𝐘𝟔: Slug Club

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Segunda à noite, quando Harry voltou de sua reunião com Dumbledore, eu estava pintando. Fazia um tempo desde que tinha feito isso pela última vez.

Meu projeto consistia numa paisagem montanhosa durante os primeiros raios do nascer do sol, tingindo o céu com tons suaves de rosa, lilás, amarelo e azul. Para os detalhes, como folhas e pequenos galhos, usei um pincel bem pequeno e fino, mergulhando sua ponta em tinta cor de sépia; e para o brilho dos córregos por entre as cadeias montanhosas, usei uma tinta transparente especial que papai trouxera de uma de suas viagens a trabalho. Eu quase nunca a usava porque era de um material muito difícil de encontrar, mas a pintura estava praticamente implorando por pequenos toques finais.

Meus cabelos estavam presos para que nenhum fio caísse sobre meu rosto, e meus dedos manchados com a tinta já seca denunciavam que eu passara o dia inteiro naquela atividade, sem me preocupar com estudar, descansar ou comer.

Faltei à todas as minhas aulas porque não estava me sentindo disposta o suficiente para levantar da cama, então a única coisa que tinha ingerido fora um sanduíche, pela manhã, trazido por Hermione. Ela não me repreendera como achei que faria, mas me aconselhara a sair do quarto no momento em que meu corpo atingisse certo pico de energia. Entretanto, quando isso aconteceu, senti uma vontade gigantesca de pintar um quadro, e passei as últimas horas do dia preenchendo os canvas em branco da maior tela que eu tinha.

Confesso que eu não me arrependia. Era bom passar um tempo sozinha, pintando, como quando vivenciávamos tempos menos sombrios.

— Trouxe uma refeição decente para você — disse Harry, entrando no quarto. Tomei um susto, mas consegui não borrar a pintura.

— Obrigada.

Ouvi-o aproximar-se. O som de uma bandeja sendo posta sobre uma mesa fez-se presente, depois o baralho de sapatos sendo retirados. Não virei-me para olhar porque estava concentrada em minha arte, dessa vez mergulhando o pincel num copo com água e limpando as cerdas, deixando-o pronto para ser usado em outra cor.

Senti as mãos firmes e reconfortantes de Harry em minha barriga, abraçando-me por trás. Ele beijou minha nuca e pressionou sua bochecha contra a minha, fazendo-me sorrir. Eu pintava, agora, pequenos girassóis nas margens do riacho.

— Você se superou dessa vez, meu amor — disse ele. — Está ficando lindo.

— Obrigada — ri. — Por algum motivo, essas montanhas me lembram daquele dia em que fizemos donuts, nas férias.

— Isso não faz sentido, S/A.

Ri de novo. Pintar realmente me deixava mais alegre.

— Eu sei. É que estou com fome.

Harry me deu outro beijo, dessa vez em minha bochecha, e depois gentilmente me fez descansar o pincel dentro do pote com água.

— Bem, sorte sua que consigo ler seus pensamentos, porque trouxe donuts para comermos enquanto te conto sobre minha conversa com Dumbledore.

— Sério? — virei-me para ele, olhando em seus olhos.

— Sério — Harry sorriu. — Mas antes você vai comer o spaghetti alla puttanesca que preparei para você. Não pode simplesmente se entupir de doce.

Ergui as sobrancelhas.

— Andou treinando seu italiano?

— Mais alguns meses de prática e serei fluente — disse meu namorado, orgulhoso. — Você vai me ensinar latim depois, não vai?

— Talvez — brinquei.

Harry revirou os olhos com um meio-sorriso no rosto.

— Por que quer aprender latim, Hazz?

𝐌𝐀𝐒𝐓𝐄𝐑𝐏𝐈𝐄𝐂𝐄, harry potterOnde histórias criam vida. Descubra agora