Saímos do trem por volta das sete da noite e acompanhamos os outros alunos até o local onde ficavam as carruagens puxadas por criaturas invisíveis, que nos levariam até o castelo.
Desta vez, porém, foi diferente. Quando nos aproximamos de uma delas, vi-me diante de dois animais cujos portes se assemelhavam aos de um cavalo e cujas asas escuras eram muito compridas e finas. Eram criaturas esqueléticas, assustadoras e surpreendentemente majestosas; e as suas peles provinham de uma transparência gelada e fantasmagórica. Até parecia que eles estavam mortos, os grandes olhos esbugalhados saltando para fora das órbitas.
— Ei — chamou Harry, postando-se ao meu lado. — Que bichos são esses? Puxando as carruagens?
Eram testrálios e eu sabia disso, mas não gostei muito de poder enxergá-los. Dorcas me contara sobre eles, certa vez, e dissera que aquelas criaturas mágicas eram muito mais amigáveis do que aparentavam ser. Ainda assim, decidi que era melhor não arriscar.
— Não seja bobo, Harry — disse Hermione, que agora passava por nós e subia na carruagem. Luna, Neville e Ron embarcaram também. — Elas não são puxadas por animal algum. Sempre andaram sozinhas, esqueceu?
— Mas...
— Depressa, vocês dois! — ela chamou, animada. — Nós não deveríamos nos atrasar para primeira cerimônia do ano, não é?
Observei-a desaparecer por trás da porta escancarada da carruagem, voltando-me para encarar o testrálio que me olhava logo em seguida. Eu deveria ter suposto que elas não andavam por conta própria, mas, às vezes, esquecia de que tudo era possível desde que estivéssemos em Hogwarts.
— Você consegue vê-los, não consegue? — perguntou Harry, olhando atentamente para mim. Não desviei a minha atenção daquelas esferas leitosas de testrálio que me encaravam quando respondi.
— Sim, eu consigo — concordei. — Mas não deveria.
— Por que não?
— Só se pode enxergar um testrálio quem já viu a morte com os próprios olhos, Harry — expliquei. — E eu não me lembro de ter passado por nenhuma situação parecida.
Harry franziu o cenho.
— Que estranho — disse. Finamente, virei-me para encará-lo. — Você não estava lá quando aquilo aconteceu.
Eu sabia que ele estava falando da morte de Cedric.
— Eu sei, e eu não gosto disso — suspirei, olhando de relance para o testrálio antes de encarar Harry mais uma vez e puxá-lo pela mão. — Vem, temos que ir. Já está quase na hora do jantar.
Entramos na carruagem e nos acomodamos ao lado de Luna, que ainda segurava o Pasquim com uma das mãos. Agora, porém, a revista estava voltada para a direção correta.
— Eu também posso vê-los — disse ela. — Vocês são tão normais quanto eu.
Hermione franziu o cenho enquanto Ron inclinou a cabeça para o lado, confuso.
— Quem é você mesmo?
— Ron! — exclamou a minha melhor amiga. — A Di-Lua... Quero dizer, a Luna andou conosco no trem!
Lancei um olhar de repreensão a ela. Não era porque Luna era uma pessoa diferente das outras que era menos especial.
— Tá, eu só estava perguntando!
— Você disse que também os vê — falei, ignorando o menino e olhando para a loira. — Por quê?
Luna deu de ombros.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝐌𝐀𝐒𝐓𝐄𝐑𝐏𝐈𝐄𝐂𝐄, harry potter
Fanfiction𝐚𝐫𝐭𝐞. substantivo feminino ? १ 𝐢. produção consciente de obras, formas ou objetos voltada para a concretização de um 𝐢𝐝𝐞𝐚𝐥 𝐝𝐞 𝐛𝐞𝐥𝐞𝐳𝐚 e harmonia ou para a expressão da subjetividade humana. 𝐢𝐢. forma de agir; maneira, jeito. 𝐢𝐢�...