Falsa confiança

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- O que eu sou?

Bucky aparece e fica no mesmo cômodo que os outros. Ele vê a cara de surpresa deles, mas não gosta do que está prestes a acontecer.

- Bucky?! - Sam se assusta com a chegada inesperada do namorado. - Não sabia que já tinha entrado.

- Eu disse que seria rápido, não disse?

Bucky se certifica que está usando sua expressão mais amedrontadora que consegue, ele quer que seus amigos se sintam culpados por serem uns falsos de merda que falam dele pelas costas.

- O que você ouviu, exatamente? - Zemo faz a pergunta mais idiota que poderia fazer.

- Que merda eu sou pra vocês? - Bucky pergunta mais sério ainda. - Eu tenho certeza que essa não é a primeira vez que vocês falam de mim desse jeito.

- É a nossa opinião. - Sharon não se preocupa em se desculpar.

- Pois é uma porcaria de opinião! - Bucky altera o tom de voz. - Sou uma criança? Pior! Sou um animal abandonado que vocês tiram impar ou par pra vê quem fica comigo pelo fim de semana?

- Não é nada disso, Bucky. - Sam se aproxima.

- E você, Sam? - Bucky o olha com desprezo. - Meu namorado. Não se preocupou em saber o que eu pensava sobre isso?

- Eu pensei que você não se sentia confortável em falar sobre ele, Bucky. - Sam tenta se explicar. - Você só falava sobre o escudo e sobre como o Steve estava certo em ter dado pra mim, mais nada!

- Então você achou melhor deduzir? - Bucky fica tão ofendido que não percebe que está gritando agora.

- Bucky, fica calmo. Já passou, o Steve se foi e você tem a gente. Tá tudo bem. - Torres tenta acalmar.

- Vai se ferrar, Torres!

- Bucky, se controla. - Sam pede.

- Vai se ferrar você também Sam! Não acredito que você, logo você fala essas coisas de mim! Como se eu fosse um fardo pra vocês, como se meus transtornos estúpidos fosse um empecilho na porcaria da vida de vocês! - Bucky se segura para não deixar nenhuma lagrima cair. - Falando de mim como se eu fosse um brinquedo quebrado deixado pra trás e que agora tem que ser reciclado! EU SEI QUE NÃO TENHO CONSERTO!

- Não pensamos isso de você, Bucky. Pelo amor de Deus! - Sam tenta tirar essa ideia de sua cabeça.

- Eu tô cansado de me sentir excluído, sentir como se interagissem obrigado comigo. Parece que eu não faço parte da droga da equipe. - Ele gesticula com as mãos para se expressar melhor. - Sabe... Vocês até que têm razão. Steve foi a única família que eu já tive. Mesmo quando soube que eu matei os pais do Tony, ele ficou do meu lado e tentou me ajudar. E agora parece que nada do que eu faço é o suficiente pra vocês.

Sam se sente mal ao extremo, que sua face constante de alegria muda como se nunca tivesse existido. Ele percebe a dor, tristeza e solidão nas palavras duras de Bucky. Imagina há quanto tempo Bucky sente isso e se esforça para que ninguém perceba. Machucar esse coração já machucado nunca foi a intenção de Sam.

- Bucky, eu sinto muito pelo que eu disse, eu quero te fazer se sentir melhor. - Sam tenta se aproximar mais ainda de Bucky para tentar um contato fixo, mas Bucky está gelado.

- Nunca me importei em ser sua sombra, eu sei o quanto você brilha e eu juro por Deus que isso é o que mantêm minha sanidade. Mas eu estou sobrando por aqui, Sam. - Ele se afasta dando dois passos para trás.

- Não queria que você se sentisse assim, Bucky. - Torres fala arrependido.

- É, você é... - Zemo se atrapalha e não consegue terminar sua frase.

- Você é um idiota. - Sharon briga com Zemo.

- Quer saber. - Bucky fica indiferente de repente. - Podem bancar o quarteto fantástico, eu não ligo. Eu tô fora!

- Do quê que você tá falando? - Sam fica eufórico.

- Acabou, Sam! Não precisa mais lidar comigo, nem com meus problemas. Estou te libertando. - Há ódio no rosto e tom de voz de Bucky, essa até que não é sua intenção, mas ele não consegue evitar.

- Você tá terminando comigo? - Sam pergunta desorientado.

- Eu tô terminando com você! - Bucky fala mais alto. - Não preciso de um amor pela metade, nem da sua falsa confiança.

Bucky sai rápido da presença dos quatro, os deixando desorientados. Vai imediatamente para seu carro antes que alguém perceba que ele está segurando lagrimas. Mas é impedido quando Sam vai atrás dele antes que ele consiga entrar no carro.

- Bucky, pra onde você vai? - Sam grita e corre para poder alcançá-lo.

Ele não tem resposta e Bucky apenas abre a porta do carro, mas Sam é mais rápido e fecha a porta com força, deixando Bucky mais irritado ainda. Ficam frente a frente e Bucky o olha como se ainda estivessem no tempo em que Sam deu o escudo para o governo.

- Você não pode terminar comigo! - Sam fala como se fosse uma coisa óbvia.

- Sai da minha frente. - Bucky diz friamente e tenta abrir novamente a porta, mas Sam ainda não deixa.

- Bucky, isso é um motivo tão besta. Me desculpa, eu sinto muito!

- Até parece que você precisa de mim. - Bucky faz pouco caso do sofrimento do ex.

- Eu preciso, você sabe.

- E eu vou te mostrar que não preciso de você, nem dos seus amigos. - Bucky deseja empurra Sam da frente da porta, mas definitivamente não é necessário.

Sam não fala mais nada e sua mão cai quase automaticamente da porta do carro. Sua expressão é de alguém que não crê no que acabou de ouvir.

Nenhum deles percebem, mas Zemo, Torres e Sharon assistiram tudo do outro lado. Bucky dá partida do carro e vai embora, deixando Sam para trás.

- O que foi isso? - Torres faz uma pergunta retórica.

- Sentimos muito, Sam. Não fazíamos ideia que isso chegaria a... isso. - Sharon se desculpa.

Sam não consegue ter nenhuma reação, apenas aparenta não acreditar que Bucky realmente terminou com ele. Assim. Desse jeito. Tão secamente. Não é de se surpreender, afinal, Bucky consegue ser cruel quando quer.

Bucky para no sinal vermelho. Aperta o volante com uma força desnecessária, pensa um pouco e pega seu celular e o papelzinho amassado de seu bolso. Disca o número e espera que atendam.

- Me diz onde te encontrar...

Controle - sambuckyOnde histórias criam vida. Descubra agora