III. Death's Lullaby

637 39 352
                                    

cuidado com
o que deseja.
tudo tem seu
preço, e este
custa caro.

– o barco da vida veleja;
ter sorte é um tesouro raro.

.˚﹟ 𓂅 ♡ ᵎ ˖ ˙ Ϟ 𐄹 १

24 de dezembro de 1998

Tive um colapso mental quando o símbolo da Morte surgiu em meu pulso. Comecei a surtar interna e externamente; chorei de desespero; a temperatura de meu corpo oscilou alguns graus. Primeiro, tive febre; depois, calafrios.

Meus amigos ficaram muito preocupados comigo. Aconteceu durante a madrugada e, diante da pouca expectativa de minha melhora, eles decidiram que deveríamos voltar para casa mais cedo. Fiquei me sentindo bem culpada, porque Harry teve que dirigir bastante, e Ron e Hermione perderam horas de sono; mas eles afirmaram que não era incômodo algum, e foram tentando me consolar durante o caminho. Às vezes, Harry parava no meio-fio para caminharmos e fazermos uma pausa, e ele me abraçava forte. Senti-me frágil e péssima, tremendo dos pés à cabeça, aterrorizada com a possibilidade de a Morte estar contando os dias para levá-lo de novo.

E se essa fosse a minha sentença? Ter Harry novamente por um curto período de tempo, para depois perdê-lo de vez, para todo o sempre? Eu sentia vontade de vomitar só de pensar.

Chegamos em casa quando o sol já tinha nascido. Harry me levou para a cama e Simba e Pads vieram junto, parecendo entender que eu estava me sentindo mal. Dormi por quase vinte e quatro horas seguidas, com a roupa que eu já estava usando. Pela primeira vez em semanas, não tive pesadelos; provavelmente devido à exaustão.

No dia seguinte, acordei sentindo meus olhos inchados. Pads e Simba não estavam no quarto, pois naquela hora eles costumavam brincar no jardim dos fundos, e Harry havia preparado o meu café da manhã para que eu não precisasse ter pressa para me levantar. Ele pôs tudo em uma bandeja, e fez cafuné em meus cabelos até que eu me sentisse um pouco menos pior e conseguisse me alimentar.

Dei um gole no meu café, e depois mordi a pontinha da tapioca crocante com frango. Eu não estava com muita fome, mas me obriguei a comer mesmo assim. Não foi tão difícil, porque a comida de Harry era maravilhosa.

— Como você está? — perguntou ele, dando um beijo na minha têmpora.

— Parece que fui atropelada — admiti. — Eu estou tão cansada disso tudo. Por que justo agora a Morte resolveu dar as caras de novo?!

— Eu não sei — disse Harry, me dando um abraço apertado. — Mas vai dar tudo certo, meu amor. Estou aqui para apoiar você, e eu prometo que nada de ruim vai acontecer.

Olhei para ele com lágrimas súbitas nos olhos.

— Como você sabe? Como sabe que ela não está brincando comigo, que não está esperando o momento oportuno para te tirar de mim de novo?

— Porque nem a Morte pode nos separar — disse ele, convicto. — Somos almas gêmeas nesta vida e em todas as outras, lembra? Nada nunca poderá desfazer isso. Nada vai nos destruir. E se cairmos... Vamos nos erguer de novo. Eu tenho certeza.

— Você realmente não está preocupado? — perguntei, receosa.

Harry negou.

— Não, não estou. Tenho você, e você tem a mim, e nós dois somos mais reais nesse momento do que jamais fomos antes. Não podemos deixar que a Morte nos faça pensar o contrário; é assim que ela vence quando acha que tem a chance. Mas se não houver frestas que possam ser penetradas...

— ... As Trevas nunca vão nos encontrar — completei, um pouco mais calma.

— Isso. Não vão mesmo. Não enquanto nós lutarmos pela felicidade que merecemos.

𝐌𝐀𝐒𝐓𝐄𝐑𝐏𝐈𝐄𝐂𝐄, harry potterOnde histórias criam vida. Descubra agora