Luto constante

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Bucky não pensa, não raciocina e nem lembra do altruísmo que Sam tanto ensina. Ele apenas sente aquela velha vontade forçada, onde ele não tem controle por suas ações, sua cabeça é controlada e ele não tem tempo para sentimentos idiotas como culpa e dor na consciência, ele só precisa fazer. Voltando as velhos tempos, Bucky deixa um salão inteiro repleto de corpos vazios jogados no chão em um mar de sangue. Ele não tira sua máscara, mas todas essas pessoas sabiam de seu humor satisfatório.

- Bucky! - Sam atravessa o teto de vidro com suas asas e desce até o namorado.

Bucky olha para Sam e percebe sua frustação por não ter chegado a tempo para impedir a carnificina feita por ele. Sam toca seus pés no chão sujo de sangue e sua expressão enojada, pura decepção é o que chama atenção de Bucky.

- Bucky, acorda! Acorda agora, Bucky!

Bucky abre os olhos.

Se sente imóvel nos primeiros segundos, suas mão tremem ao segurar com força o edredom. Sam segura o rosto de Bucky e enxuga as gotículas de suor de sua testa.

- Tá tudo bem agora, foi só um pesadelo. - ele diz calmamente e ri para transmitir paz que só ele consegue levar para Bucky.

Bucky engole o seco e pisca varias vezes para ter certeza que foi realmente apenas um pesadelo.

- Foi eu de novo?

A conversa por enquanto é sustentada apenas pelas perguntas de Sam.

- Não foi minha intenção. - ele ri mais uma vez.

- Você sempre aparece no final e olha o que eu fiz. - Bucky fala olhando nos olhos de Sam.

- Você não é mais essa pessoa, meu bem. Estou orgulhoso de quem você se tornou e nunca mais vai ser esse cara de novo.

- A terapia não está funcionando. - Bucky se levanta da cama e fica de costas para Sam. - Sou um assassino com problemas de consciência.

Sam vai até ele e encosta o rosto no ombro de Bucky, passa as mãos levemente em seus braços.

- Eu sinto muito por isso, mas não posso concordar... Você é tão diferente nos meus olhos, Bucky. - ele consegue tirar uma risada de Bucky. - E não importa o olhar do Sam idiota dos seus sonhos, ele não é nada parecido comigo.

- Ele ainda é atraente como você. - Bucky se vira e mostra seu sorriso tímido.

- Talvez seja parecido comigo. - Sam anda até o closet aberto no canto do quarto, pega uma camisa e joga em Bucky. - Agora se arruma, temos salvar um amigo. Se lembra?

Enquanto Bucky se veste, coloca a mesma calça do dia anterior, que por acidente cai o cartão da Valentina, ainda estava lá. Na pressa do momento, ele apenas ajunta, guarda novamente no bolso e então sai do quarto e vai para a cozinha onde sabe que Sam está.

- Ei, você tem falado com a Wanda? - Sam pergunta casualmente enquanto tira o café da cafeteira.

- Wanda? Não. - Bucky se senta na mesa redonda da cozinha e come um pão de queijo.

- Nós devíamos avisar à ela sobre o Clint... Você sabe, eles também se aproximaram depois que a Nat se foi e ela com certeza ajudaria bastante. Ainda não sabemos com quem estamos lidando.

- Temos você, já é o bastante. - Bucky pisca para ele. - Além do mais... acho que ela ainda tá na deprê por causa do Visão e depois de ter sequestrado uma cidade inteira, acho que ela precisa de um tempo.

- Sim... Você tá certo, a vida da Wanda é um luto constante. - Sam se junta a mesa com Bucky e começam a comer.

******

Os dois vão até a casa de Torres, Bucky dirige e reclama do motor de seu carro. Sam já disse para trocar, mas ele gosta de modelos antigos.

- Você não vai entrar? - Sam pergunta já na calçada da casa de Torres.

Bucky ignora e vai até o capô do carro, abre e põe o ferro que suspende para segurar o capô. Apoia os braços e observa o interior.

- Não vai demorar, acho que é a água do radiador, tem que trocar se não aquece o motor. - Bucky responde rosqueando a tampa do radiador.

- Você vai se sujar de graxa, Bucky. Faz isso depois. - Sam insiste.

- Vai entrando Sam, se eu não trocar essa água o carro vai explodir quando eu ligar de novo e não quero preocupar você amor, mas só um de nós é um super soldado. - Ele ri com a cara mais cínica de todas.

Sam desiste de convencer Bucky e apenas pede para que não demore e então entra na casa de Torres.

Bucky passa apenas 10 minutos no máximo checando o motor, fecha o capô e limpa suas mãos com uma flanela que ele guarda no porta luvas. Percebe que sujou a camisa com graxa e sabe que vai levar broca de Sam, mas decide que se ignorar, ele para de falar alguma hora.

Ao chegar na porta, Bucky percebe que só está encostada então não há necessidade de bater e entra sem dizer nada. Péssima escolha, ao fazer isso, Bucky consegue entrar sem interromper a conversa desagradável de seus amigos, eles não percebem sua presença.

- Não estou falando isso só porque tinha uma queda pelo Steve, mas não aprovei sua decisão de ter voltado para os anos 40 para viver um romance com a Peggy que detalhe, já tinha superado e conquistado uma família. - Sharon comenta.

- Claro que você não tá dizendo isso porque tinha uma queda pelo Steve, Sharon. - Torres debocha da amiga. - O pior nem foi isso, foi ele ter ido mesmo sabendo que o Bucky estava sendo controlado pela Hydra nesse tempo e o Bucky ainda precisava do Steve depois da guerra contra o Thanos.

- Sem contar que ele com certeza alterou a linha do tempo. - Zemo fala.

- Gente, o Steve se sacrificou tanto por todo mundo. Eu acho que ele merecia um final feliz. A Peggy foi a única mulher que ele já amou, sem ofensas Sharon. - Sam dá sua opinião. - Ele fez o que achou certo, afinal Bucky não estava mais sozinho.

- Vocês estavam longe de ser um casal no tempo da guerra contra o Thanos. - Sharon observa. - Ele não tinha muitos amigos pra falar a verdade.

- Eu sei, mas. - Sam é interrompido.

- Você tem que concordar que o Bucky precisava do Steve aqui. Ele foi viver feliz para sempre enquanto o Bucky estava mal, no passado e no presente. - Zemo diz.

- É verdade, isso foi egoísta. - Torres complementa.

- Eu acredito que o Bucky não seria tão ferrado se o Steve tivesse dado mais apoio a ele. Se ficasse com ele. - Sharon continua.

- O Bucky estava mal sim, mas a gente não pode esperar que alguém cuide dele pra sempre, isso não era função do Steve! - Sam explica seu ponto.

Toda essa conversa é a gota d'água para Bucky. Ele não consegue acreditar no que seus amigos estão falando, não pode aceitar a forma como seus amigos e seu namorado estão falando dele. O que ele tem vontade é de aparecer e ser visto por eles, para que eles vejam que Bucky ouviu tudo e que gostaria de ter uma explicação ou talvez só arrumar confusão e não ouvir justificativa nenhuma. No fim, é isso que ele faz.

Controle - sambuckyOnde histórias criam vida. Descubra agora