𝐘𝟓: The New Seeker

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Conversei com Harry e Gabriella sobre meus possíveis poderes místicos que em tese se manifestariam depois que meu Patrono foi revelado, e sonhei com a Morte desde então.

Foi uma experiência estranha, inusitada. Como se durante todo aquele tempo algo que estava dormente houvesse despertado. Os sonhos vieram sem nexo, todos eles relativamente semelhantes porque continham um vulto encapuzado encarando-me enquanto dizia que tudo tem um preço, ou algo do gênero. Hermione disse que provavelmente significava que eu prestara atenção demais nas histórias de Gabriella, e que o boato circulava mesmo antes de Hogwarts ser fundada.

Segundo ela, não queria dizer nada.

Fora isso, Ron e eu fizemos as pazes no dia seguinte ao nosso pequeno desentendimento, mas a felicidade durou muito pouco. Após a saída triunfal de Dumbledore da escola (Harry me explicou que o ministro o havia sentenciado a um período de seis meses em Azkaban, mas, como o diretor não tinha a intenção de ser preso, desapareceu juntamente à Fawkes, a fênix, que voou até ele e pegou fogo no momento em que ambos se teletransportaram para longe), Umbridge tornou-se diretora e começou a implantar um milhão de regras sem sentido algum, começando pelo corte de vias comunicativas e de acesso às lareiras. Ou seja: não tínhamos como falar com papai sobre assuntos da Ordem sem sermos vistos ou ouvidos.

A pior parte era o decreto de que meninos e meninas tinham que ficar há, no mínimo, meio metro de distância um do outro, o que significava que meus momentos com Harry diminuíram bastante. Até mesmo durante as aulas tínhamos que ficar longe (não, também não podíamos compartilhar a mesa), então nossa salvação era aquele nosso contato telepático que agora era usado mais do que nunca.

Confesso que estávamos ficando muito bons nisso. Conseguíamos nos comunicar quase sempre que queríamos, e quando não funcionava nos falávamos no dormitório de Harry, praticamente o único lugar em que podíamos ficar verdadeiramente em paz.

Então, duas semanas se passaram, e março chegou como uma brisa suave que carregava gotas de água em condensação ainda infestadas de partículas mínimas de grãos-de-pólen. Os sonhos tornaram-se quase que inexistentes, mas, quando aconteciam, Harry fazia questão de ficar acordado comigo enquanto o sono não vinha. Não vinha porque, por mais que fossem pesadelos inofensivos, me assustavam justamente devido às coisas enigmáticas não ditas que a Morte sussurrava em meu ouvido.

E quando não sonhava com escuridão, as noites traziam à tona visões de corredores cheios de bolas de cristal intermináveis seguidas de temporadas horríveis de dor de cabeça. Como se os exames que se aproximavam não fossem preocupação suficiente.

Por volta das oito ou nove da noite de uma segunda-feira especialmente quente, Hermione, Ron e eu estudávamos juntos à mesa do Salão Comunal da Grifinória quando Harry chegou. Minha melhor amiga tentava ensinar Herbologia ao garoto e eu estava ouvindo tudo como forma de revisão, mas confesso que minha mente ainda vagava sobre a redação que eu acabara de fazer e acerca dos milhares de treinamentos que antecediam a próxima partida de quadribol.

— Me diga o nome de uma planta medicinal que pode curar o efeito do olhar de um basilisco — disse Hermione.

Ron fez uma expressão de quem estava pensando.

— Não faço ideia.

— Com todo respeito, Ronald, não é possível — reclamou ela. Nesse momento, desisti de tentar estudar e encostei-me na cadeira enquanto estalava as pontas dos dedos. — Nós literalmente vivemos um período no qual foram usadas várias mandrágoras para fazer com que os nascidos trouxas deixassem de virar pedra. Inclusive eu.

— Ah, sim, mandrágoras — ele disse, e Hermione esfregou os dedos nas têmporas. — Desculpe perguntar, Mione, mas o que são mandrágoras mesmo?

Foi impossível não rir da cara que Hermione fez.

𝐌𝐀𝐒𝐓𝐄𝐑𝐏𝐈𝐄𝐂𝐄, harry potterOnde histórias criam vida. Descubra agora