𝐘𝟕: September 1st

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No dia seguinte, ao descermos para tomar café, Harry me parou, segurando minha mão, em frente a uma porta.

— Que foi?

— Olhe — disse, apontando para a sigla que fora entalhada na madeira. R.A.B.

Meus olhos iluminaram-se com a percepção.

— Como não notamos antes?! — falei, abismada. — R.A.B. refere-se a meu tio, Regulus Arcturus Black.

— É por isso que te era familiar.

— Exatamente — concordei. — Hazz, você é perfeito mesmo sem querer, sabia? Vem, temos que falar com o Ron e com a Mione.

Na cozinha, minha amiga preparava nosso café. Como havia mantimentos na dispensa do Largo, não precisamos nos preocupar com usar o pouco que guardei na bolsinha de contas de Hermione.

Peguei uma xícara num armário e passei a enchê-la de chá. Minha cabeça doía, devido à noite anterior, então decidi pegar leve com o que colocava para dentro do meu organismo.

Ao me verem, Ron e Hermione pararam o que estavam fazendo para verificar se eu estava me recuperando.

— Você nos deu um susto e tanto — disse Mione, aliviada. — Harry quase teve um ataque de pânico.

— Estou bem agora. Ele cuidou de mim — respondi, trocando um olhar significativo com ele, que me deu um sorrisinho fofo.

Sentei-me ao seu lado. Harry me passou um prato de pequenos sanduíches naturais, com cenoura e queijo brie. Aceitei-os de bom grado, percebendo, com surpresa, que estava com fome.

Conforme comíamos, Harry foi contando de sua conversa com Doge, amigo de infância de Dumbledore. Eles se encontraram no casamento e falaram um pouco sobre o passado do ex-diretor de Hogwarts.

Aparentemente, Ariana, irmã de Dumbledore, não frequentou quaisquer escolas de magia porque era uma bruxa abortada (nasceu sem poderes). Havia rumores de que passou a vida mantida trancada no porão da próprio casa, e havia os que diziam que, após o falecimento da mãe, Aberforth Dumbledore quebrou o nariz de Alvo. Por quê? Uns comentavam que tinha enlouquecido; outros, que culpava o irmão pela morte de Ariana.

Então, Harry tocou no assunto de R.A.B. outra vez, mencionando a plaquinha que vimos numa das portas da casa.

— Vocês acham que Regulus destruiu o verdadeiro medalhão, então? — perguntou Hermione, após termos contado o que descobrimos.

— Não sei — respondi com sinceridade. — Papai costumava dizer que ele morreu há muitos anos.

— Como?

— Não sei. Alistou-se para o exército de Voldemort — falei. — Confesso que isso me intriga.

— Por quê? Você não esperava?

— Não é isso — falei, apreensiva. Eu não sabia como meus amigos reagiriam quando eu contasse, então andei evitando. Mas chegara o momento. — Sonhei com meu tio, no início do verão. Regulus tentou falar comigo.

— Sobre o quê? — quis saber Hermione, curiosa.

— Não entendi direito, mas falou que eu o conhecia, e que nos encontraríamos em breve. Não necessariamente na vida real — expliquei. — Acho que ele espera que eu morra, para que conversemos num túmulo compartilhado.

— Credo — disse Ron, fazendo uma careta.

Harry mordeu o lábio, pensativo, e balançou a cabeça.

— Andei pensando — falou. — Monstro era bem próximo de Regulus, não era? E se chamarmos ele aqui? Talvez saiba de alguma coisa.

— Bem, há lógica nesse pensamento — concordou Hermione. — Mas Harry, se formos fazer isso, não haverá volta. Monstro terá de ficar. Não sabemos até que ponto ele iria, para quais pessoas abriria a boca... Convenhamos, Monstro nunca foi seu fã número um.

𝐌𝐀𝐒𝐓𝐄𝐑𝐏𝐈𝐄𝐂𝐄, harry potterOnde histórias criam vida. Descubra agora