Acordamos ao som de um grito agudo.
— Harry, você não vai... AAARGH!!
Num sobressalto, Harry me puxou para um abraço protetor. Ignorando a claridade repentina daquela manhã de segunda-feira, abri os meus olhos preguiçosamente e me deparei com Ron, que estava parado diante de nós com uma expressão de terror estampada no rosto. Atrás dele, os outros garotos começaram a se amontoar para ver o que estava acontecendo.
— Vocês...? — ele estava visivelmente constrangido. — Vocês dormiram juntos?!
Harry relaxou sob as cobertas e me soltou.
— Sim, Ronald — respondi. — Nós dormimos.
— Ah, bom — o garoto parecia muito aliviado. — Então por que você está usando as roupas do Harry?
— Porque eu as emprestei para que ela as usasse como pijama, seu idiota — Harry parecia irritado com a pergunta. Era tão óbvio. — Precisava ter acordado a gente assim?
As orelhas de Ron ficaram vermelhas.
— Desculpe.
Uma risada baixa, devido ao sono da manhã, saiu pela minha boca; os garotos que estavam ali olharam para mim enquanto eu me espreguiçava; e o rosto de Harry se contorceu numa careta. Mentalmente, ambos concordávamos que aquela invasão de privacidade era bastante constrangedora.
— O que vocês estão olhando? — bufou Harry. — Vão para a aula, vão!
Desta vez, soltei uma sonora gargalhada. A expressão de Harry tornou-se mais amena, e Ron, que ainda nos encarava com certa relutância, riu também. Eu amava o jeito com o qual o ruivo se preocupava comigo, e era bom saber que Ron seria meu irmão mais velho para sempre, mesmo que Cedric já houvesse partido.
Harry se inclinou para me beijar, mas eu recuei.
— Wow, calma aí, garanhão. Escove os dentes primeiro.
Ele torceu o nariz de maneira engraçada diante do apelido e roubou um selinho meu antes de levantar. Não pude deixar de sorrir: o hálito dele ainda cheirava às balas de menta que Harry costumava mascar todos os dias, durante os intervalos das aulas.
Uma vez sozinha, aconcheguei-me novamente na cama e permiti-me sentir o aroma suave de bebê que emanava de cada centímetro das coisas de Harry. Ron tossiu, chamando a minha atenção.
— Você gosta mesmo dele, né?
— Hã?!
— Harry, estou falando de Harry. Você realmente gosta dele, não gosta?
Permiti-me sorrir, mas era bem mais complexo do que isso. Gostar era pouco. Era óbvio que eu estava apaixonada, e que cada célula minha desejava absorver cada partícula cósmica de Harry; entretanto, a chuva de sentimentos que o meu coração nutria por ele era muito mais intensa do que apenas isso. Gostar.
Lembrei-me de Apollo, o nosso boneco de neve feliz; e de quando nos deitamos no telhado da nossa casa para que pudéssemos observar as estrelas, constelações, e a luz do luar; ou daquele dia de inverno, durante a apresentação de patinação no gelo que Dorcas nos induzira a assistir, quando Harry dissera que eu era a sua garota favorita; e foi como um tremendo choque de realidade, uma ducha de água fria sob um alguém de pele ardente, o momento no qual eu percebi, ainda que soubesse que aquilo sempre fora um fato, que a verdade estivera debaixo da ponta do meu nariz desde que eu me entendia por gente. Eu apenas escolhera não enxergá-la, mantendo, assim, o meu coração intacto; mas era mentira. O meu coração nunca teve tanta certeza.
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𝐌𝐀𝐒𝐓𝐄𝐑𝐏𝐈𝐄𝐂𝐄, harry potter
Fanfiction𝐚𝐫𝐭𝐞. substantivo feminino ? १ 𝐢. produção consciente de obras, formas ou objetos voltada para a concretização de um 𝐢𝐝𝐞𝐚𝐥 𝐝𝐞 𝐛𝐞𝐥𝐞𝐳𝐚 e harmonia ou para a expressão da subjetividade humana. 𝐢𝐢. forma de agir; maneira, jeito. 𝐢𝐢�...