𝐏𝐑𝐎𝐋𝐎𝐆𝐔𝐄

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Na época em que os meus pais se separaram, eu era muito pequena. Tinha apenas três anos e, por mais que eu pudesse me lembrar, não pude sofrer com a situação. 

Sirius, meu pai, havia se formado como auror há muito pouco tempo e não entendia nada sobre relacionamentos. Minha mãe, por outro lado, queria dar um tempo na própria vida amorosa e focar exclusivamente na sua profissão. Assim como papai, ela era uma jovem auror e ainda estava iniciando a carreira, portanto ambos concordaram que uma separação seria o melhor a se fazer.

Por mais inacreditável que seja, não houve brigas. Meus pais concordaram que se revezariam para cuidar de mim e, mesmo anos depois, quando papai e Remus se casaram, eles ainda eram muito amigos e se tratavam como membros da família. A verdade é que eles não se amavam do jeito que um casal deve fazer e demoraram tempo demais para perceber isso. 

Pouco depois do meu aniversário de nove anos, mamãe me puxou gentilmente pelo braço e disse que havia pedido a Dorcas em casamento. Não entendi o porquê de tanta cautela, mas eu apoiei desde o início. As amava da mesma forma que amava Sirius e Remus e fiquei muito feliz com a notícia.

Alguns meses após a oficialização da relação de Dorcas e Marlene, nos reunimos para uma conversa séria e concordamos que eu moraria permanentemente com papai e Remus. Era assim que tudo funcionava na minha casa: na base do diálogo. Sempre tivemos uma conexão incrível e nos entendemos muito bem.

Assim, em junho de 1990, nos mudamos para Godric's Hollow. Mamãe e Dorcas iam nos visitar quando podiam e eram muito presentes no meu dia a dia, sempre me levando para passear e contando histórias sobre a época em que estudavam em Hogwarts. Era estranho imaginar que James demorou tanto tempo para conquistar a atenção de Lily, mas eu gostava de escutá-las falando sobre isso assim mesmo. Viver numa família tão diferente e unida como a minha era simplesmente revigorante. 

Como passamos a conviver diariamente e papai voltava tarde do trabalho, Remus e eu nos tornamos quase inseparáveis. Ele fez questão de me ensinar a tocar piano e de incentivar as minhas habilidades artísticas, e isso foi muito importante para mim. Papai reclamava que eu estava trocando-o pelo próprio marido, mas eu fazia questão de garantir que isso não era verdade. No final do dia, sentava-me de frente para o piano de cauda que tínhamos em casa e tocava para ele uma versão meio desafinada de "O Lago dos Cisnes". 

Após a mudança, Harry e eu nos aproximamos bastante e nos tornamos melhores amigos. É claro que nós praticamente crescemos acostumados à presença um do outro, mas a proximidade física ajudou bastante. Saíamos de casa o mais cedo possível para explorar o vilarejo e, no final do dia, nos reuníamos com as outras crianças bruxas da região para jogar quadribol no jardim da minha casa.

Eu não entendia o porquê de Harry não poder morar conosco de vez, já que ele passava a maior parte do ano comigo em Godric's Hollow. Nem sempre fora assim, é claro, visto que costumávamos morar em lugares muito distantes um do outro antes de eu me mudar para lá; mas papai insistia em dizer que era apenas uma medida de segurança. Segundo ele, Harry deveria passar o período equivalente às férias de verão com os Dursley porque Dumbledore dizia que era o certo a se fazer. Besteira, na minha opinião, já que eu não entendia o que Dumbledore tinha a ver com essa história.

Às vezes, os Dursley o castigavam por simplesmente existir. Harry nunca disse isso à ninguém, é claro, mas eu sabia. Papai também desconfiava, visto que Harry desaparecia sob as nossas vigias frequentemente. Lembro como se fosse ontem do dia em que ele descobriu que os Dursley obrigavam o sobrinho a dormir dentro de um pequeno armário debaixo da escada. Papai os obrigou a transferir Harry para um quarto decente e pediu permissão à Dumbledore para estrangulá-los até a morte. Infelizmente, o plano não deu muito certo.

𝐌𝐀𝐒𝐓𝐄𝐑𝐏𝐈𝐄𝐂𝐄, harry potterOnde histórias criam vida. Descubra agora