Minha amizade com Draco permaneceu em segredo conforme os dias foram passando.
O garoto continuava agindo da mesma forma de sempre, e eu fingia que não me importava; mas ao menos sabia que para isso havia explicação. E ninguém pareceu realmente notar as pequenas mudanças entre nós; ou, se notaram, não davam a mínima.
Ninguém, exceto Harry, Ron e Hermione.
Não vou mentir a respeito do estado de animação deles porque meus amigos não ficaram pulando de alegria quando, no dia seguinte à conversa esclarecedora que eu tivera com Draco na Torre de Astronomia, contei-lhes o que acontecera sem muitos detalhes. Disse que não podia porque Draco confiara seus segredos a mim, e que sentia muito. Que nenhum tipo de vínculo que pudesse existir entre nós me faria esquecer das coisas que ele fizera conosco, com eles (apesar de entender que parte delas foram fruto das milhões de lavagens cerebrais que Lucius Malfoy implantara na cabeça do filho).
Harry foi quem reagiu pior, porque, diferentemente de Ron e Hermione, não fez perguntas. Não me acusou. Nem mesmo abriu a boca para expressar qualquer que fosse sua opinião. Mais tarde, quando todos conseguimos nos resolver e saímos para estudar ao ar livre, Hermione comentou que Harry poderia, possivelmente, estar com ciúmes. Falei que era improvável, mas confesso que não tinha tanta certeza assim. Quero dizer, Harry sabia que Draco era, de certa forma, da família, não sabia?
Mais tarde, quando perguntei a ele se estava tudo bem, meu namorado apenas sorriu minimamente e me beijou, encerrando o assunto. Tal atitude me deixou mais tranquila, embora não tenha espantado as minhas milhões de dúvidas para longe.
Eu o amava com todo o meu coração, e sabia que Harry sentia o mesmo por mim. Não poderia ser o bastante?
A pintura que eu fizera ainda permanecia sobre o cavalete, seu conteúdo oculto por um Feitiço de Desilusão. Era complexo, mas útil. Nem mesmo deixara que Hermione se aventurasse explorando todas as milhões de cores e texturas aplicadas sobre a tela, talvez porque era a primeira vez que minhas mãos pintavam algo tão complexo e íntimo. Chuvas de sentimentos que não me importava de esconder de quem quer que espreitasse à minha volta.
Bem, exceto de Harry.
Ele, e apenas ele, tinha permissão para despir minhas camadas e me virar do avesso em compasso e descompasso e seguindo ou não as milhões de sinfonias que soavam infinitamente nos canvas de minha espiritualidade de composição.
Fizera o presente perfeito, moldara-o com minhas próprias mãos. As misturas de cores mesclavam-se em estrelas e planetas e campos de pradarias e centenas de milhares de constelações. Era simples, mas muito bem trabalhado. Demorara três dias inteiros para apenas acertar as tonalidades de verde, roxo e azul, e cronometrara mais outros três para arrumar o formato das figuras que se entrelaçavam e giravam e se multiplicavam como se não tivessem fim.
Flores, lágrimas, colônias intermináveis de borboletas e extensos cardumes de peixes de marfim; tudo num quadro multicolorido, bonito, as bordas encrustadas em cetim. Era preto e branco, e era de todas as cores, e quase que retratava meu coração mesmo que sem realmente seguir o formato de um. Esperava muito que Harry gostasse, e que conseguisse enxergar nele a beleza que meus olhos viam por horas e horas sem ao menos piscar.
Isso porque, às vezes, Harry não entendia. Não entendia certas coisas que eu achava que eram absolutamente maravilhosas porque olhava-se no espelho e via nada senão um garoto magro de cabelos negros e óculos, e um destino que os outros estavam cansados de comentar. Então, em meio à todas aquelas ondas e oscilações de sentimentos impossíveis de descrever, prometi a mim mesma que o faria abrir os olhos e perceber o quanto era lindo. O quanto brilhava diante de minha vista, o quanto era o bastante. Que era a personificação do amor em forma de gente, e que um eu amo você significava muito, muito, muito. Demais, muito mais que as bordas infinitas de seus olhos verdes de oceano que, ao meu ver, esbanjavam todas as cores do arco-íris, como se fôssemos ao infinito e além, para depois do fim do universo ao alvorecer.
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𝐌𝐀𝐒𝐓𝐄𝐑𝐏𝐈𝐄𝐂𝐄, harry potter
Fanfic𝐚𝐫𝐭𝐞. substantivo feminino ? १ 𝐢. produção consciente de obras, formas ou objetos voltada para a concretização de um 𝐢𝐝𝐞𝐚𝐥 𝐝𝐞 𝐛𝐞𝐥𝐞𝐳𝐚 e harmonia ou para a expressão da subjetividade humana. 𝐢𝐢. forma de agir; maneira, jeito. 𝐢𝐢�...