposta era: não tão bem assim.
Luke mal conseguia pensar. Ele só sentia que havia destruído tudo que ele importava. E esse tudo, era apenas Michael.
Como ele ousou fazer essa burrice? Qual era o problema dele? Eram perguntas demais que passavam por sua cabeça, todas cheias de auto depreciação. Porque havia acontecido uma catástrofe e a culpa era inteiramente dele.
Quando estava conversando com Michael sobre o assunto das princesas, em especial a Branca de Neve, era pura inocência. Havia, sim, pensado em Michael como a Branca de Neve, tinha essa teoria em sua cabeça e ele só estava esperando o momento certo para contar ao seu amigo o que ele pensava. Então, estavam os dois naquela casa na árvore, tão perto um do outro depois de uma noite tão conturbada para Luke, Michael soltou um comentário sobre não ter um príncipe para ele - UM PRÍNCIPE! - e esse comentário desconcertou o loiro, tinha que admitir. Não conseguiu se segurar ao chegar ao seu último tópico, que era sobre os lábios de Clifford, que estavam tão vermelhos e um tanto inchados por beber o vinho no bico da garrafa, seus olhos encantados com aquela visão maravilhosa que era a boca de Michael e, naquele momento, teve a sensação de que sua missão na Terra era sentir o seu gosto. E o beijou.
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Give My Love To Luke - muke clemmings
FanfictionO que é uma história de amor? Para Michael, tudo. Quando o carcereiro do presídio onde estava pediu para Clifford contar a história que ele viveu com a pessoa que ele mais amou, o presidiário aceitou, contando, talvez pela última vez, a história de...