𝓅𝓇ó𝓁𝑜𝑔𝑜

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"Come on, come on don't leave me like this
I thought I had you figured out
Can't breathe whenever you're gone
Can't go back, I'm haunted"
Taylor Swift - Haunted

Verão, 1965

Era mais um dia que Michael via o tempo passar através das barras de sua cela e pela pequena janela quadrada que havia ao pé de sua cama. Ele preferia, muitas vezes, ficar dentro do falso conforto que ela oferecia do que no pátio com outros detentos, porém os guardas do presídio nunca o deixavam ficar dentro de seu canto. E hoje, claro, era um desses dias.

- CLIFFORD, LEVANTA ESSA BUNDA BRANCA DA CAMA, 'TÁ NA HORA DE IR PRO PÁTIO - o carcereiro desnecessariamente gritou, tirando Michael de seus devaneios.

- Posso ficar aqui hoje? - pediu, se sentando em sua cama, que era a parte de cima de um beliche. Sabia que levaria um não, mas não custava tentar.

- Ah, qual é, Michael. Vamos lá - o seu colega de cela e também único amigo, Calum, disse da parte de baixo do beliche.

Michael nem precisou de muito para ceder e, num pulo, desceu da parte de cima do beliche desconfortável, aterrizando de mal jeito no chão. Ele olhou através das barras e viu o guarda vestido com o uniforme de guarda de prisão, levando em seu cinto algemas e uma arma. O homem achava que era uma burrice já que qualquer detento poderia pegá-la e começar a atirar, mas lembrou-se que muitos detentos só brigavam entre si, e não com os guardas, pois os mesmos sabiam que as consequências seriam terríveis, fazendo com que os presos nem considerassem ousar ter essa reação. E com certeza Michael não faria.

O guarda algemou as mãos de Michael e Calum e os colocou numa fila indiana que estava esperando por eles para seguir até o pátio da prisão. Era uma grande fila de trajes laranjas e infelicidade. Clifford se questionava o que esses homens haviam feito para estarem aqui. Teria sido algo pior que ele? Teriam eles o mesmo destino que Michael? O homem não sabia.

Na verdade, ele nem conseguiria. Passava a maior parte quieto e lendo um livro, pouco conhecia os outros detentos e a única pessoa que ele mais mantinha contato era Calum. E como Calum fazia o tipo que era temido no presídio, o homem protegia Michael de outros detentos e isso fazia com que ele pouco se metesse em brigas e também que se isolasse mais. Coisa que Clifford era imensamente agradecido. Ele foi preservado de apanhar muitas vezes por causa do amigo.

Ao chegarem no pátio, todos os detentos foram soltos e se dividiram em seus grupos. Michael, obviamente, ficou com o Calum, que não parava de falar sobre o que aconteceria daqui a oito meses. O seu pedido de livramento condicional. Ele ficava repetindo sobre o que faria ao sair daquele inferno, devaneando sobre um futuro que viria daqui a oito meses, se esquecendo o que aconteceria num futuro próximo de três. Michael não o culpava. Calum estava feliz e sorridente, então não faria questão de lembrá-lo.

- E talvez eu arranje uma esposa, sabe? - Calum disse sorrindo. - Me casar, ter filhos. Será lindo.

- E não vai procurar um emprego? Terminar os estudos? - Michael perguntou.

- Clifford, eu tenho dinheiro guardado. Muito dinheiro guardado. Qual é, eu assaltei um banco - Calum disse rindo. - Eu vou investir esse dinheiro em alguma coisa.

- Você sabe ao menos contar? - Michael perguntou rindo, mas um pouco preocupado.

- Bem, é por isso que eu também tentarei me casar com uma contadora - ao dizer isso, os dois amigos começaram a rir alto, principalmente Michael pois entendeu o que Calum queria dizer. 

Sem querer, por causa de suas risadas, chamaram a atenção dos outros detentos que os olharam com cara feia, achando que Calum e Michael estavam rindo deles. Ainda mais quando Calum já tinha histórico de briga com eles. Tanto que um deles, um homem alto, forte e bastante temível aproximou-se de onde os dois estavam.

Give My Love To Luke - muke clemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora